Três ataques ocorreram em 24 horas, na primeira grande ofensiva desde que Mansour assumiu liderança do Talibã.
CABUL — Uma série de atentados a bomba atingiu nesta sexta-feira a capital afegã em menos de 24 horas, matando pelo menos 35 pessoas. Entre os alvos, estavam uma academia de polícia, uma área residencial e outra região perto do aeroporto de Cabul. Essa é considerada a primeira ofensiva de grande porte na cidade desde que o mulá Akhtar Mansour assumiu a liderança do Talibã, na semana passada, substituindo o líder histórico dos insurgentes, o falecido mulá Omar.
O ataque mais mortal ocorreu quando um terrorista suicida vestido de policial detonou os explosivo na porta de uma academia de polícia. Segundo fontes, os agentes estavam retornando de uma pausa quando a explosão ocorreu. O atentado, que deixou pelo menos 20 mortos e cerca de 25 pessoas ficaram feridas, foi o único reivindicado pelo Talibã.
Perto do aeroporto da capital afegã, explosões e disparos foram ouvidos, disseram fontes de segurança, tendo como alvo uma área perto de bases da coalizão e prédios do governo. Mesmo depois da chegada de jatos da Otan, a troca de tiros continuou.
Um outro ataque ocorreu de madrugada em uma área residencial de Cabul, quando um caminhão-bomba matou 15 pessoas e deixou 240 feridas. A explosão atingiu muitas casas, destruiu um mercado de frutas e criou uma enorme cratera de dez metros de profundidade no bairro residencial de Shá Shaheed, perto de um complexo do governo e de uma base militar.
Não está claro se esses eram os verdadeiros alvos da bomba, nem como os militantes conseguiram colocar grandes quantidades de explosivos dentro de um caminhão em uma cidade fortemente vigiada.
O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, condenou esse último ataque, ressaltando que ele mostra o desespero dos insurgentes afegãos. Ghani visitou vários feridos em um hospital administrado pela ONG italiana Emergency, segundo a nota da Presidência.
Os atentados ocorrem em meio a uma onda de ataques de grande porte cometidos pelos talibãs. Desde a saída da Otan do Afeganistão, em dezembro, a polícia e o Exército estão sozinhos diante da insurreição, presente em quase todo o país.
Em 2015, 1.592 civis morreram e outros 3.329 ficaram feridos em atos violentos, segundo a missão da ONU no Afeganistão. A violência cresceu principalmente para mulheres e crianças.
Após o fim da missão de combate da Otan, as forças do governo afegão estão lutando com menos poder aéreo e apoio material. Como resultado, o conflito se aproximou de áreas residenciais, onde as partes combatem com armas indiscriminadas como morteiros, foguetes e granadas.
A nomeação de Akhtar Mansour e as disputas internas trouxeram incertezas sobre as negociações de paz entre o grupo e o governo afegão. Uma parte dos talibãs, incluindo a família do mulá Omar, se nega a reconhecer o novo chefe, acusado de proximidade com o Paquistão, e denuncia uma sucessão muito rápida.
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