Nigéria escolhe presidente sob forte esquema de segurança; atentados do Boko Haram matam 24

Com retomada contra jihadistas, Goodluck Jonathan tenta reeleição; falhas na biometria adiam eleições em estados

LAGOS – A Nigéria vota neste sábado o futuro presidencial sob um forte esquema de segurança, sofrendo com esporádicas ameaças. Preocupado com sabotagens do Boko Haram, que fez as eleições serem adiadas de fevereiro para quase abril, o país mobilizou um aparato para o primeiro pleito genuíno desde o fim da ditadura militar, em 1999. Pelo menos 24 pessoas foram mortas no Nordeste do país em atentados do grupo no sábado.

O presidente Goodluck Jonathan, apoiado por recentes avanços no combate ao grupo radical islâmico, tenta a reeleição contra o ex-general e chefe de Estado Muhammadu Buhari, que comandou o país entre 1983 e 1985. Na sexta-feira, ele anunciou a destruição do quartel-general do Boko Haram, onde o grupo proclamou seu califado.

Maiduguri, capital do estado de Borno, um dos grandes alvos do Boko Haram, não registrou incidentes ligados aos jihadistas, mas atentados ligados ao grupo em locais não informados mataram a tiros ou decapitaram ao menos 24 pessoas que iam para as urnas nos estados de Yobe e de Gombe, segundo polícia e médicos. Os agressores teriam gritado para os cidadãos se manterem longe das eleições. Nas vilas de Birin Bolawa e Birin Fulani, eles queimaram cédulas. A 200km de Maiduguri, casa foram queimadas.

Uma bomba em um carro explodiu na cidade de Edugu, no Sudeste, mas não houve feridos. Ameaças de bomba não se confirmaram, mas o site da comissão eleitoral do país (Inec) foi hackeado por um grupo que afirmava não acreditar na segurança do país. Em Lagos, a maioria das ruas estava completamente vazia: a cidade foi fechada para a eleição. O mesmo aconteceu em outros, como Abuja e Maiduguri.

Os maiores problemas, no entanto, ficaram por conta de falhas no sistema biométrico. Grande parte das 120 mil seções eleitorais sofreram com o credenciamento para a liberação do voto. O processo feito em duas etapas teve diversas falhas e acabou adiando a eleição em seções de vários estados.

O caso atingiu até Jonathan: em um episódio cômico, ele demorou 40 minutos apenas para conseguir confirmar suas digitais após o cartão eletrônico de eleitor falhar. Quatro computadores foram necessários.

— Com o meu documento e o de minha mulher, tivemos alguns problemas, mas já está tudo certo — minimizou, sorridente.

Casos de fraudes no sistema foram relatadas em diferentes estados, mas a comissão responsável disse que eles foram minimizados e não afetarão o pleito.

CORRUPÇÃO, VIOLÊNCIA E PASSADO GOLPISTA

A votação pode durar até domingo, já que as urnas só fecham em definitivo quando o último eleitor credenciado votar. Pouco mais de 56 milhões de pessoas estão habilitadas, mas o índice de abstenção é alto.

O governo de Jonathan começou em 2010 e foi marcado por casos de corrupção na esfera pública, além de coincidir com o crescimento do radicalismo islâmico do Boko Haram. Apenas em 2014, mais de 10 mil pessoas morreram devido aos conflitos no Nordeste do país, além dos atentados promovidos pelos extremistas.

Aos 72 anos, Muhammadu Buhari foi um dos líderes do golpe que derrubou o presidente Shehu Shagari. Ele governou o país como chefe de Estado entre dezembro de 1983 e setembro de 1985, quando foi deposto por um outro golpe. Desde então, concorreu democraticamente e perdeu três eleições para a presidência.

Outros 12 candidatos de menor expressão também disputam a votação.

http://oglobo.globo.com/mundo/nigeria-escolhe-presidente-sob-forte-esquema-de-seguranca-atentados-do-boko-haram-matam-24-15725060

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