Nigéria tem a semana mais violenta desde posse de novo presidente

ABUJA — Com quase 200 pessoas mortas pelo Boko Haram nas últimas 36 horas, a Nigéria teve a semana mais violenta desde a posse do novo presidente Muhammadu Buhari. Depois de dois dias de ataques a aldeias, militantes cortaram a garganta de 11 supostos traidores na madrugada desta sexta-feira, nos primeiros relatos de deserção do grupo extremista islâmico nigeriano. Buhari, que assumiu em 29 de maio, condenou os recentes ataques, chamando-os de atos desumanos e bárbaros.

Os militantes chegaram antes do amanhecer e foram de porta em porta no nordeste da cidade Miringa, onde mataram “traidores” durante as orações, por fugirem do recrutamento forçado do grupo armado, contou o morador Mohammad Kimba.

A onda de ataques, que começou na quarta-feira, atingiu várias aldeias no estado de Borno (nordeste), o epicentro da insurgência islâmica, agora filiada ao grupo Estado Islâmico (EI). Durante o mês sagrado do Ramadã, o EI exortou militantes a intensificarem os ataques.

Nesta sexta-feira, uma adolescente de cerca de 15 anos matou 12 pessoas ao se explodir em uma mesquita em Malari, fora da cidade de Maiduguri, capital de Borno. Na véspera, uma mulher e uma menina também se explodiram matando 13 pessoas em um mercado lotado e em um posto de controle militar na mesma cidade, de acordo com a guarda de segurança Abba Shehu.

Enquanto as pessoas estavam na mesquita para as orações, ela correu para dentro e se explodiu — contou o segurança Danlami Ajaokuta.

O atentado ainda não foi reivindicado, mas o método corresponde às ações do Boko Haram, que já usou inúmeras vezes meninas como bombas humanas.

Nesta tarde, ao menos 29 pessoas foram mortas em ataque na cidade de Mussa. De acordo com um balanço da agência AFP, os massacres cometidos pelo grupo fizeram 423 mortos desde a ascensão ao poder do novo presidente.

O MAIS MORTAL

No ataque mais mortal, os militantes alvejaram várias mesquitas em Kukawa na quarta-feira, matando a tiros cerca de cem fiéis durante as orações. Mulheres também foram abatidas em suas casas em Kukawa, cerca de 180 quilômetros a nordeste de Maiduguri.

Menos de duas horas depois, a cerca de 50 km de distância, perto da cidade de Monguno, 48 outros fiéis reunidos para a oração da noite onde foram fuzilados, enquanto duas aldeias foram completamente arrasadas.

Os militantes, que querem impor a sua versão estrita da sharia (lei islâmica) em toda a Nigéria, muitas vezes atacam mesquitas onde clérigos pregam contra seu extremismo, além de igrejas. Muitos muçulmanos estão entre um número estimado de 13 mil pessoas mortas nos seis anos de levante islâmico. Cerca de 1,5 milhões de pessoas foi expulsas de suas casas.

O Boko Haram assumiu uma grande área do Nordeste da Nigéria no ano passado e intensificou ofensivas na fronteira. Um Exército multinacional da Nigéria e seus vizinhos expulsaram militantes de algumas cidades, mas bombardeios e ataques a aldeias estão aumentando.

Segundo o presidente Buhari, que fez da luta contra a Boko Haram sua prioridade, os recentes ataques reforçam a necessidade de acelerar a mobilização completa do Exército multinacional.

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