Autoridades da Arábia Saudita têm se irritado porque todo mundo continua sugerindo que eles são qualquer coisa como o Estado islâmico. Claro, eles dizem, talvez algumas das leis podem ser semelhantes às punições da organização extremista, mas o reino saudita é um Estado soberano que respeita o Estado de direito e usa essas punições com discrição.
Agora, relatos na imprensa saudita sugerem que as autoridades têm uma nova tática para aqueles que os comparar com o Estado Islâmico: levá-los a tribunal. De acordo com um relatório no jornal pró-governo Al Riyadh, o Ministério da Justiça saudita está planejando processar um usuário do Twitter que sugeriu que uma sentença de morte proferida recentemente a um artista palestino por apostasia era como do ISIS.
“Questionar a justiça dos tribunais é a questionar a justiça do Reino e seu sistema judicial baseado na lei islâmica, que garante os direitos e garante dignidade humana”, uma fonte do Ministério da Justiça disse ao jornal, de acordo com uma tradução feita pela Reuters. O ministério não hesitaria em processar “qualquer mídia que calunie o Judiciário religioso do Reino”, acrescentou a fonte.
Não está claro quem é o usuário do Twitter em questão, apesar de seus comentários se rererirem ao caso de Ashraf Fayadh. De acordo com a Human Rights Watch, documentos mostram que Fayadh foi processado por blasfêmia, espalhar o ateísmo e ter um relacionamento ilícito com as mulheres, com base em imagens encontradas em seu telefone. Depois de inicialmente ter sido condenado a 800 chicotadas e quatro anos de prisão, ele foi novamente julgado e em 17 de novembro foi condenado à morte.
O caso de Fayadh é apenas o último castigo da Arábia que desperta condenação internacional. Houve alguns sinais de que o reino saudita teria se disposto a parar ou mesmo cancelar punições que atraem condenação significativa. Raif Badawi, um escritor dissidente saudita e que foi condenado a 1.000 chicotadas por blasfêmia no ano passado, só teve 50 desses açoites administrados desde que se tornou uma causa internacional célebre, embora ele permaneça na prisão.