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Fome no Iêmen está prestes a ser a mais grave do mundo em 100 anos

Ao menos 22 milhões de pessoas dependem atualmente de ajuda humanitária para sobreviver no Iêmen, em guerra civil desde 2015

Iêmen, país que vive três anos de uma violenta guerra civil, está prestes a se tornar a maior crise de fome no planeta em cem anos, se os bombardeios da coalizão liderada pela Arábia Saudita, e que tem o apoio dos Estados Unidos, Reino Unido e França. O alerta veio da Organização das Nações Unidas no início desta semana. De acordo com estimativas recentes da entidade, 18 milhões de pessoas vivem em “insegurança alimentar”.

Lise Grande, diretora de ajuda humanitária da ONU no país,  prevê que a fome possa se alastrar pelo Iêmen nos próximos três meses. Atualmente, cerca de 13 milhões de pessoas estão ameaçadas de carência alimentar. “Muitos acreditavam ser inimaginável que em pleno século 21 veríamos uma crise de fome como na Etiópia e em partes da União Soviética”, disse ela em entrevista à rede de notícias BBC e repercutida pelo jornal britânico The Guardian.

Guerra no Iêmen

Um dos países mais pobres do mundo, o Iêmen está em conflito desde idos de 2015, quando rebeldes huthis se levantaram contra o presidente iemenita Abedrabbo Mansour Hadi. A guerra civil se agravou na medida em que os diferentes lados passaram a ser apoiados por diferentes potências militares em 2015. Do lado dos huthis, que conseguiram se consolidar e controlar grandes territórios no país (a capital Sana, inclusive), está o Irã e do lado do governo, que ganhou reconhecimento internacional, a coalizão saudita.

Os efeitos desse conflito na população civil têm sido devastadores. O país sofre uma série de sanções que vêm dificultando o acesso à ajuda humanitária nas áreas emergenciais, vive uma onda de recrutamento de crianças para servirem como soldados. Desde 2015, ao menos 10 mil pessoas foram mortas no conflito, 2.200 delas crianças, e 22 milhões dependem de assistência de organizações não governamentais para sobreviver.

A coalizão saudita é frequentemente acusada pelos rebeldes de engajar em bombardeios e ataques que causam fatalidades civis. Como resultado, o Conselho de Direitos Humanos da ONU começou a investigar possíveis crimes de guerra no Iêmen. Embora reconheça que as ações da coalizão são as que mais afetaram civis, o órgão nota que os rebeldes também são potencialmente culpados por esses crimes.

Com imagem e informações Exame

Arábia Saudita condena à decapitação um deficiente por ter participado de protesto pacífico

By Paul Antonopoulos –

Munir al-Adam, de 23 anos, foi condenado à morte por supostos “ataques à polícia” durante os protestos na província oriental predominantemente xiita da Arábia Saudita no final de 2011.

Al-Adam é parcialmente cego e já era parcialmente surdo no momento em que as forças sauditas o prenderam, no entanto, ele está agora completamente surdo em um ouvido por causa da brutalidade policial enquanto estava sob custódia.

A família de Al-Adão diz que sua confissão de qualquer crime foi extraída sob tortura.

“O caso terrível de Munir Adam ilustra como as autoridades sauditas estão muito felizes em submeter as pessoas mais vulneráveis à espada do espadachim – incluindo jovens e pessoas com deficiência”, disse o diretor da equipe de Penalty, Maya Foa, de Reprieve.

“Como tantos outros, Munir foi preso por supostamente participar de protestos e foi torturado em uma ‘confissão’ – ele foi tão espancado que perdeu a audição. É um escândalo que Munir agora enfrente decapitação com base em uma declaração falsa já retratada”, acrescentou.

A Arábia Saudita foi recentemente reeleita para o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.

https://www.almasdarnews.com/article/saudi-arabia-behead-disabled-man-peacefully-protested/

O iemenita que perdeu 27 pessoas de sua família em um bombardeio aéreo

A guerra no Iêmen tinha começado havia apenas dois meses quando Abdullah al-Ibbi foi fazer uma refeição com suas duas esposas, filhos e netos.

Naquele momento, sua casa foi atingida por um bombardeio aéreo, que matou 27 membros de três gerações de sua família.

Al-Ibbi sobreviveu e ficou sabendo das mortes apenas seis semanas depois, quando acordou em uma cama de hospital.

“Se eu não temesse a Deus, teria cometido suicídio naquela hora. Teria pulado de um prédio… mas Deus me deu paciência”, lembra o iemenita.

A família vivia na região de Saada, que é reduto dos rebeldes Houthi. A área foi alvo de muitos ataques da coalizão liderada pela Arábia Saudita, que apoia o presidente iemenita exilado Abdrabbuh Mansour Hadi.

A casa foi atingida por volta da meia-noite, lembra Al-Ibbi.

As equipes de resgate e escavadeiras trabalharam até a manhã para retirar os corpos presos sob os destroços. Entre os mortos estavam 17 crianças – a mais nova, uma neta do iemenita, tinha apenas um mês de idade.

Além dele, três filhos adultos sobreviveram.

As crianças mortasImage copyrightAYMAN AL-IBBI
Image captionAs crianças que morreram no ataque (da esq. para dir.): Iman, Ibrahim, Mona, Yaaqoub, Zakariya; Ishaaq (centro) e Ismail (centro à frente)
Ismail, filho de al-IbbiImage copyrightAYMAN AL-IBBI
Image captionIsmail, o filho mais novo de al-Ibbi, tinha apenas dois anos

Desde que a guerra no Iêmen começou, no início de 2015, os civis foram os mais atingidos.

Já são mais de 4 mil mortos, a maioria deles nos ataques aéreos liderados pelos sauditas, segundo dados da ONU.

Memórias

Abdullah al-Ibbi passa a maior parte de seu tempo em um quarto na mesquita onde vive agora.

Lá, fica ansioso pelas visitas dos filhos, que vivem em outras partes da cidade.

As noites são mais difíceis – ele teve ferimentos na cabeça e na mandíbula e precisa de um tratamento que não existe em Saada.

Mas não são apenas os problemas físicos que fazem o iemenita perder o sono – há também as memórias da vida antes da tragédia.

Destroços da casaImage copyrightAYMAN AL-IBBI
Image captionA casa da família foi totalmente destruída

“Às vezes eu durmo duas, três horas e então acordo e fico até de manhã… lembro dos filhos e da minha casa”, explicou.

“Nossa vida era humilde, mas tranquila. Era uma boa vida, éramos felizes… perdemos tudo.”

Al-Ibbi cresceu na província de Ibb, região central do Iêmen, e depois se mudou para Saada. Lá, abriu duas barbearias, nas quais ele e seus filhos trabalhavam.

Yusuf, filho de Al-IbbiImage copyrightAYMAN AL-IBBI
Image captionO filho de 13 anos de al-Ibbi, Yusuf, em uma das duas barbearias da família

“Lutei e trabalhei durante anos e construí nossa casa, tijolo por tijolo.”

Futuro

Desde a tragédia, há 18 meses, a família não recebeu nenhum apoio financeiro, apesar das muitas entrevistas que concedeu e das visitas de representantes de várias organizações.

Yunus e a filha, DuaaImage copyrightAYMAN AL-IBBI
Image captionYunus, um dos filhos de Al-Ibbi, sobreviveu, mas perdeu um dos olhos; na imagem, ele está com a filha de dois anos, Duaa

Eles tiveram de pegar dinheiro emprestado para pagar o tratamento de um dos filhos de Al-Ibbi, Yunus, que passou seis meses em um hospital por causa dos ferimentos graves causados por estilhaços – e acabou perdendo um olho.

“Quero dar uma vida de volta aos meus filhos. Quero que eles vivam em suas próprias casas”, disse Al-Ibbi.

O iemenita fica perturbado quando fala dos filhos mais novos, Ismail, Ibrahim, Ishaaq e Yaaqoub, que morreram no bombardeio.

Mas o nascimento recente de um neto trouxe alegria ao que restou da família.

Ayman al-Ibbi e o filho, IsmailImage copyrightAYMAN AL-IBBI
Image captionAyman, outro filho sobrevivente de Al-Ibbi, resolveu dar o nome de Ismail ao seu filho, uma homenagem ao irmão de dois anos que morreu no bombardeio

Seu filho, Ayman, resolveu dar o nome de Ismail ao recém-nascido para homenagear ao irmão mais novo, que tinha apenas dois anos quando morreu.

Al-Ibbi falou sobre a alegria de ver o neto pela primeira vez.

“Senti como se tivesse ganhado o mundo… Senti como se Deus tivesse nos compensado por tudo o que perdemos.”

Ele diz esperar que Ismail não passe pelo mesmo que a família passou.

“Que ele não veja esta humilhação e esta guerra… Que tenha um futuro melhor.”

http://www.bbc.com/portuguese/internacional-37865863

Arábia Saudita: Cristãos são acusados por “posse de Bíblias e oração”

Faz pouco tempo que a polícia religiosa recebeu autorização do governo para deter cristãos; as leis no reino saudita são contraditórias

Recentemente, 27 cristãos de origem libanesa, entre eles mulheres e crianças, foram presos por participar de um evento religioso realizado na Arábia Saudita. A polícia religiosa invadiu suas casas, perto de Meca, e os levou para a prisão, acusando-os de “realizar orações cristãs” e por “posse de Bíblias”. Os cristãos perderam seus vistos e foram deportados para o Líbano em seguida.

A Arábia Saudita é o maior país árabe da Ásia e da Península Arábica, ocupando a 14ª posição na atual Classificação da Perseguição Religiosa. Faz pouco tempo que a polícia religiosa recebeu autorização do governo para deter cristãos. “Orar e possuir Bíblias é uma acusação absurda para turistas, já que eles têm o direito de viajar com suas Bíblias para uso pessoal. Os policiais fizeram isso com os viajantes por que as autoridades negam a existência de cristãos sauditas no país”, comenta um dos colaboradores da Portas Abertas.

As leis no Reino Saudita são contraditórias. Por um lado, o governo reconhece o direito dos não-muçulmanos de adorar em particular, mas por outro lado, a polícia religiosa, muitas vezes, não respeita esse direito. Como a lei não está formalmente codificada, a situação jurídica da prática religiosa privada permanece confusa, o que torna a situação dos cristãos muito delicada, como ilutrou esse incidente. Ore por essa nação.

https://www.portasabertas.org.br/noticias/2016/10/cristaos-sao-acusados-por-posse-de-biblias-e-oracao

Bombardeio contra escola mata 10 crianças no Iêmen

Arábia Saudita alega que ataque foi contra campo de treinamento rebelde.

SANÁ — Ao menos 10 crianças morreram e 28 ficaram feridas em um ataque aéreo contra uma escola na cidade de Haydan, no norte do Iêmen, neste sábado. O bombardeio foi atribuído à coalizão liderada pela Arábia Saudita, que combate rebeldes xiitas hutis naquele país. A acusação foi negada por militares sauditas, que alegam terem atacado um campo de treinamento de jihadistas.

-Vimos dez crianças mortas e 28 feridas, todas menores de 15 anos, vítimas de ataques aéreos em uma escola islâmica — disse Malak Shaher, porta-voz da organização Médicos Sem Fronteiras, em entrevista à AFP.

O bombardeio também foi confirmado pela Unicef:

“Por causa da intensificação da violência no Iêmen na semana passada, a quantidade de crianças mortas ou feridas em bombardeios aéreos ou por explosões de minas aumentou de forma significativa”, lamentou o Fundo das Nações Unidas para a Infância.

A coalizão liderada pela Arábia Saudita, por sua vez, negou o bombardeio neste domingo e assegurou que o alvo da incursão foi um campo de treinamento rebelde. Em entrevista à AFP, o general saudita Ahmed al Asiri, acusou os rebeldes de “usarem crianças como recrutas”.

O militar reiterou que nenhuma escola foi atingida, e que o ataque resultou na morte do responsável pelo centro de treinamento Abu Yahya Abu Rabaa e um número não determinado de combatentes rebeldes.

— Estivemos em contato com o governo e não existem escolas neste setor, é o centro de treinamento Al Huda — disse al Asiri. — Nossa pergunta é a seguinte: o que fazem crianças ali?

O Iêmen está mergulhado numa guerra civil desde que rebeldes xiitas hutis tomaram a capital Saná, em setembro de 2014. O presidente, Abd Rabbuh Mansur Hadi, vive exilado na Arábia Saudita, que o apoia com uma coalizão militar internacional. Estimativas de grupos de direitos humanos indicam que mais de 9 mil pessoas já morreram no conflito.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/bombardeio-contra-escola-mata-10-criancas-no-iemen-19919613#ixzz4HJxoA2ox
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Iémen: A guerra esquecida

Por Mohammed Shaikhibrahim

A euronews acompanhou o exército regular numa das frentes de batalha. Chegámos à província de Lahj, no sul. A partir desta região tentam chegar à capital, que está nas mãos dos rebeldes desde 2014.

Mothana Ahmed é um oficial do exército nacional. “Queremos garantir ao nosso povo que está em todo oIémen que não o vamos abandonar, vamos recuperar cada centímetro de terra e vamos continuar a progredir até à erradicação do último dos Houthis e das forças leais ao antigo presidente Ali Abdullah Saleh”, afirma Ahmed.

Em resposta à aliança de circunstância entre Houthis e o expresidente Saleh, a coligação árabe liderada pela Arábia Saudita passou a apoiar as tropas regulares.
Os ataques aéreos, a chamada “Operação Tempestade Decisiva”, começaram a 25 de março de 2015.

E foi através destes raides que o exército conseguiu recuperar o controlo de Aden.
A cidade no sul do país tem uma enorme importância estratégica nesta guerra.
Está muito próxima do estreito de Bad al-Mandeb, o principal ponto de passagem dos navios internacionais.

O governador de Aden, Adrous al Zoubaidi garante que “estamos prontos para libertar todas as cidades do Iémen que estão nas mãos dos Houthis, com todos os meios à nossa disposição, legais, pacíficos e militares. Estamos prontos a libertar a honra e a religião das mãos dos Houthis porque são um grupo rebelde que se afasta do consenso do povo iemenita e das suas tradições, com o apoio externo do Irão”.

No meio deste caos há ainda um terceiro grande protagonista.
A Al-Qaeda tem uma forte presença também nas cidades do sul do país.
O grupo extremista é responsável por vários atentados que visam, sobretudo, os soldados fiéis ao presidente eleito Abed Rabbo Mansour Hadi.

Sana, a capital nas mãos dos rebeldes

Seguimos para o centro, até à capital Sana, controlada pelos Houthis desde 21 de setembro de 2014. Um controlo total apoiado por dezenas de milhares de combatentes do grupo Ansar Allah. Foi adotada uma espécie de nova constituição que fez do Comité Revolucionário, liderado por Mohammed Ali al-Houthi, a mais alta autoridade.

“Estamos dispostos a lutar até ao fim, até à independência total do nosso país, libertá-lo de toda a ingerência estrangeira, de forma a vencer os invasores da nossa terra. Mas quem são os derrotados desta guerra? Os derrotados são os filhos dos povos árabes e muçulmanos. No sul, os nossos inimigos estão a dar apoio a grupos terroristas enquanto fingem que os estão a combater”, garante Mohammed Ali al-Houthi.

Os Houthis têm um enorme apoio em Sana e conseguiram a difícil tarefa de juntar as mais importantes tribos, ou seja, o coração da sociedade iemenita. Além disso, muitos chefes militares juntaram-se ao movimento.

O líder do Comité Revolucionário acredita “a Arábia Saudita não entrou nesta guerra por vontade própria: recebeu ordens para liderar esta guerra. Acreditamos são os Estados Unidos que a estão a controlar. São eles que coordenam as operações militares, que definem os alvos a ser bombardeados pelos aviões.”

Os Houthis regem-se por vários slogans: “Morte a Israel. Morte aos americanos e aos amaldiçoados que apoiam os judeus. De acordo com vários relatórios, o movimento também conta com ajuda dos libaneses do Hezbollah.
A nível militar, grande parte dos meios são fornecidos pelas forças fiéis ao antigo presidente Ali Abdullah Saleh. Apesar de ter sido deposto após a revolução de 2011, continua ser uma das principais figuras do país.

Mas as dúvidas são muitas. Um habitante de Sana pergunta porque “tanta destruição…Porque apareceu esta revolta na sociedade do Iémen? Quais são os objetivos desta revolta? E onde nos vai levar? Estes ataques destruiram completamente o país. Até agora não tivemos nada de positivo. Esta agressão liderada pela Arábia Saudita contra nós é injusta. Poderiamos dar uma resposta mais forte mas a grande questão é: porque é que lutamos uns contra os outros?”

Saada, o berço movimento Houthi

A nossa viagem pelo Iémen continua em direção a Saada.
No extremo norte do país, foi nesta cidade que nasceu o movimento Ansar Allah, foi daqui que sairam os primeiros Houthis. Saada foi palco de várias guerras durante o antigo regime.
E agora, mais uma vez, volta a estar no centro de um conflito. Os efeitos da guerra são visíveis em todos os cantos e esquinas da cidade.

O enviado da euronews ao Iémen, Mohamed Shaikhibrahim lembra que “Saada tem um papel muito importante. Para além de ser o principal bastião do movimento Ansar Allah, é uma das cidades mais próximas da fronteira com a Arábia Saudita, o que a torna numa das zonas mais afetadas pelos combates”.

Aqui o nível de simpatia e apoio aos Houthis aumentou nos últimos anos por causa do cerco e destruição a que a cidade foi sujeita ao longo de todos estes anos de conflito.
Um morador da região garante que “o Iémen tem homens fortes e o Iémen vai ser um cemitério para os invasores. Não vamos permitir que avancem para dentro das nossas fronteiras. Vão ser derrotados nesta guerra”.

A Arábia Saudita acusa os Houthis de violar as fronteiras e bombardear as cidades fronteiriças, para além de ocupar os postos de controlo sauditas. Acusações negadas pelos Houthis que garantem que apenas se estão a defender dos bombardeamentose ataques a milhares de civis.

Rasha Mohamed, investigadora da Amnistia Internacional afirma que “todas as partes estão a cometer crimes de guerra: tanto a coligação, como os Houthis, como os grupos anti-Houthis que estão a lutar no terreno. Fomos a todas as regiões, temos dados de ataques no terreno realizados por grupos armados em Aden e em Taiz. Somos obrigados a dizer que nesta altura todas as partes envolvidas cometeram crimes de guerra e devem ser condenados imediatamente pela comunidade internacional”.
De acordo com relatórios de vários organismos internacionais, nomeadamente da Human Rights Watch ou a Amnistia Internacional, entre os arsenais estão bombas de fragmentação que foram largadas em áreas residenciais, provocando a morte e ferimentos em centenas de civis.

Iémen: O paraíso para os negociantes de armas

No Iémen qualquer cidadão comum pode ter uma arma, quase todo o tipo de armas.
Algumas são interditas pelas leis internacionais em zonas habitadas. De acordo com os mesmos documentos, a quantidade de bombas e mísseis que atingiram as diferentes regiões do Iémen não estão de acordo com chamados os princípios de proporcionalidade e de prevenção, princípios que fazem parte das regras da guerra entre as nações.

O enviado da euronews ao Iémen, Mohamed Shaikhibrahim explica que “de acordo com as autoridades locais, os especialistas iemenitas têm muitas dificuldades para lidar com os mísseis e bombas, especialmente com as bombas de fragmentação. O trabalho de desminagem e desarmamento dos engenhos exige equipamentos especiais, que não existem no país por causa do bloqueio a que o Iémen está sujeito”.

Os Houthis acusam a Arábia Saudita e os países da coligação de utilizar vários tipos de armas internacionalmente interditas contra civis e exigem que seja feito uma investigação internacional. O general Yahya al Houthi garante que “entre as bombas utilizadas encontrámos algumas de origem britânica outras francesas, mas a maioria vem dos Estados Unidos. O que foi largado no Iémen, sobretudo na província de Marib, são bombas químicas, bombas de fósforo branco para além de bombas de fragmentação”.

Sempre acompanhados por elementos do grupo Ansar Allah, visitámos uma das montanhas que circundam a capital Sana. Os rebeldes garantem que a região de Jebel faj Attan foi atingida por bombas de neutrões e que provocaram uma enorme destruição na região.

Durante esta visita não nos foram mostradas quaisquer provas sobre a utilização deste tipo de arma de destruição em massa.

Mas o coronel Abdalillah Al Mutamayz afirma que “os especialistas identificaram o tipo de arma usada aqui e garantiram-nos que se tratou de uma bomba de neutrões uma vez que provocou muitos estragos, as montanhas transformaram-se em fragmentos perigosos e atingiu quem morava nas proximidades”.

Esta informação não foi confirmada por qualquer entidade independente e muitos especialista garantem que é impossível tratar-se de uma bomba de neutrões tendo em conta tipo de destruição.
De qualquer forma, a área atingida pela explosão ultrapassa os dois quilómetros. Quanto às vítimas, são centenas, de acordo com fontes do Ministério da Saúde.

Os relatórios divulgados pelas forças da coligação garantem que os bombardeamentos tinham como objetivo destruir depósitos de armas escondidos nas montanhas. Além disso, a força das explosões foi potenciada pelo arsenal que existia nesses depósitos dos Houthis e forças fiéis a Ali Abdullah Saleh.

Um país a morrer de fome

As consequências desta guerra, que conheceu um frágil cessar fogo que não fui nunca respeitado, para a população são devastadoras. A maior parte das cidades do Iémen foram palco de combates. O sofrimento dos civis é impossível de contabilizar e aumenta a cada dia uma vez que os bens de primeira necessidade são escassos.

Um morador da capital explica que “com o bloqueio não tenhos farinha para fazer pão, a água é racionada e não há outros alimentos. A fronteira principal foi bloqueada, a entrada da cidade de Hodeida foi fechada e não entram os navios com ajuda humanitária. As centrais eléctricas do Iémen foram destruídas”.

O Iémen já era considerado um dos países árabes mais pobres, mas guerra agravou o cenário: dos 26 milhões de iémenitas, 21 milhões vive em condições de pobreza. Entre eles 9 milhões sobrevive em condições de miséria sem nada para comer. Um outro morador garante que “há crianças que morrem por causa da seca. Não somos capazes de lhes dar nem sequer um copo de leite. Já vi crianças a morrer à fome, mulheres que abortam porque não ter o que comer. Não temos qualquer tipo de cuidados básicos”.

Muitos iemenitas atingidos por este conflito fazem manifestações semanais em frente às instalações daONU na capital para pedir ajuda e exigir a intervenção da comunidade internacional.

Al Mufti Taiz Sheikh Aqil ibn Sahl, é um dos ansiões de Sana e faz muitas perguntas :
“O que fazem as Nações Unidas pelo Iémen? O que tem feito por nós? Até agora têm sido incapazes de levantar o bloqueio e ajudar-nos com alimentos, medicamentos ou segurança. O que vamos fazer? “

Do lado da ONU há muitas justicações para esta falta de ação. Jamie McGoldrick, representante das Nações Unidas garante que “as restrições à importação de alimentos, medicamentos e combustíveis são difíceis de contornar para o público em geral mas também para nós. Além disso, fizemos um pedido à comunidade internacional de mil e 800 milhões de dólares para ajuda humanitária. Nesta altura, estamos no quinto mês do ano e recebemos apenas 16%.”

Milhares de pessoas foram obrigadas a abandonar as próprias casas. Outras tantas deixaram mesmo de ter casas. Sobrevivem nos campos de refugiados…onde não existe quase nada. De acordo com as últimas estimativas da ONU, no Iémen há quase três milhões de deslocados.

Uma refugiada entrevistada pela euronews explica que “não temos nada aqui. Não temos roupa, não temos comida, não temos água. A nossa situação é muito difícil, sofremos muito, comemos lixo, temos muitas doenças, passamos fome. Não conseguimos ir aos hospitais. Não nos resta mais nada a não ser pedir a ajuda de Deus…”

http://pt.euronews.com/2016/06/03/iemen-a-guerra-esquecida/

Líderes islâmicos mundiais procuram superar as diferenças

Conferência em Istambul com o presidente turco hospeda mais de 30 líderes, incluindo o rei saudita e presidente iraniano.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan está hospedando mais de 30 chefes de Estado e de Governo dos países islâmicos em Istambul para uma conferência destinada a superar as diferenças no mundo muçulmano.

A conferência de dois dias da Organização da Cooperação Islâmica (OIC) iniciou  às 06:30, na quinta-feira com um discurso de Erdogan.

A cúpula terminará na sexta-feira com uma conferência de imprensa realizada por Erdogan.

Entre os convidados proeminentes da reunião estão incluídos o rei saudita Salman bin Abdulaziz Al Saud e o presidente iraniano Hassan Rohani, cujos países encontram-se em lados opostos nos conflitos na Síria e Iêmen.

Turquia disse que quer usar a reunião para diminuir as diferenças entre cerca de 1,7 bilhão de muçulmanos do mundo.

No entanto, há o risco do encontro ser ofuscado por disputas sobre questões que vão desde a Síria ao Iêmen.

Ausências notáveis

Há um bloqueio de segurança em torno do local da cúpula em Istambul, a antiga capital do Império Otomano de onde os sultões otomanos durante séculos governaram muçulmanos dos Balcãs a Arábia.

Enquanto a cúpula marca um dos encontros mais importantes de chefes de Estado durante anos em Istambul, alguns líderes proeminentes, como o rei Abdullah da Jordânia e o presidente egípcio Abdel Fattah el-Sisi foram notados por sua ausência.

O risco do encontro ser ofuscado por disputas sobre questões que vão da Síria para o Iêmen [Reuters]

Relações da Turquia com o Egito ainda não foram recuperadas desde 2013 com a derrubada do presidente Mohamed Morsi, um aliado próximo da Turquia, enquanto os laços com a Jordânia estão sendo testados por diferenças sobre a Síria.

Mevlut Cavusoglu, ministro das Relações Exteriores turco, disse que a cúpula estava sendo realizada num momento em que “o mundo islâmico está passando por muitas disputas dentro de si”.

“Conflito Fratricida causa grande dor. O sectarismo divide a ummah”, disse chanceleres da OCI na terça-feira, usando o mundo árabe para a comunidade muçulmana.

“Esperamos que esta conferência pavimente o caminho para a cura de algumas feridas.”

Mas as próprias políticas da Turquia no Oriente Médio vêm enfrentando um escrutínio crítico, com vários Estados muçulmanos que apresentam objecções ao apoio de seu governo a rebeldes na Síria.

Melhores relações

A preparação para a cúpula viu uma visita de Salman a Ancara que marcou a melhoria visível nas relações entre a Turquia e Arábia Saudita desde que ele chegou ao trono em 2015.

Erdogan foi ao aeroporto Esenboga em Ancara para receber pessoalmente  Salman pessoalmente na pista e, em seguida, deu-lhe a mais alta honraria da Turquia para um líder estrangeiro.

Turquia quer usar a reunião de Istambul para diminuir as diferenças entre cerca de 1,7 bilhão de muçulmanos do mundo [EPA]

Salman desembarcou em Istambul na quarta-feira para encontrar carros à espera na pista para transportá-lo e sua delegação para o hotel pelo Bósforo.

Arábia Saudita e Turquia acreditam que a derrubada do presidente Bashar al-Assad é a chave para resolver o conflito sírio e grupos rebeldes que lutam contra o governo.

No entanto, a Turquia deve agir com cuidado em sua aliança com a Arábia Saudita, que também é esmagadoramente muçulmana sunita, por isso é vista como uma união sectária que visa principalmente Irã xiita.

Fonte:  AFP

http://www.aljazeera.com/news/2016/04/islamic-world-leaders-seek-bridge-differences-160414082230514.html

Arábia Saudita pode retirar cerca de 750 bilhões de dólares dos EUA

 

arabia
© AFP 2016/ FAYEZ NURELDINE
A razão terá sido a discussão realizada no Congresso dos EUA de um projeto que poderá levar o governo saudita a julgamento por alegada implicação nos atentados de 9/11.

A respectiva informação foi divulgada pelo jornal The New York Times nesta sexta-feira (15). De acordo com a publicação, o ministro das Relações Exteriores saudita, Adel al-Jubeir, divulgou esta posição do seu país durante a visita a Washington em março do ano corrente. O diplomata sublinhou que a decisão pode abranger diferentes ativos e títulos, avaliados em cerca de 750 bilhões de dólares. Todos eles serão vendidos caso surja ameaça de seu congelamento por parte de tribunais americanos.

A administração do presidente atual dos EUA Barack Obama tinha realizado negociações com congressistas tentando os persuadir da necessidade de rejeitar o projeto de lei. Obama argumenta tal necessidade pelas possíveis consequências diplomáticas e econômicas que tal aprovação poderá implicar.

Além disso, o ex-senador americano Bob Graham, que tinha participado na investigação da tragédia ocorrida em Nova York em 2001, juntamente com a senadora do Estado de Nova York Kirsten Gillibrand, apelou o presidente Barack Obama para tornar públicas as últimas 28 páginas do relatório preparado em 2003 pela comissão do Congresso.

De acordo com o jornal britânico Independent, estas páginas podem mostrar que altos funcionários da Arábia Saudita estiveram diretamente envolvidos nos atentados.

 

Leia mais: http://br.sputniknews.com/mundo/20160416/4176967/eua-arabia-saudita.html#ixzz45znNY1hF

http://www.iranews.com.br/arabia-saudita-pode-retirar-cerca-de-750-bilhoes-de-dolares-dos-eua/

 

Irã acusa Arábia Saudita de se opor a esforços para atenuar tensões

Mais aliados sauditas aderem a ações contra Teerã.
DUBAI — O rastilho aceso pela execução de um clérigo xiita pela Arábia Saudita, e pelo ataque a representações diplomáticas do país no Irã como retaliação, continua a espalhar a crise diplomática entre as duas nações pelo Oriente Médio e adjacências. Ontem, o Djibuti se juntou a Sudão e Bahrein na lista de países que suspenderam relações com Teerã após os ataques à embaixada saudita na capital iraniana e ao consulado na cidade de Mashhad. Já o Qatar chamou de volta o embaixador no Irã, repetindo uma ação adotada previamente pelos Emirados Árabes e pelo Kuwait, enquanto Omã classificou as invasões e incêndios das representações como “inaceitável”. Já a Jordânia convocou o embaixador iraniano para apresentar seu protesto.

A agência estatal Petra afirmou que a decisão jordaniana é decorrente da “interferência iraniana em assuntos de Estados árabes”, enquanto no Omã, a Chancelaria afirmou que o sultanato “lamenta profundamente” os ataques à embaixada e ao consulado sauditas, e destacou “a importância de estabelecer novas regras para proibir qualquer interferência em assuntos internos de outros Estados para garantir paz e estabilidade na região”.

No Irã, o presidente Hassan Rouhani exortou a Justiça a indiciar os responsáveis pelo ataque à embaixada, motivado pela execução do clérigo xiita Nimr al-Nimr pelas autoridades sauditas.

“Ao punir os responsáveis pelo ataque, devemos pôr fim de uma vez por todas aos danos e insultos à dignidade e segurança nacional do Irã”, afirmou o presidente em carta divulgada pela agência estatal de notícias Irna.

A polícia iraniana anunciou a prisão de 50 pessoas envolvidas nos ataques à embaixada. Porém, em situações semelhantes no passado, a maior parte dos detidos foi liberada pouco tempo depois sem maiores consequências. Além dos sauditas, que já haviam sofrido um ataque em 1988, Kuwait, Dinamarca, Reino Unido e EUA tiveram suas embaixadas em Teerã invadidas desde a Revolução Islâmica em 1979.

Iraque busca reparar relações

O Bahrein, reino de maioria xiita governado pelo soberano sunita Hamad bin Isa Al Khalifa, afirmou que desmantelou uma célula terrorista ligada ao Irã que pretendia realizar atentados no país após a suspensão das relações diplomáticas. Segundo a BNA, agência estatal do reino, o grupo terrorista tinha apoio da Guarda Revolucionária iraniana e da milícia xiita libanesa Hezbollah. Em 2011, durante protestos da Primavera Árabe, o Bahrein declarou estado de emergência por três meses, e contou com o apoio de forças sauditas para conter a revolta popular.

O Iraque, outro país de maioria xiita na região, se ofereceu para mediar a disputa entre Teerã e Riad, numa tentativa de evitar que o aumento das tensões sectárias comprometa a cooperação dos países no combate ao grupo extremista Estado Islâmico.

— Temos que dar fim ao agravamento das tensões e não permitir que inimigos da região e do Islã levem o Oriente Médio a uma guerra na qual todos perderiam — afirmou o chanceler iraquiano, Ibrahim al-Jaafari.

Em manifestação em Bagdá, xiitas protestam contra execução do clérigo Nimr al-Nimr na Arábia Saudita – KHALID AL MOUSILY / REUTERS

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Arábia Saudita executa líder xiita acusado de terrorismo

47 envolvidos em ataques da Al Qaeda foram mortos.
Dentre mortos está líder xiita Nimr al-Nimrits; Irã fez alerta contra execução.

A Arábia Saudita executou neste sábado (2) 47 pessoas condenadas por “terrorismo”, incluindo jihadistas sunitas da Al-Qaeda e o clérigo xiita Nimr Baqir al-Nimr, uma importante figura do movimento de contestação contra o regime, anunciou o ministério do Interior.

O Irã, potência xiita cujas relações com a Arábia Saudita são tensas, imediatamente reagiu às execuções, prometendo que Riad pagará “um preço alto” pela morte do xeque Nimr al-Nimr, segundo a France Presse.

“O governo saudita apoia movimentos terroristas e extremistas, e ao mesmo tempo utiliza a linguagem da repressão e a pena de morte contra seus opositores internos (…) pagará um preço alto por essas políticas”, declarou o porta-voz do ministério iraniano das Relações Exteriores, Jaber Ansari.

O país também convocou um diplomata saudita para protestar contra a morte do clérigo, de acordo com a Reuters.

O grupo xiita libanês Hezbollah condenou a execução em declarações citadas pela TV oficial do Hezbollah al-Manar e pela Al Mayadeen TV. A “verdadeira razão” para a execução foi “que o xeique Nimr exigiu os direitos dissipados de um povo oprimido”, disse o grupo em um comunicado, aparentemente se referindo à minoria xiita da Arábia Saudita, de acordo com a Reuters.

O sobrinho do xeque, Ali al-Nimr, menor de idade no momento da sua detenção, não está entre os executados, que geralmente são decapitados com sabre.

Os condenados – 45 sauditas, um egípcio, um chadiano – foram executados em doze cidades do reino, indicou o ministério do Interior em um comunicado oficial.

Eles haviam sido condenados, segundo as autoridades, por diferentes casos, incluindo por ter aderido a ideologia radical “takfiri” (termo geralmente utilizado para se referir a grupos radicais sunitas), por juntar-se a “organizações terroristas” ou ter participado de “conspiração criminosa”.

O xeque Nimr al-Nimr, de 56 anos, crítico ferrenho da dinastia sunita Al-Saud, foi um dos líderes de um movimento de contestação que eclodiu em 2011 no leste da Arábia Saudita, cuja população é majoritariamente xiita.

Esta comunidade, que está concentrada na Província Oriental, queixa-se de ser marginalizada neste país predominantemente sunita.

A execução do xeque poderia provocar fortes reações nesta região, segundo especialistas.

Para o irmão do líder religioso, Mohammed al-Nimr, “esta ação provocará a cólera dos jovens” xiitas na Arábia Saudita. “Espero que aja um movimento de contestação pacífico”, acrescentou.

Por sua vez, o ramo estudantil da milícia Bassidji, ligada aos Guardiães da Revolução, a unidade de elite das forças armadas iranianas, convocou uma manifestação no domingo em frente à embaixada saudita em Teerã.

O xeque Nimr tinha sido condenado à morte em outubro de 2014 por “motim”, “desobediência ao soberano” e “porte de armas” por um tribunal de Riad especializado em casos de terrorismo.

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/01/arabia-saudita-executa-47-pessoas-acusadas-de-terrorismo.html