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Brincando com fogo: jihadismo no Brasil

Por Gil Carlos Montarroyos[1]

O Brasil é um excelente país com todos. Diversos povos e etnias vieram para o Brasil desde o período colonial até hoje. Judeus europeus, portugueses, espanhóis, italianos, russos, ucranianos, alemães, ciganos, árabes, japoneses, chineses, coreanos, etc. Nosso povo é receptivo, alegre e via de regra, trata muito bem os imigrantes. Por muito tempo esses imigrantes eram muito bem-vindos e quase não haviam problemas com imigrantes. Todavia, esse cenário mudou drasticamente no final da década de 60, vindo a se deteriorar com maior velocidade no final dos anos 80 e início da década de 90 do século XX.

Em meados da década de 90, surgiram os primeiros relados da presença de terroristas islâmicos no sul do país, mais especificamente, na tríplice fronteira. Mas, quais foram os motivos pelos quais presenciamos o início desse fenômeno? Segundo alguns eruditos na temática, o conflito árabe-israelense.

Mas, o que o Brasil tem a ver com o conflito árabe-israelense? Na prática nada! Todavia, no período que antecedeu o atentado a Embaixada de Israel na Argentina 1, em 17 de março de 1992 e dois anos depois, o atentado na AMIA ( Associação Mutual Israelita Argentina), precisamente em 18 de julho 1994, houve intensa movimentação de grupos terroristas conhecidos, mais precisamente o Hizballah (Grupo terrorista libanês auto intitulado de Partido de Deus) na região da tríplice fronteira. Vale salientar que, até então nunca tínhamos casos concretos de terroristas islâmicos no Brasil.

Entretanto, no documento “Homeland Security Digital Library”, as agências de inteligência estadunidenses apontaram a presença de terroristas do Hamas, Hizballah e Al Qaida na tríplice fronteira, desde meados da década de 80, informação disponível para consulta no link: <https://www.hsdl.org/?view&did=1012>, pp. 48-50.

Há uma forte presença árabe-libanesa em todo o sul do Brasil, mais precisamente na região da tríplice fronteira. Por isso, há relatos de inteligência que afirmam a presença de terroristas islâmicos ligados ao Hizballah, Hamas e Al Qaeda nessa região. Segundo dados do GTD – Global Terrorism Database 2, o atentado da AMIA, foi planejado e executado pelo grupo terrorista libanês Hizballah.

Desde então, o aumento das atividades jihadistas apenas cresceu no Brasil, principalmente nas universidades públicas brasileiras, sempre apoiados por partidos políticos de inclinação marxista, camufladas como apoio à causa palestina. Podemos citar como exemplo fático o total apoio do Partido dos Trabalhadores (PT) com essa agenda, conferir link https://www.pt.org.br/deputados-fazem-ato-em-defesa-da-palestina/, Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), conferir link http://psol50.org.br/2018/02/06/em-nota-psol-reafirma-apoio-a-luta-do-povo-palestino/; Partido Comunista do Brasil (PC do B), conferir link https://pcdob.org.br/documentos/mocao-ao-povo-palestino/ , Partido Democrático Trabalhista (PDT), conferir link http://www.pdt.org.br/index.php/crimes-de-israel-2/, dentre outros.

O 11 de Setembro, e e Jihad na Construção do Califado Global

Em 11 de setembro de 2001, o mundo presenciou o até então maior ataque  jihadista ao Ocidente: o símbolo da força e poder estadunidense foi derrubado após uma série de ataques aos prédios do World Trade Centre e Pentágono, nos EUA. Esse evento cataclísmico, frente a maior potência militar e econômica do planeta, desencadeou uma série de ações de combate ao jihadismo em todo o planeta, certamente o Brasil não ficou de fora.

Porém, cerca de duas semanas antes dos atentados aos EUA, autoridades brasileiras foram alertadas por fontes de inteligência acerca da intensa presença jihadistas na cidade de Cascavel, no Paraná, inclusive, com informações de campo, contendo sólidas informações da presença de uma célula terrorista na cidade de Cascavel, que inclusive, os mesmos haviam adquirido passaportes brasileiros no intuito de irem para América do Norte, usando como porta de entrada, coyotes mexicanos, afim de permanecerem ilegais nos EUA, e fora dos radares da inteligência Norte Americana.

Entretanto, ao invés de as autoridades brasileiras investigarem de forma profissional as informações repassadas, as mesmas negligenciaram a informação, até quando o evento aconteceu. Somente após os eventos do 11 de setembro, o governo brasileiro passou a encarar o problema com responsabilidade, conforme o relatório do governo estadunidense “Homeland Security Digital Library”, pp. 49, disponível para consulta no link <https://www.hsdl.org/?view&did=1012>.

Todas as agências de inteligência globais afirmam categoricamente sobre forte presença de jihadistas no Brasil. Infelizmente não apenas na tríplice fronteira, pois o problema já se espalhou por todo o país.

A “Primavera Árabe”

Em 2010, o Oriente Médio e o norte da África foram sacudidos por uma série de revoltas populares que ainda trazem consequências para a região. Habitantes de países como Tunísia, Líbia, Egito e Síria foram às ruas para protestar contra governos repressivos e reivindicar melhores condições de vida. O movimento ganhou o nome de Primavera Árabe. Desde o início da denominada “Primavera Árabe”, vários regimes ditatoriais da África do Norte e Oriente Médio capitularam, gerando uma onda de revoltas e guerras civis, produzindo uma massa de refugiados sem precedentes desde a II Guerra Mundial.

Todo esse fluxo migratório trouxe consigo uma série de problemas em relação aos refugiados e para onde os mesmos migraram. Ondas de estupros, assassinatos de mulheres, sequestros, e pedofilia espalharam-se por esses países, tais como Alemanha, Suécia, Finlândia, Noruega, França, Grécia, Chipre, Espanha, etc. O Brasil não ficou imune a essa onda de refugiados. Muitos foram trazidos por ONGS internacionais, pelo Comitê de Refugiados da ONU e também pelo governo brasileiro, que à época era presidido pela ex-presidente Dilma Roussef 3. Praticamente todos os refugiados islâmicos foram alocados em cidades do interior brasileiro, causando em alguns casos, estranheza nos residentes locais.

Jihadismo nas Periferias do Brasil

Desde a invasão aliada ao Iraque, após o 11 de setembro, houve uma dispersão islâmica por todo o mundo, e não foi diferente para o Brasil.  Houve um boom da população islâmica no Brasil. Desde 2001, os números só aumentam. No Brasil, ainda que os muçulmanos sejam por enquanto uma minoria, são merecedores de maior atenção, pois fazem parte do grupo religioso que mais cresceu nas periferias, ou seja, em função dos fluxos migratórios, pelo maior contato com a religião através dos meios eletrônicos (mídias e Internet) e muitos casos pela conversão.

É sabido que há um processo de islamização das periferias do Brasil, e que esse “fenômeno” é percebido com atenção e preocupação pelas autoridades brasileiras. As regiões que mais vêm sentido esse aumento são as regiões Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Norte. Madrassas estão se multiplicando em ritmo acelerado nas periferias, tanto das grandes cidades, como em cidades majoritariamente cristãs no nordeste brasileiro.

Cidades sem qualquer histórico da presença de muçulmanos estão no mapa do Islã no Brasil, com Centros Islâmicos, Madrassas e em alguns lugares, até mesquitas. Para conferência, favor acessar o link: < http://arresala.org.br/institutos-islamicos#1514844286775-355d7475-fee4>.

Com o advento da Copa do Mundo do Brasil, começaram a haver casos de planejamento de atos terroristas nos estádios da Copa em todo o país. Células terroristas islâmicas ligados ao ISIS ou DAESH[2], em diversos estados do Brasil, começaram a se mobilizar para praticarem algum ato da jihad (Guerra Santa praticada contra muçulmanos apóstatas e não-muçulmanos, com o intuito de implantar o Califado Global) em solo brasileiro.

Diversas prisões foram feitas de terroristas ligados a esse grupo terrorista de orientação salafista no Brasil. Neste meio tempo, foi aprovada a lei Nº 13.260, de 16 de março de 2016, denominada de “Lei antiterrorismo” pelo legislativo brasileiro, com o intuito de criar um regimento legal para calcar as forças de seguranças brasileiras de condições jurídica a fim de coibir e reprimir casos de terrorismo no país. Foi com base nessa lei que os diversos indivíduos presos foram condenados.

Apesar do avanço com a promulgação da débil Lei Antiterror, nosso país ainda continua vulnerável a atentados terrorista, face a ineficiência das nossas forças de segurança, pouco investimento em inteligência, ingerência de ONGS internacionais nas prisões desses terroristas, bem como, o lobby islâmico contra a lei antiterror, via de regra com o apoio incondicional dos partidos de orientação marxista no país. A bem da verdade, o risco ainda é muito alto, pois, mesmo com a lei já promulgada, houveram dois grandes atentados terroristas com forte influência islâmica em ambos. O Brasil está brincando com fogo!

Imagem Irã News

[1] Internacionalista e Historiador com estudos focados em terrorismo islâmico.

[2] O Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), ou Estado Islâmico do Iraque e da Síria (EIIS), é uma organização jihadista islamita de orientação salafita e Uaabista que opera majoritariamente no Oriente Médio. Também é conhecido pelos acrônimos na língua inglesa ISIS ou ISIL. O nome em árabe, ad-Dawlat al-Islāmiyah fī al-ʿIrāq wa sh-Shām, leva ao acrônimo Da’ish, ou Daesh.

Troféu à Insensatez

Por Ariel Krok

Os assédios, as pressões, as ameaças e até o terrorismo, todos venceram. É camaradas, não sejam modestos, o mérito é todo seu.

Era para ser um jogo amistoso, um aquecimento para a Copa do Mundo, uma oportunidade de alegrar, descontrair, congregar em uma das coisas que árabes e israelenses mais concordam, futebol.

Mas a turminha humanista, de uma causa só, não poderia deixar passar a oportunidade de serem mais idiotas úteis que nunca.

Mal sabem que o Capitão da seleção israelense de futebol é um israelense, árabe muçulmano, nem imaginam que cinco jogadores da seleção de Israel são árabes também.

Nunca se interessaram em saber sobre a minoria com provavelmente mais diretos em todo Oriente Médio, são profissionais liberais, médicos, empresários farmacêuticos, advogados e até Ministro do Supremo Tribunal israelense.

Nunca quiseram se inteirar com o fato que os árabes em Israel tem grande representatividade no parlamento, mais exatamente a terceira maior força política (lista árabe), sendo que representam apenas 20% da população de Israel que vive em situação infinitamente melhor que quaisquer outras minorias nos países da região, basta ver a perseguição aos Bahá’is no Irã, estes mesmos que em Israel abrigam o seu centro mundial. Vejam o exemplo da perseguição aos Curdos na Turquia, dos Yazidis no Iraque, a perseguição aos cristãos em boa do Oriente Médio, com exceção, é claro, de Israel, seu único porto seguro realmente garantido.

O mesmo vale para o público LGBT, perseguidos, presos e condenados a morte única e exclusivamente por sua opção sexual. Mas à turminha “progressista” não interessa levar em consideração que a terceira maior parada LBGT do mundo é justamente em Israel onde árabes gays de toda região, inclusive palestinos, se abrigam, onde são aceitos e respeitados.

Nem se fala então nos diretos das mulheres. Na Arábia Saudita somente agora (pra ser mais exato esta semana) as mulheres tiveram permissão de dirigir um carro, na maioria dos países deste lado do mundo, mulheres dependem da permissão e companhia de um homem próximo (pai, marido, irmão) para se locomoverem.

No Irã mulheres são apedrejadas até a morte como pena por adultério, muitas vezes “adultério” este consumado ao serem estupradas e sem a sorte de ter cinco testemunhas homens que tenham presenciado o estupro para tentar evitar o apedrejamento de uma vítima.

Já na Israel do inicio dos anos 70 era eleita a primeiro chefe de Estado mulher, Golda Meir, quando a imensa maioria das mulheres dos países vizinhos não podiam sequer votar.

No entanto quem é o único país que sofre ameaças diárias à sua existência, mas o mundo se faz de besta, o único com campanhas mundiais de boicotes, sanções e desinvestimentos que efetivamente evitam, reduzem ou atrapalham e constrangem as visitas, contatos e trocas científicas, médicas, tecnológicas e esportistas, como o cancelamento do amistoso com a Seleção Argentina, com israelenses.

O único país que é de fato atacado por seus vizinhos rotineiramente, mas não lhes é permitido se defender, o único que sofre disparadamente o maior numero de derrotas com condenações em vários organismos internacionais mesmo com todos os inúmeros exemplos de respeito aos direitos humanos.

Se estes ataques morais e físicos não são antissemitismo travestido de antissionismo, qual é a explicação?

Blog Times of Israel  e imagem Palestine Chronicle

Ariel é administrador de empresas formado em Comercio Exterior no Mackenzie, tem um MBA em Marketing na ESPM e Cursode Especialização em Liderança Empresarial e Comunitária na Instituição de ensino superior e pesquisa Insper e no Instituto Rutenbergem em Haifa – Israel. É palestrante ativo com apresentações em escolas, sinagogas, centros comunitários, igrejas, clubes, etc, com 25 anos de voluntariado comunitário como monitor, instrutor, dirigente e diretor de instituições. Há mais de 22 anos é um estudioso e entusiasta da historia, política, diplomacia e geografia no mundo mas principalmente do Oriente Médio. Morou em Israel e já retornou mais de uma dúzia de vezes para lá e para outros países da região (Egito, Territórios Palestinos ..). Em várias oportunidades teve contatos, encontros, discussões com diversas autoridades, formadores de opinião e jornalistas, em Israel, EUA e Brasil. Escreve artigos publicados em diversas mídias, como a Revista Shalom, Blog do Jornal Times of Israel, Tribuna Judaica e Portais como Pletz, WebJudaica, sites, etc … Membro do JDC (Jewish Diplomatic Corps) do WJC (World Jewish Congress) ; Diretor na JJO (Juventude Judaica Organizada); Conselheiro no Fundo Comunitário Jovem

Alunos de escola alemã na Argentina se fantasiam com símbolos nazistas

Estudantes foram a festa à fantasia com suásticas e bigodes imitando Hitler.
Alunos de escola judaica que estavam na festa se indignaram e houve briga.

Da France Presse

Um grupo de estudantes de ensino médio de uma escola alemã na Argentina compareceu a uma festa à fantasia com suásticas e símbolos nazistas, onde houve uma briga com alunos de uma escola judaica que reagiram indignados, informaram as autoridades.

O incidente foi divulgado nesta quinta-feira (25), mas ocorreu na noite de terça-feira em uma boate de Bariloche, cidade que é epicentro de viagens de jovens de ensino médio de todo o país. Na vila turística aos pés da cordilheira dos Andes já foram encontrados, no passado, líderes nazistas que escolheram o sul argentino como refúgio para escapar da justiça.

Os adolescentes compareceram à festa com suásticas pintadas no peito e usaram bigodes imitando o líder nazista Adolf Hitler.

Estudantes do colégio judeu ORT presentes na festa reagiram com empurrões, o que resultou em uma briga na qual todos foram expulsos do local. Um dia depois, pediram desculpas pelo ocorrido.

“Estou horrorizada, é um fato repreensível. Não é suficiente pedir desculpas, terão que reparar este dano com ações”, afirmou a diretora da escola alemã, Silvia Fazio, que adiantou que serão aplicadas punições quando os estudantes voltarem a Buenos Aires.

A docente explicou que a escola não organiza nem participa da viagem e ressaltou que “houve muitos filtros de adultos que falharam, como os pais que acompanhavam o grupo, os coordenadores, as pessoas do local, o motorista” do veículo que os levou. “Há muito para refletir”, opinou.

“Não é nem uma piada, nem uma graça, vamos partir do princípio de que refletem uma ideologia que culminou com 6 milhões de judeus assassinados pelos nazistas”, disse Cohen Sabban, da Delegação de Associações Israelitas Argentinas (DAIA).

O líder judeu lembrou que, “se estes jovens tiverem mais de 16 anos, podem sofrer por este ato uma pena de um mês a três anos de prisão porque o que fizeram na Argentina é um crime”.

O prefeito de Bariloche, Gustavo Genusso, lamentou o incidente. “Ficamos preocupados com o fato de jovens deste país terem esta atitude”, disse.

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/08/alunos-de-escola-alema-na-argentina-se-fantasiam-com-simbolos-nazistas.html?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=g1

O Irã Está se Apoderando da América Latina

  • “É um assunto de vida ou morte. Preciso que intermedeie junto à Argentina uma ajuda para o programa nuclear de meu país. Precisamos que a Argentina compartilhe conosco a tecnologia nuclear. Sem a colaboração do país, será impossível avançar em nosso programa”. — Ex-Presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad trocando ideias com o falecido Presidente da Venezuela Hugo Chávez.
  • De acordo com os informantes venezuelanos, encobrir os acusados iranianos do ataque à AMIA foi tão somente o objetivo secundário na aproximação com a Argentina. O objetivo primordial foi obter acesso aos materiais e à tecnologia nuclear da Argentina, meta esta um desejo iraniano de mais de três décadas.
  • No decorrer dos últimos 32 anos, o Irã obteve um sucesso estrondoso no que tange a promoção da mensagem anti-israelense e antiamericana na América Latina. A rede de TV iraniana HispanTV pertencente ao governo do Irã, transmite programas em espanhol 24 horas por dia, sete dias por semana em pelo menos 16 países da região.
  • A suspensão das sanções e a entrada de bilhões de dólares como resultado do acordo nuclear do Irã irá sem a menor sombra de dúvida ajudar o Irã na América Latina, onde muitos países estão passando por turbulências na economia, podendo assim utilizar os “estímulos” iranianos.
  • Ao passo que a América Latina não raramente é considerada um lugar atrasado e sem muita importância para os Estados Unidos, ela é de grande valia geopolítica para a República Islâmica do Irã.

Faz dois meses que o Irã e a Arábia Saudita estão brincando de cabo-de-guerra para ver quem fica com a América Latina. Em 10 de novembro de 2015 o Vice-Ministro das Relações Exteriores do Irã se reuniu, a portas fechadas, com os embaixadores de nove países da América Latina para reiterar o desejo da República do Irã de “expandir e aprofundar os laços” com aquela região. No final daquele mês outras declarações no mesmo sentido foram proferidas pelo Presidente do Irã Hassan Rouhani e pelo Líder Supremo Aiatolá Ali Khamenei no Fórum dos Países Exportadores de Gás (GECF em inglês) em Teerã.

Naquele mesmo dia o Ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita Adel al-Jubeir presidiu uma reunião de cúpula sul-americana/árabe em Riad. O Ministro das Relações Exteriores al-Jubeir que já foi Embaixador nos Estados Unidos em 2011, foi alvo de uma conspiração de assassinato iraniana/latino americana.

A mensagem da reunião de cúpula saudita foi inequívoca: uma reaproximação árabe com os países sul-americanos irá aumentar o isolamento do Irã no mundo.

Lamentavelmente para a Casa de Saud, no caso da América do Sul, ela (Casa de Saud) está mais de trinta anos atrás de seus rivais persas.

Após a revolução de 1979, os líderes da recente estabelecida República Islâmica do Irã procuraram não só mudar seu país como também o mundo. Em 1982 o Irã sediou uma conferência internacional da Organização de Movimentos Islâmicos, reunindo mais de 380 clérigos de cerca de 70 países dos quatro cantos do planeta incluindo muitos da América Latina.[1] O propósito da conferência era exportar para o mundo a revolução iraniana.

No ano seguinte, em 1983, o Corpo de Elite da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC em inglês) desfechou sua primeira operação terrorista internacional de grande vulto: o atentado a bomba contra os alojamentos dos Marines em Beirute. Essa ação levou à retirada das forças multinacionais do Líbano. Naquele mesmo ano o Irã começou a financiar e treinar o Hisbolá no Líbano. 1983 também foi o ano que a República Islâmica iniciou as operações secretas na América Latina.

Em 27 de agosto de 1983, o primeiro agente iraniano enviado à América Latina desembarcou em Buenos Aires, Argentina. Mohsen Rabbani não é um agente qualquer, ele é um dos agentes mais bem treinados e dedicados da inteligência iraniana. [2] Funcionários dos serviços de informação da América Latina o apelidaram de “professor de terrorismo”.

Rabbani ficou mais de dez anos na Argentina, criando condições que abriram caminho para que Hisbolá desfechasse um dos maiores ataques terroristas, com total impunidade: o atentado desferido em 18 de julho de 1994, contra a AMIA (Asociación Mutual Israelita Argentina) Centro Cultural Judaico em Buenos Aires. O ataque, perpetrado por um homem bomba que levou um caminhão repleto de explosivos para o interior do edifício da AMIA, matou 85 pessoas e feriu outras centenas. Essa não foi a primeira vez que a Argentina se viu diante do terrorismo islâmico, dois anos antes em 17 de março de 1992, a Embaixada de Israel em Buenos Aires também foi atacada.

Muitas das autoridades que colaboraram com Rabbani para que ele pudesse executar o ataque contra a AMIA ainda são atores políticos de peso dentro da República Islâmica. Ahmad Vahidi, fundador da temida Unidade Especial do Exército dos Guardiães da Revolução Islâmica do IRGC que também foi até recentemente Ministro da Defesa, foi claramente citado no indiciamento oficial da AMIA pela Unidade de Investigações do Gabinete do Procurador Geral da Argentina. Mohsen Rezai e Ali Akbar Velayti, ambos candidatos à presidência nas eleições iranianas de 2013, também são claramente citados no mesmo indiciamento pelas autoridades argentinas.[3]

No decorrer dos últimos 32 anos, o Irã obteve um sucesso estrondoso no que tange a promoção da mensagem anti-israelense e antiamericana na América Latina. A rede de TV iraniana HispanTV pertencente ao governo do Irã, transmite programas em espanhol 24 horas por dia, sete dias por semana em pelo menos 16 países da região.

Formalmente o Irã também dobrou o número de embaixadas na América Latina, de seis em 2005 para as doze de hoje.

Informalmente, de acordo com o Comando do Sul dos Estados Unidos (USSOUTHCOM), o Irã inaugurou mais de 80 centros culturais islâmicos que vêm promovendo o Islã xiita em toda a América Latina. Esse número representa um crescimento de mais de 100% desde 2012 quando, de acordo com estimativas do USSOUTHCOM, o Irã controlava apenas 36.[4]

Mas acima de tudo, o Irã estabeleceu uma presença militar e de inteligência sem precedentes, que se estende da Terra do Fogo no extremo sul da Argentina até o Rio Grande na fronteira com os Estados Unidos. O Irã atua em todos os países da América Latina.

A falta de transparência, corrupção na política, altos níveis de criminalidade e violência, isso sem falar das crescentes atitudes antiamericanas e anti-israelenses na América Latina, possibilitaram ao Irã usufruir desse sucesso. Dados os esforços de um punhado de governos regionais em revolucionar a região, essa propensão só fez crescer na última década. Graças ao legado do falecido Hugo Chávez e seus contemporâneos como Nicolás Maduro, Rafael Correa, Evo Morales, Daniel Ortega, Cristina Fernández de Kirchner, Salvador Sánchez Cerén e outros, o Irã goza de um poder jamais visto na América Latina.

Apesar da recente eleição realizada na Argentina oferecer uma nova oportunidade para o presidente eleito Mauricio Macri, isso por si só não enfraquece a influência do Irã sobre o continente. Por mais de três décadas a República Islâmica vem estudando a prática política e as propensões socioeconômicas da região. Em vários países o Irã tem uma presença e influência maior que a dos Estados Unidos.

A importância da América Latina para o Irã foi realçada por artigo bomba publicado em março deste ano na revista Veja. Por meio de entrevistas concedidas por informantes do alto escalão venezuelano, que estão colaborando com as autoridades norte-americanas, a reportagem da Veja denuncia que a mudança da posição de décadas do governo argentino em relação à política de congelamento nas relações diplomáticas com o Irã (devido ao atentado contra a AMIA em 1994) não foi alterada em 2013 com o polêmico Memorando de Entendimentos(MOU), assinado pelos dois países. A posição política argentina também não mudou dois anos antes, em 2011 quando o Ex-Ministro das Relações Exteriores Argentina Hector Timmerman se reuniu secretamente na Síria com o seu então colega iraniano Ali Akbar Salehi a fim de negociar a MOU, que tinha como objetivo encobrir o papel do Irã no ataque à AMIA.[5]

Muito pelo contrário, o artigo da Veja revelou que o início do estreitamento das relações da Argentina com o Irã se deu em 2007 quando a então Senadora Cristina Fernández de Kirchner se tornou presidente da Argentina, em parte graças ao apoio financeiro recebido do Irã, cortesia de Hugo Chávez da Venezuela.[6] A altamente polêmica MOU entre a Argentina e o Irã foi na realidade uma promessa de campanha feita seis anos antes pelo presidente argentino Fernández de Kirchner, que estava no fim do mandato.

A revelação mais digna de nota do artigo da Veja, no entanto, não é quem o Irã subornou e comprou na América Latina e sim a razão do suborno iraniano.

De acordo com os informantes venezuelanos, encobrir os acusados iranianos do ataque à AMIA foi tão somente o objetivo secundário na aproximação clandestina para com a Argentina. O objetivo primordial foi obter acesso aos materiais e à tecnologia nuclear da Argentina, meta esta, ao que tudo indica, um desejo iraniano de mais de três décadas.

Segundo o falecido Dr. Alberto Nisman, promotor geral da Argentina que investigava o ataque contra a AMIA, o objetivo de acessar o sigiloso programa nuclear argentino é o motivo pelo qual a Argentina foi o alvo do Irã e do Hisbolá no início os anos 1990. De acordo com o Dr. Nisman, a motivação do Irã em visar Buenos Aires no ataque contra a AMIA foi uma resposta direta ao cancelamento por parte do governo argentino dos acordos de cooperação nuclear em vigor entre os dois países desde meados dos anos 1980.[7]

No artigo da Veja consta uma exposição esclarecedora sobre uma reunião, a portas fechadas, realizada em 13 de janeiro de 2007 entre o então Presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad e o falecido Presidente da Venezuela Hugo Chávez. No encontro Ahmadinejad diz a Chávez:

“É um assunto de vida ou morte. Preciso que intermedeie junto à Argentina uma ajuda para o programa nuclear de meu país. Precisamos que a Argentina compartilhe conosco a tecnologia nuclear. Sem a colaboração do país, seráimpossível avançar em nosso programa.”

“Impossível” é uma palavra muito forte. Se for verdade, essa informação sugere que o Irãprecisa da América Latina para desenvolver seu ultra-ambicioso programa nuclear. Para o Irã a América Latina não é apenas uma atividade secundária, a região pode muito bem ser a prioridade máxima de sua política externa fora os interesses imediatistas no Oriente Médio.

“É um assunto de vida ou morte. Preciso que intermedeie junto à Argentina uma ajuda para o programa nuclear de meu país. Precisamos que a Argentina compartilhe conosco a tecnologia nuclear. Sem a colaboração do país, será impossívelavançar em nosso programa”. – Ex-Presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad (na foto da esquerda à esquerda) abraçando o falecido Presidente da Venezuela Hugo Chávez. Na foto da direita Chávez com a Ex-Presidente da Argentina Cristina Fernández de Kirchner.

A morte prematura e misteriosa do Dr. Alberto Nisman, pela qual ninguém foi indiciado formalmente, cujo corpo foi encontrado em 18 de janeiro de 2015 horas antes dele apresentar as últimas evidências do caso AMIA diante o congresso argentino, em essência abriu caminho para uma influência ainda maior dos iranianos na América Latina. A suspensão das sanções e a entrada de bilhões de dólares como resultado do acordo nuclear do Irã com o P5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas mais a Alemanha) irá sem a menor sombra de dúvida ajudar o Irã em sua empreitada pela hegemonia global. É uma empreitada fácil com grandes chances de sucesso em se tratando da América Latina, onde muitos países estão passando por turbulências na economia, podendo assim dar boas-vindas aos “estímulos” iranianos.

Ao passo que a América Latina não raramente é considerada um lugar atrasado e sem muita importância para os Estados Unidos, ela é de grande valia geopolítica para a República Islâmica do Irã. Parece que a Arábia Saudita acaba de acordar em relação a esse fato. Já era tempo dos estrategistas políticos dos EUA fazerem o mesmo.

Joseph M. Humire é o Diretor Executivo do Center for a Secure Free Society (Centro para uma Sociedade Livre e Segura – SFS) e co-editor do livro Iran’s Strategic Penetration of Latin America (Lexington Books, 2014)


[1] Alberto Nisman citou a conferência da OLM realizada no Irã tanto no indiciamento oficial de 2006 que tratava do ataque contra a AMIA, bem como seu pronunciamento de 2013 sobre a expansão da rede terrorista do Irã em toda a América Latina.

[2] Para obter uma descrição mais detalhada sobre Mohsen Rabbani e seu papel no ataque à AMIA em 1994, acesse a tradução para o inglês da íntegra do indiciamento de 2006 contra o Irã, da Unidade de Investigações do Gabinete do Procurador Geral da Argentina.

[3] O Comitê Executivo da Interpol não emitiu um Alerta Vermelho contra Ali Akbar Velayti porque na época do ataque contra a AMIA ele era Ministro das Relações Exteriores do Irã.

[4] Acesse posture statement de 2012 do General Douglas M. Fraser e o posture statement de 2015 do General John F. Kelly perante a Casa do Comitê de Serviços Armados para avaliar as estimativas do USSOUTHCOM sobre os centros culturais islâmicos contratados pelos iranianos na América Latina.

[5] Para obter mais informações sobre as investidas do governo argentino para negociar junto ao Irã a impunidade do ataque contra a AMIA, acesse as denúncias formais de Alberto Nisman perante o Tribunal Federal de Justiça da Argentina em 14 de janeiro de 2015.

[6] Houve um caso de corrupção política na Argentina que ficou conhecido pelo nome de “maletinazo” no qual um homem de negócios americano/venezuelano transferiu ilegalmente US$800.000 para a Argentina em 2007 para ajudar a financiar a campanha eleitoral da então candidata à presidência Cristina Fernández de Kirchner. Acreditava-se que o dinheiro tivesse vindo da Venezuela, posteriormente porém, descobriu-se que provavelmente veio do Irã.

[7] Na subseção C.2 “motivos para desencadear o ataque na Argentina” (páginas 263 a 285) do indiciamento oficial da AMIA em 2006, o Dr. Nisman explica, de forma inequívoca, que o cancelamento da cooperação nuclear foi o motivo primordial do ataque perpetrado pelo Irã e pelo Hisbolá contra a AMIA em Buenos Aires.

por Joseph Humire

 

http://pt.gatestoneinstitute.org/7090/ira-apoderando-america-latina

Em áudio, ex-chanceler argentino reconhece Irã como responsável por atentado a Amia

‘Eles, faz 18 anos, puseram a bomba’, afirma Héctor Timerman na gravação

BUENOS AIRES — Duas gravações de áudio mostram o ex-chanceler argentino Héctor Timerman admitindo que o Irã foi responsável pelo atentado contra a Associação Mutual Israelita da Argentina (Amia). As gravações foram divulgadas pelo jornalista Daniel Santoro, em um programa de rádio do país, e fazem parte do material utilizado por ele para escrever o livro “Nisman debe morir” (“Nisman deve morrer”), sobre o promotor argentino Alberto Nisman, que investigava o atentado e tinha pedido o indiciamento, em fevereiro de 2013, da então presidente, Cristina Kirchner, de Timerman e de outros envolvidos.

— Eles, faz 18 anos, puseram a bomba — afirma Timerman, referindo-se ao Irã, em um diálogo telefônico de 2012, com Guillermo Borger, ex-diretor da Amia.

Na conversa, o ex-chanceler tenta convencer Borger a seguir com as negociações para que fossem entregues pelo governo de Terrã os iranianos acusados pelo atentado. O ex-diretor da Amia queria tentar outro interlocutor para negociar a entrega à Justiça dos suspeitos, já que o “Irã não é um interlocutor” confiável, enquanto Timerman rebate dizendo que não há outra via para as negociações. Em dado momento, Borger sugere que seria bom “poder negociar com outros”, ao que o ex-chanceler responde:

— Se fossem outros, não teriam colocado a bomba.

Às 9h53m, em 18 de julho de 1994, um furgão branco, carregado de explosivos, chocou-se contra o prédio da Associação Mutual Israelita da Argentina (Amia), em Buenos Aires, matando 85 pessoas e ferindo 300. Foi o maior episódio de terrorismo da História do país. A principal suspeita recaiu sobre o Irã, acusado de apoio ao grupo fundamentalista islâmico Hezbollah para organizar o atentado. E em setembro de 2007, o então presidente da Argentina, Néstor Kirchner, denunciou na ONU a falta de cooperação iraniana nas investigações.

Em janeiro de 2013, os governos de Cristina Kirchner e de Mahmoud Ahmadinejad assinaram um Memorando de Entendimento, que incluía a criação de uma Comissão da Verdade, e em maio o promotor Alberto Nisman emitiu um novo parecer, denunciando um possível encobrimento do governo argentino em troca de vantagens econômicas iranianas. Um ano mais tarde, o acordo foi considerado inconstitucional pela Justiça argentina.

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Argentina fica em alerta com suposta ameaça de grupo ligado à al-Qaeda

País abre investigação sobre possíveis ataques do Ansar al-Dine a shopping.

BUENOS AIRES – O Ministério de Segurança argentino pediu à Polícia Federal que reforce a segurança de dois grandes shoppings de Buenos Aires por ameaças do grupo terrorista malinês Ansar al-Dine, ligado à Al Qaeda. A denúncia foi feita por uma representação argentina no exterior e pede também que seja controlada a entrada de cidadãos do Mali.

De acordo com o “Clarín”, o shopping Abasto (um dos mais populares da capital) recebeu cinco denúncias telefônicas de um possível ataque nas últimas semanas. Ele fica em uma área de grande presença da comunidade judaica, em Balvanera, perto do centro. O outro é o Unicenter, na cidade de Vicente López, Norte portenho.

A denúncia é investigada tanto pela chancelaria quanto pelo tribunal de Lomas de Zamora, Sul da capital — fora da jurisdição dos dois centros comerciais. Nas redes sociais, correntes de apelo contra visitas aos estabelecimentos foram feitas.

A ministra de Segurança, Cecilia Rodríguez, e o secretário de Segurança, Sergio Berni, se pronunciaram.

— Até o momento não há motivos para estarmos em alerta. A Agência Federal de Inteligência começou a trocar informações com outras agências para conferir credibilidade à ameaça. Colocamos uma operação de segurança para as próximas 48 horas, que gradualmente diminuirá — avisou o secretário de Segurança.

A última vez que a Argentina foi alvo de um ataque terrorista internacional foi em 1994. quando 85 pessoas morreram no ataque a bomba à sede da Associação Mútua Israelita Argentina (Amia), num caso que ainda gera polêmica pelo encobrimento dos autores do atentado, vinculados ao Irã.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/argentina-fica-em-alerta-com-suposta-ameaca-de-grupo-ligado-al-qaeda-17926263#ixzz3qAS1E389
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América Latina tiende la mano a los sirios en medio de crisis en Europa

Argentina, Brasil, Chile, Venezuela, Paraguay y Uruguay han tendido una mano a los sirios que huyen de la guerra civil, en momentos en que Europa afronta a diario la llegada de miles de personas que han cruzado el Mediterráneo para ponerse a salvo y la ONU advierte de una creciente xenofobia hacia ellos.

Algunos de estos países latinoamericanos ya tenían normativas específicas para la entrada de los sirios y las han ampliado o divulgado para que haya más solicitantes, mientras que otros se han sumado ahora a los llamamientos a la solidaridad hechos desde organismos internacionales y también por el papaFrancisco.

El secretario general de la Organización de Estados Americanos (OEA), el uruguayo Luis Almagro, opinó hoy en México que América Latina debe abrirse a ofrecer asilo a familias sirias.

Precisamente el Gobierno chileno comenzó a estudiar los beneficios que el Estado proveerá a los sirios que se propone acoger como refugiados en un número aún no determinado pero definido como “importante” por la presidenta Michelle Bachelet.

La Cancillería chilena, junto a otras instancias, inició la revisión de antecedentes para identificar cuáles serán los beneficios para los refugiados, para acogerlos en el “más breve plazo”, y está adoptando medidas para facilitar y acelerar la tramitación de visas a los sirios que lo han solicitado.

En 2014 y 2015 se han otorgado 277 visas de turismo o residencia a ciudadanos sirios, según cifras de la Cancillería.

El exministro Sergio Bitar, de ascendencia siria, dijo que “una cifra mínima” planteada al Gobierno chileno fluctúa entre 50 y 100 familias.

El presidente de Venezuela, Nicolás Maduro, fue mucho más allá y este lunes anunció que su país dará refugio a 20.000 sirios que “están en la diáspora”.

El gobernante dijo sentir “dolor” por la situación del pueblo sirio y pidió apoyo a la comunidad árabe para su propósito de ayudar a los desplazados.

También este lunes la presidenta de Brasil, Dilma Rousseff, afirmó que a pesar de las dificultades económicas y de la crisis política, su país tiene los “brazos abiertos” para los refugiados, principalmente de Siria.

“Aprovecho para reiterar la disposición del Gobierno para recibir a los que, expulsados de sus patrias, quieren venir a vivir aquí para trabajar y contribuir a la prosperidad y paz de Brasil”, expresó Rousseff en un vídeo en el que hizo referencia al niño sirio Aylan Kurdi, que se ahogó junto a su madre y un hermano frente a la costa de Turquía, cuando intentaban llegar a Europa.

Desde hace cuatro años un 25 % de los pedidos de refugio concedidos por el Gobierno brasileño es de ciudadanos sirios.

En Brasil hay actualmente 2.000 sirios huidos de la guerra y el Ministerio de Justicia ya ha anunciado que renovará en los próximos días la resolución de hace dos años que facilita la aceptación de personas de esa procedencia como refugiados, la cual vence este mes.

El Gobierno argentino también ha anunciado que prorrogará por un año más el programa especial de visado humanitario para extranjeros afectados por el conflicto de Siria vigente desde octubre de 2014.

Según la Dirección General de Migraciones de Argentina, son un centenar las personas beneficiadas con ese programa. El requisito para poder acogerse al mismo es tener “un vínculo de parentesco o afectividad” con un ciudadano argentino.

Desde que empezó el conflicto en Siria hace cuatro años, Paraguay ha concedido refugio a 23 ciudadanos de ese país, mientras que otras 40 peticiones aún están pendientes, según informó a fines de agosto a Efe la Comisión de Refugiados de Paraguay (Conare).

El mes pasado el Estado paraguayo concedió la condición de refugiadas de siete personas de origen sirio que llegaron al país suramericano con pasaportes israelíes falsos que les vendieron en un paquete de viaje para llegar a España.

Los siete viven ahora en Paraguay con la ayuda de la asentada comunidad sirio-libanesa, que les asiste en lo básico.

En Uruguay viven refugiadas desde octubre de 2014 cinco familias sirias, que suman 42 personas, en su mayoría niños.

Desde este lunes los refugiados están acampados frente a la sede de Gobierno en Montevideo para reclamar que se les facilite la salida del país, principalmente hacia Líbano, porque consideran que con las ayudas que reciben no pueden tener un futuro digno.

Maher Adis, uno de los padres de familia, destacó que en Líbano, donde fueron acogidos en un campamento antes de venir a Suramérica, el precio de la vida era “mucho más barato”.

La inflación en Uruguay en los últimos doce meses llegó hasta el 9,4 % y el precio de una canasta básica es unos 134 dólares.

La llegada de otras siete familias sirias -72 personas- que estaba prevista para febrero pasado ha sido postergada previsiblemente para finales de 2015 por el Gobierno uruguayo.

El secretario general de la ONU, Ban Ki-moon, ha pedido a los líderes europeos unidad ante la llegada masiva de refugiados al continente y firmeza ante la “creciente xenofobia, discriminación y violencia” hacia ellos, informó hoy su portavoz, Stéphane Dujarric.

http://www.infolatam.com/2015/09/08/america-latina-tiende-la-mano-a-los-sirios-en-medio-de-crisis-en-europa/?utm_source=Newsletter+de+Infolatam&utm_medium=email&utm_campaign=Newsletter_09_septiembre_2015_Embargo+contra+Cuba%3A+%C2%BFuna+partida+que+EE.UU+ya+perdi%C3%B3%3F

Começa julgamento por acobertamento do ataque a centro judeu argentino

Um tribunal argentino começa nesta quinta-feira (6) a julgar o ex-presidente Carlos Menem e outros 12 acusados por acobertar e desviar provas no processo sobre o atentado contra o centro judeu AMIA, que deixou 85 mortos em Buenos Aires, em 1994.

Menem, no entanto, não compareceu à primeira audiência, e o anúncio de sua ausência por problemas de saúde foi recebido com vaias no tribunal. O advogado de defesa afirmou que seu cliente de 85 anos vai acompanhar a audiência por vídeoconferência.

Outro réu ausente foi o ex-chefe dos serviços de inteligência Hugo Anzorreguy, que também deve seguir a audiência por videoconferência de uma clínica, onde está internado devido a uma infecção.

Junto ao agora senador Menem e Anzorreguy, o destituído juiz Juan José Galeano, que era encarregado da instrução, e um ex-dirigente da comunidade judia figuram entre os réus que enfrentarão o Tribunal Oral Criminal Federal 2 na capital.

Desde 18 de julho de 1994, quando foi realizado o pior atentado da história argentina, em um tradicional bairro comercial de Buenos Aires, parentes das vítimas reclamam justiça.

A Justiça argentina acusa ex-funcionários do Irã de terem organizado o ataque contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) e de terem encarregado o grupo armado libanês Hezbollah de realizar o ataque, algo que Teerã sempre negou.

Mas os que estarão agora no banco dos réus não são acusados do atentado em si, e sim de terem ocultado provas e obstruído as investigações.

Entre outros delitos, os réus são acusados de violação dos meios de prova, falsidade ideológica, acobertamento, abuso de autoridade e peculato e, em alguns casos, coação de testemunhas, privação abusiva da liberdade e prevaricação (por resolver com base em provas adulteradas).

Este é o segundo julgamento relativo ao atentado contra a AMIA, depois que, em 2004 outro processo foi anulado por um tribunal que absolveu todos os acusados argentinos de promover apoio logístico.

Entre eles estava Carlos Telleldín, um vendedor de carros roubados acusado de ter fornecido a picape repleta de explosivos que fez o prédio vir abaixo, causa pela qual voltou a ser processado em 2014.

Telleldín, que já cumpriu dez anos de prisão preventiva, estará novamente no banco dos réus por ter cobrado US$ 400 mil para culpar falsamente vários policiais envolvidos e também absolvidos em 2004.

O ex-juiz federal Juan José Galeano, que estava encarregado da investigação desde o primeiro momento, é acusado pelo pagamento de US$ 400 mil a Telleldín, episódio que foi gravado.

Galeano alegou que este pagamento ilegal era imprescindível para esclarecer o atentado.

Entre os acusados também estarão dois ex-comissários, apontados por terem perdido centenas de horas de escutas telefônicas, dois ex-promotores e, inclusive, Ruben Beraja, que era presidente da Delegação de Associações Israelitas Argentinas (Daia) nos anos 1990.

Menem é acusado de ter recomendado ao juiz que abandonasse a chamada ‘pista síria’, que envolvia o cidadão dessa origem Alberto Kanoore Edul. As famílias de ambos, imigrantes da Síria, mantinham vínculos.

A hipótese síria supõe uma vingança do então presidente da Síria, Hafez El-Assad, a quem Menem negou fornecer material militar sob pressão dos Estados Unidos, apesar de suas promessas pré-eleitorais, quando recebeu uma importante ajuda financeira para sua campanha eleitoral.

Além das pistas iraniana e síria, outra linha jamais investigada apontou para um grupo de extrema-direita argentino.

Sobre o ex-presidente já pesa uma condenação de sete anos de prisão por contrabando de armas para a Croácia e o Equador entre 1991 e 1995, mas isso só será efetivado quando ele perder o fórum privilegiado de senador.

Mistério eterno

Três associações de familiares das vítimas e os policiais falsamente acusados constituem os autores da ação neste julgamento.

Diana Malamud, dirigente da Memória Ativa, que agrupa os familiares de vítimas da AMIA, e viúva do atentado, afirmou que espera por condenações exemplares de prisão para todos os acusados.

“Eles são responsáveis pelo fato de hoje não termos chegado à verdade”, afirmou.

Quase 140 testemunhas falarão durante este julgamento, cujo início demorou três anos desde que acabou a instrução, iniciada em 2000.

A pedido do Memória Ativa, Paulo Vannuchi, observador internacional da Comissão Inter-Americana de Direitos Humanos, estará presente no julgamento.

A questão da AMIA ressurgiu em janeiro passado, quando o promotor da causa desde 2004 foi encontrado morto em seu apartamento, em um episódio ainda não esclarecido.

Ele acusaria a presidente Cristina Kirchner de tentar encobrir os iranianos envolvidos no atentado, ao assinar, em 2013, um memorando entre Buenos Aires e Teerã para permitir o interrogatório dos indiciados no Irã.

A denúncia do promotor morto foi rejeitada em três instâncias judiciais por inexistência do delito.

http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2015/08/06/comeca-julgamento-por-acobertamento-do-atentado-contra-centro-judeu-amia.htm

Ex-mulher de Nisman relata ameaças e chama investigação de ‘circo de desprestígio público’

Sandra Arroyo Salgado mantém posição de que perícia terceirizada comprova assassinato de promotor

BUENOS AIRES – A ex-mulher de Alberto Nisman, a juíza Sandra Arroyo Salgado, afirmou no sábado que ela e as duas filhas que teve com o promotor vêm sofrendo intimidações, e que sua casa pode ter sido invadida. Salgado voltou também a criticar a promotora titular da investigação sobre a morte do ex-marido, Viviana Fein. Ela afirmou que Fein promoveu um “circo de desprestígio público” e está forçando as circunstâncias para uma comprovação de suicídio.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/ex-mulher-de-nisman-relata-ameacas-chama-investigacao-de-circo-de-desprestigio-publico-15725656#ixzz3VjgRlod9
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— Instalei e aumentei em muito as medidas de segurança em casa, com funcionários e empresas privadas. Tem gente em nossa casa, tiram fotos, ruídos. Um vizinho me denunciou que, pelos fundos, pode ter passado gente suspeita — contou à rádio Mitre. — É de se indignar. Minhas filhas estão apavoradas.

Salgado reiterou que Nisman foi assassinado, com base na perícia independente que contratou e inclusive já mudou algumas posturas da investigação oficial.

— Fein está faltando com a verdade. Fein se preocupou mais com o circo de desprestígio público e midiático que com a evidência científica. Faltou com objetividade, legalidade, neutralidade. Tomou condutas processuais extrajudiciais e mantém um interesse manifesto no resultado do processo como suicídio.

Fein, por sua vez, conversou com a rádio La Red. Ela se disse ofendida com as declarações.

— É muito grave, Arroyo Salgado está faltando com respeito. Não tenho dúvidas de que ela quer me tirar do caso. Buscamos a verdade, não tenho interesse particular em nada. Não é possível assegurar um homicídio apenas através do microfone — disse ela, que contestou declarações da juíza sobre as investigações forenses no apartamento.

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Chavistas confirmam conspiração denunciada por Nisman

Três ex-integrantes da cúpula chavista dizem a VEJA que, por intermédio da Venezuela, o Irã mandou dinheiro para a campanha de Cristina Kirchner em troca de segredos nucleares e impunidade no caso Amia#

Há dois meses os argentinos se perguntam o que se passou em 18 de janeiro, dia em que o procurador federal Alberto Nisman foi encontrado morto no banheiro de seu apartamento em Buenos Aires. Apenas quatro dias antes, ele havia apresentado à Justiça uma denúncia contra a presidente Cristina Kirchner e outras quatro pessoas acusadas por ele de acobertar a participação do Irã no atentado terrorista que resultou em 85 mortos e 300 feridos na sede da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), em 1994. No documento, Nisman explica que, além da assinatura de um Memorando de Entendimento que permitiria ao Irã interferir na investigação do caso, a república islâmica queria que a Argentina tirasse cinco iranianos e um libanês da lista de procurados da Interpol. O governo argentino tentou de todas as maneiras desqualificar o seu trabalho. Há três semanas, um juiz recusou formalmente a denúncia feita por Nisman, que havia sido reapresentada por um novo procurador. Sem se preocupar em esconder seu alinhamento político com o governo, o juiz aproveitou o despacho em que recusa a denúncia de Nisman para elogiar a presidente e sua administração.

Tudo indicava que o crime do qual Cristina e outros membros de seu governo foram acusados por Nisman se tornaria mais um dos tantos episódios misteriosos da história recente da Argentina. Um acordo entre países, porém, ainda que feito nas sombras, deixa rastros. Desde 2012, doze altos funcionários do governo chavista buscaram asilo nos Estados Unidos, onde estão colaborando com as autoridades em investigações sobre a participação do governo de Caracas no tráfico internacional de drogas e no apoio ao terrorismo. VEJA conversou, em separado, com três dos doze chavistas exilados nos Estados Unidos. Para evitar retaliações a seus parentes na Venezuela, eles pediram que sua identidade não fosse revelada nesta reportagem. Todos fizeram parte do gabinete de Chávez. Depois da morte do coronel, em 2013, compartilharam o poder com Maduro, com quem romperam depois de alguns meses. Os ex-integrantes da cúpula do governo bolivariano contam que estavam presentes quando os governantes do Irã e da Venezuela discutiram, em Caracas, o acordo que o procurador Nisman denunciou em Buenos Aires. Segundo eles, os representantes do governo argentino receberam grandes quantidades de dólares em espécie. Em troca do dinheiro, dizem os chavistas dissidentes, o Irã pediu que a autoria do atentado fosse acobertada. Os argentinos deviam também compartilhar com os iranianos sua longa experiência em reatores nucleares de água pesada, um sistema antiquado, caro e complexo, mas que permite a obtenção de plutônio a partir do urânio natural. Esse atalho é de grande proveito para um país interessado em construir bombas atômicas sem a necessidade de enriquecer o urânio e, assim, chamar a atenção das autoridades internacionais de vigilância.

Na manhã de 13 de janeiro de 2007, um sábado, contam os chavistas, o então presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, desembarcou na capital da Venezuela para sua segunda visita ao país. Cumpridos os ritos protocolares, Chávez recebeu Ahmadinejad para uma reunião no Palácio de Miraflores, acompanhada apenas pelos guarda-costas de ambos, pelo intérprete e por membros do primeiro escalão do governo venezuelano. O encontro aconteceu por volta do meio-dia, pouco antes do almoço. A conversa durou cerca de quinze minutos. Falaram sobre os acordos bilaterais, os investimentos no setor de petróleo e o intercâmbio de estudantes. Foi então que Ahmadinejad disse a Chávez que precisava de um favor. Um militar que testemunhou a reunião relatou a VEJA o diálogo que se seguiu:

Ahmadinejad – É um assunto de vida ou morte. Preciso que intermedeie junto à Argentina uma ajuda para o programa nuclear de meu país. Precisamos que a Argentina compartilhe conosco a tecnologia nuclear. Sem a colaboração do país, será impossível avançar em nosso programa.

Chávez – Muito rapidamente. Farei isso, companheiro.

Ahmadinejad – Não se preocupe com os custos envolvidos nessa operação. O Irã respaldará com todo o dinheiro necessário para convencer os argentinos. Tem outra questão. Preciso que você desmotive a Argentina a continuar insistindo com a Interpol para que prenda autoridades de meu país.

Chávez – Eu me encarregarei pessoalmente disso.

Os presidentes se levantaram e foram almoçar. Depois disso, voltaram para uma nova reunião. Desta vez, apenas com a presença do intérprete iraniano. Os chavistas asilados em Washington disseram a VEJA ter tido participação direta nas providências tomadas por Chávez para atender ao pedido de Ahmadinejad. Os dois governantes viram na compra de títulos da dívida argentina pela Venezuela, que já vinha ocorrendo desde 2005, uma oportunidade para atrair a Argentina para um acordo. Em 2007, o Tesouro venezuelano comprou 1,8 bilhão de dólares em títulos da dívida argentina. No fim de 2008, a Venezuela estava de posse de 6 bilhões de dólares em papéis da dívida soberana argentina. Para a Argentina o negócio foi formidável, dado que a permanente ameaça de moratória espantava os investidores. Os Kirchner, Néstor e Cristina, fizeram diversos agradecimentos públicos a Chávez pela operação financeira.

Menos refinada e mais problemática foi a transferência direta de dinheiro de Caracas para Buenos Aires. Em agosto de 2007, Guido Antonini Wilson, um empresário venezuelano radicado nos Estados Unidos, foi flagrado pela aduana argentina tentando entrar no país com uma maleta com 800 000 dólares. Ele afirmou, depois, que o dinheiro se destinava à campanha de Cristina Kirchner, que dois meses depois viria a ser eleita presidente da Argentina, sucedendo a seu marido, Néstor. Coincidentemente, Chávez tinha uma visita oficial à capital argentina agendada para dois dias depois da prisão de Antonini. Um dos ex-integrantes do governo chavista ouvidos por VEJA estava com Chávez quando ele foi avisado da prisão por Rafael Ramírez, então presidente da PDVSA, a estatal de petróleo, e hoje embaixador da Venezuela na ONU. Chávez reagiu com um palavrão e perguntou quem tinha sido o “idiota” que coordenou a operação. “A verba era originária do Irã para a campanha de Cristina Kirchner”, diz a testemunha da cena. Ele completa: “Não posso afirmar que ela sabia que o dinheiro era iraniano, mas é certo que tinha consciência de que vinha de uma fonte clandestina”.

Antonini foi solto em seguida e, de volta aos Estados Unidos, procurou o FBI, a polícia federal americana, para explicar-se sobre o episódio da mala. O serviço de inteligência chavista tentou dissuadir Antonini de sua intenção. A operação está descrita no livro Chavistas en el Imperio, do jornalista cubano­-americano Casto Ocando, com base nos autos do FBI sobre Antonini. Segundo Ocando, os agentes de Henry Rangel Silva, chefe do serviço de inteligência, ofereceram advogados a Antonini e, após a recusa, ameaçaram o empresário e seu filho de morte. As conversas com os advogados pagos pelos venezuelanos foram gravadas pelo FBI. Em uma delas, do dia 7 de setembro de 2007, eles dizem que Caracas estava disposta a pagar 2 milhões de dólares pelo silêncio de Antonini. Os espiões foram presos e acusados de conspiração. Em seu livro, Ocando acerta ao concluir que Chávez estava disposto a tudo para encobrir a origem do dinheiro, inclusive assumir a culpa pela remessa, atribuindo-a à PDVSA. O que Ocando não sabia, e agora se sabe, é que os recursos vinham do Irã.

O dinheiro fazia escala na Venezuela da mesma forma que era enviado à Argentina: em malas. Na reunião em que Ahmadinejad pediu a Chávez que atraísse a Argentina para um acordo, os dois presidentes também decidiram criar um voo na rota Caracas, Damasco e Teerã, que depois veio a ser apelidado pela cúpula chavista de “aeroterror”. Entre março de 2007 e setembro de 2010, um Airbus A340 fazia esse percurso duas vezes por mês. Segundo os chavistas ouvidos por VEJA, quando partia de Caracas, a aeronave ia carregada de cocaína. Também eram transportados documentos e equipamentos, sobre os quais os ex-funcionários chavistas não conhecem detalhes. A droga era descarregada na capital da Síria, de onde era redistribuída pelo Hezbollah, um grupo terrorista do Líbano. Desde 2012, quando os primeiros chavistas começaram a se exilar nos Estados Unidos, as autoridades americanas sabem que o narcotráfico suplantou o Irã como principal fonte de financiamento do Hezbollah. Na volta, o Airbus trazia dinheiro vivo e terroristas procurados internacionalmente.

Um dos principais operadores dos voos Caracas-Teerã era o ministro do Interior da Venezuela Tareck El Aissami, hoje governador do Estado de Aragua. A Agência Antidrogas dos Estados Unidos (DEA) colheu diversos depoimentos que apontam o político como o elo entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o Hezbollah. El Aissami tinha como preposto o libanês Ghazi Nasr al-Din, então adido comercial da Embaixada da Venezuela em Damasco. Al-Din, que no fim de janeiro entrou na lista dos mais procurados do FBI, tinha como missão produzir e distribuir passaportes venezuelanos para ocultar a verdadeira identidade dos terroristas que viajavam pelo mundo. Entre os acobertados por ele está o clérigo Mohsen Rabbani, citado por Nisman como executor do atentado à Amia. Foi usando um passaporte concedido por Al-Din que Rabbani visitou secretamente o Brasil pelo menos três vezes. Mesmo com o fim do “aeroterror”, em 2010, a Venezuela continuou fornecendo documentos para acobertar terroristas. Segundo um dos chavistas exilados, em maio de 2013, o governo de Caracas dava guarida a pelo menos 35 integrantes do grupo Hezbollah.

Os chavistas entrevistados para esta reportagem não sabem se os iranianos foram bem-sucedidos em obter as informações sobre o programa nuclear argentino que Ahmadinejad tanto queria. Apesar de eles terem pertencido ao círculo mais próximo do presidente, as discussões sobre esse tema estavam reservadas aos ministros da Defesa da Venezuela e do Irã. Do lado argentino, a interlocutora era a ministra da Defesa Nilda Garré, atualmente embaixadora de seu país na Organização dos Estados Americanos (OEA). Garré é uma e­­x-guerrilheira montonera que se encontrou diversas vezes com Hugo Chávez, mantendo com ele uma relação estreita, que se oficializou em 2005, quando foi nomeada embaixadora da Argentina em Caracas. Segundo um dos desertores chavistas, foi Chávez quem pediu a Néstor Kirchner que indicasse Garré ao posto. Chávez e Garré tinham também uma relação pessoal íntima, que só tem interesse público por ser um dos componentes da aliança política entre os dois países. “Era algo na linha 50 Tons de Cinza“, diz o ex-funcionário chavista. De acordo com ele, quando Chávez e Garré se encontravam no gabinete do líder venezuelano no Palácio de Miraflores, os sons da festa podiam ser ouvidos de longe. Depois de seis meses, Garré voltou a Buenos Aires para assumir a pasta da Defesa. Ficou no cargo até o fim de 2010. “Não posso afirmar que o governo da Argentina entregou segredos nucleares, mas sei que recebeu muito por meios legais (títulos da dívida) e ilegais (malas de dinheiro) em troca de algo bem valioso para os iranianos.” Diz outro chavista exilado: “Na Argentina, a detentora desses segredos é a ex-embaixadora Garré”. Existem semelhanças entre os reatores nucleares de Arak, no Irã, e de Atucha, na Argentina. Ambos foram planejados para produzir plutônio, elemento essencial para a fabricação de armas atômicas, usando apenas urânio natural. A diferença é que Arak deveria ter entrado em operação no ano passado, mas não há indícios de que isso tenha efetivamente ocorrido. O de Atucha funciona desde 1974 e gera 2,5% da energia elétrica da Argentina. A tecnologia nuclear dos argentinos também era útil para pôr em funcionamento a usina de Bushir, inconclusa desde 1979. Bushir foi inaugurada em 2011. Quem sabe a ministra Garré possa dar um quadro mais nítido do acordo Teerã-Buenos Aires costurado em Caracas.

http://veja.abril.com.br/noticia/mundo/chavistas-confirmam-conspiracao-denunciada-por-nisman