Segurança interna se divide entre o combate ao EI e a separatistas curdos
ISTAMBUL – Há algum tempo, explosões já não são eventos raros na Turquia. Considerado durante muito tempo um bastião de estabilidade entre a Europa e o Oriente Médio, o país entrou em um período de alta tensão se dividindo entre o conflito contra a guerrilha separatista do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em curdo), no Leste do país, e a luta para evitar que a violência da guerra civil na Síria atravesse as fronteira. O Estado Islâmico (EI) apontado pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, como possível realizador do atentado de ontem, também estevePOR trás do ataque em Ancara, em outubro do ano passado, considerado o mais letal da História moderna da Turquia, que deixou 103 mortos e mais de 400 feridos.
Apesar de realizarem ataques em diferentes partes do país, tanto o EI quanto grupos curdos como Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK, na sigla em curdo), uma dissidência do PKK, cada vez mais concentram suas forças nas grandes cidades do país, Ancara e Istambul, onde até então a violência era restrita a escritórios partidários, em especial os das legendas esquerdistas e os do Partido Democrático do Povo (HDP, na sigla em turco), de orientação pró-curda, muitas vezes com a participação de grupos nacionalistas.
O Partido da Frente de Libertação Popular Revolucionária (DHKP/C, na sigla em turco), guerrilha de extrema-esquerda banida do cenário político, também realiza ataques periódicos contra policiais e embaixadas de nações ocidentais.
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A proximidade com a Síria transformou a Turquia no principal destino de combatentes que se juntavam ao EI, e o país recebeu críticas pela porosidade de suas fronteiras. O PKK acusou Ancara de ignorar deliberadamente ameaças extremistas, enquanto o grupo jihadista condenou o governo turco, classificando-o como “apóstata e alinhado com os cruzados”, prometendo, em suas publicações digitais, “conquistar Istambul”.
Efeitos são sentidos no turismo
Além das tensões com a Rússia, que afastaram um dos principais grupos de turistas que vistavam o país, os atentados foram um duro golpe contra o turismo, setor responsávelPOR cerca de 11% do PIB turco. Dados do primeiro trimestre apontam uma queda de 6,44% em relação a 2015, e a procura por hotéis no país diminuindo em até 70%. Segundo a BBC, a retração no setor pode chegar a 40% em 2016. Embora o país ainda atraia milhões de turistas anualmente, a França exortou seus cidadãos a “serem mais vigilantes” em pontos turísticos, enquanto o Reino Unido alertou para a possibilidade de “novos ataques que podem acontecer de maneira indiscriminada e afetar locais visitados por estrangeiros”.
A onda de ataques deixou até mesmo os próprios cidadãos turcos com medo de frequentar grandes espaços abertos e locais como shopping centers.
— Estamos vendo uma intensificação cada vez maior da violência — afirma Menderes Cinar, professor da Universidade Baskent, em Ancara.
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