Arquivo da tag: #Ásia Central

Cristãos não têm direito a sepultamento

Família teve que desenterrar a mãe de cemitério local porque a comunidade muçulmana não permite o sepultamento de cristãos.

Em um dos países da Ásia Central, uma família cristã vive momentos muito difíceis. Amina* (mãe), morreu recentemente e a família foi impedida de enterrá-la no cemitério local pela comunidade muçulmana. Eles exigiram que ela fosse levada para longe dali. Quando finalmente conseguiram ajuda das autoridades da cidade, que convenceram alguns muçulmanos mais velhos, o problema parecia estar resolvido.

Amina foi enterrada e seus familiares voltaram para casa. Na manhã seguinte, porém, os muçulmanos fizeram uma manifestação contra o sepultamento. Eles gritavam “kafirs” (pecadores) e chamavam os cristãos de traidores. O representante das autoridades voltou durante o dia e decidiu que o corpo fosse retirado daquele cemitério e enterrado em território neutro.

Infelizmente, os filhos tiveram que desenterrar o corpo da mãe e procurar um novo local. A situação desconfortável causou ainda mais dor à família, além do total constrangimento e sensação de vulnerabilidade. Usman*, um líder cristão local esteve com eles para confortá-los e encorajá-los, juntamente com um grupo de cristãos que se disponibilizou a orar com eles.

*Nomes alterados por motivos de segurança.

https://www.portasabertas.org.br/noticias/2016/12/cristaos-nao-tem-direito-a-sepultamento

Crianças cristãs asiáticas são perseguidas nas escolas

A professora acusou os professores e líderes da igreja local de extremismo religioso e assustou bastante as crianças com essas declarações; a situação da igreja na Ásia Central está cada vez mais delicada

23-menina-crianca-morena-asia-central

Em alguns países da Ásia Central, crianças estão sendo perseguidas nas escolas por frequentarem grupos domésticos aos domingos, para aprender as línguas inglesa e russa, que são ministradas tanto para filhos de cristãos quanto de muçulmanos. As aulas proporcionam também uma oportunidade para alcançar seus corações através do evangelho e do amor de Cristo. Mas quando uma das professoras da escola onde essas crianças frequentam ficou sabendo, ela fez sérias acusações e os ameaçou dizendo que, se participassem dos grupos domésticos novamente, ela informaria a polícia e o diretor da escola. Ela ainda enfatizou que os alunos seriam expulsos e que os cristãos seriam presos.

A professora também acusou os professores e líderes da igreja local de extremismo religioso e assustou bastante as crianças com essas declarações. A situação da igreja na Ásia Central está cada vez mais delicada. Em maio, a Portas Abertas divulgou uma matéria que contava a história de um menino de apenas 6 anos que gostava de louvar a Deus. “Já estivemos na delegacia por causa de um motorista de táxi que disse aos policiais que meu filho vivia cantando músicas cristãs”, disse a mãe. Confira na matéria Como impedir uma criança de louvar a Deus?

Essa realidade tem mudado bastante as características da igreja na Ásia Central e, algumas vezes, tem prejudicado até mesmo os eventos realizados por ela. Recentemente, um líder cristão de outra cidade, juntamente com seus colaboradores realizaram um evento onde ocorreu um conflito com a professora. Ao chegarem lá, foram recepcionados por apenas dois fieis, porque os demais estavam com medo de serem presos. A cada dia que passa o termo “cristão secreto” se torna mais comum entre os asiáticos e a liberdade religiosa é algo cada vez mais distante para eles.

https://www.portasabertas.org.br/noticias/2016/09/criancas-cristas-asiaticas-sao-perseguidas-nas-escolas

Cristãos não podem ser enterrados em cemitério

Ex-muculmanos convertidos ao cristianismo sofrem grande perseguição religiosa.

27-asia-central-0430103190

Na Ásia Central, boa parte da perseguição religiosa gira em torno de ritos funerários. Os cemitérios são geralmente controlados por líderes religiosos locais, que se recusam a enterrar cristãos que se convertem do islamismo. As famílias dos convertidos fazem grande pressão para que eles retornem ao contexto muçulmano, para assim garantirem a sepultura de seus pais, irmãos e filhos.

Na zona rural do Egito, muitos tribunais locais dispensam muçulmanos e prendem cristãos pelo mesmo crime cometido por ambos. Além disso, quem segue o cristianismo perde seus direitos básicos como educação, saúde, emprego e até mesmo a documentação. No Turcomenistão, que é considerado um dos locais mais restritivos do mundo, não há liberdade de informação ou imprensa e os cristãos são altamente vigiados.

Isto acontece com a maioria dos países da Ásia Central que ainda contam com a desvantagem geográfica de se localizarem nas linhas de ataque. O Afeganistão, por exemplo, teve províncias tomadas por forças do Talibã que pretendem impor a lei sharia a todos os cidadãos. Não é fácil manter a fé nestes países e os cristãos não se sentem seguros nas igrejas, que normalmente são os focos dos ataques, preferindo assim viver um cristianismo secreto e marcando encontros clandestinos para conseguirem um tempo de comunhão com os irmãos. Interceda por eles.

https://www.portasabertas.org.br/noticias/2016/01/cristaos-nao-podem-ser-enterrados-em-cemiterio

Autora de livro sobre o Estado islâmico desvincula o expansionismo terrorista do “salafismo radical”

‘Há uma aliança jihadista em formação’

Autora de livro sobre o Estado Islâmico prevê expansão do grupo para o Cáucaso e outras regiões da Ásia e critica ‘fracasso da liderança do Ocidente’

Especialista em terrorismo e autora do recém-lançado “A Fênix Islamista: o Estado Islâmico e a reconfiguração do Oriente Médio” (Ed. Bertrand Brasil), a italiana Loretta Napoleoni afirma que o Estado Islâmico (EI) está em fase de expansão, aglutinando outros grupos jihadistas sob sua influência.

Quase um ano se passou desde o anúncio da criação do califado na Síria e no Iraque. Já é possível ter uma ideia do quão grande e poderoso o Estado Islâmico pode ficar nos próximos anos?

Sim, o que vemos agora é a formação de uma frente global no mundo muçulmano com o grupos como o Boko Haram, os grupos líbios e parte da al-Qaeda na Península Arábica jurando aliança ao Estado Islâmico. Acho que nos próximos meses teremos uma expansão dessa frente para o Cáucaso, a Ásia Central, países como o Afeganistão e o Paquistão, e o Sudeste Asiático. As características dessa frente não seriam necessariamente ligadas ao salafismo radical, mas sim uma forma do Estado Islâmico se apresentar como um elemento anti-imperialista contra as oligarquias corruptas do mundo muçulmano e os poderes estrangeiros que os apoiam.

O Estado Islâmico recebeu apoio de grupos de diversas partes do mundo como a Nigéria, o Iêmen e as Filipinas. Esse apoio fortalece a posição do grupo na Síria e no Iraque ou podemos ver o início de “colônias do califado” se espalhando pelo planeta?

A aliança dos grupos funciona como uma espécie de federação. O Boko Haram não vai receber ordens diretas do califa, mas eles estarão ligados ideologicamente, combinarão estratégias e estarão em constante comunicação, ainda que definitivamente não estejamos falando dos Estados Unidos do Estado Islâmico. A meta é nos assustar, já que somos o inimigo comum, e essas alianças fazem o Estado Islâmico parecer muito mais forte do que ele realmente é. Será uma federação sob o nome do califado, mas na qual todas os envolvidos serão independentes, até porque qualquer um pode abraçar a bandeira do grupo.

O Estado Islâmico recebeu um enorme contingente de jihadistas europeus. Como esses combatentes, que cresceram em sociedades com valores ocidentais, podem influenciar a formação do novo Estado na Síria e no Iraque?

Os jihadistas europeus saem de um cenário de enorme marginalização e se tornam importantes no combate, mas é isso o que eles fazem: combater. Há uma clara divisão de trabalho na estrutura do Estado Islâmico. Os estrangeiros estão envolvidos na luta e nas negociações de reféns ocidentais, mas não têm poder de comando. A administração, se é que podemos chamá-la assim, está toda nas mãos de iraquianos, e a parte burocrática do Estado Islâmico está toda nas mãos de locais. Nenhum estrangeiro vai impactar as políticas do grupo.

Ao contrário da al-Qaeda, que realizava atentados em países ocidentais, o Estado Islâmico tem se mostrado menos atuante no chamado “terrorismo clássico”, ainda que ataques de “lobos solitários” aliados ao grupo tenham acontecido no Canadá, na França e na Tunísia. Até que ponto o Estado Islâmico é uma verdeira ameaça para a segurança dos países ocidentais?

O Estado Islâmico em si não é uma ameaça. Não estamos falando da possibilidade de invasões em países ocidentais. A ameaça real são mais ataques como esses, que o grupo saberá explorar, como aconteceu na Tunísia, onde os atiradores tinham turistas estrangeiros como alvos. A narrativa apresentada pelos políticos é muito semelhante à usada pelo governo britânico contra o IRA nos anos 1970. Havia centenas de pessoas morrendo todos os anos, é verdade, mas a percepção que o Reino Unido tinha na época e que o Ocidente tem hoje, de que as estruturas políticas estão ameaçadas, é errada.

No livro, o Estado Islâmico é apresentado como um grupo capaz de equilibrar a violência e a barbárie com programas assistencialistas e um cuidado pela infraestrutura dos territórios dominados. Como acontece esse equilíbrio?

Há perseguição contra as minorias, mas não chamaria a relação que o Estado Islâmico mantém hoje com a população sob seu controle, de opressão, uma vez que são sunitas lidando com sunitas ou membros de minorias que se converteram. É uma população muito homogênea, e isso facilita o controle sobre o território. Há muito envolvimento dos líderes tribais locais, e sem a permissão desses líderes, o Estado Islâmico não teria chegado a lugar nenhum. Os líderes tribais perceberam que poderiam se beneficiar da ascensão do Estado Islâmico e foram muito eficazes ao estabelecer sua liderança junto ao grupo.

Em “A Fênix Islamista”, você destaca a habilidade do Estado Islâmico de se tornar independente de seus financiadores ao assumir o controle da região. É possível dizer que a guerra contra o grupo não é apenas militar, mas também econômica?

Não, porque agora já é tarde demais para uma batalha econômica. Cometemos erros gravíssimos. Deveríamos estar atentos ao que estava acontecendo na Síria e nos países do Golfo Pérsico, mas não prestamos atenção suficiente. O Estado Islâmico tem o controle do petróleo e do contrabando nas mãos. Agora, a única maneira de derrotá-los economicamente seria arrasar o território, mas para isso seria necessário atingir a população civil, o que de certa forma já é o que estamos fazendo agora. No entanto, essa nunca poderia ser uma política oficial.

Os curdos da Síria acusam a Turquia de apoiar o Estado Islâmico. A mesma acusação foi feita pelo ex-presidente iraquiano Nouri al-Maliki com relação aos sauditas, e o secretário americano de Estado, John Kerry, afirmou que as tropas de Assad evitaram enfrentar o grupo para enfraquecer o Exército Livre da Síria. Quem realmente está apoiando o Estado Islâmico?

É um movimento jihadista global. Não há nenhum poder estabelecido patrocinando o Estado Islâmico e o motivo para isso é simples: o grupo é uma ameaça a todos eles. O califa é encarado como um descendente direto de Maomé, e acima dele só estariam Alá e seu profeta. Apesar das acusações, o clã dos Saud sabe que, uma vez estabelecido, o califado não se relacionará com ninguém em níveis de igualdade. Certamente há pessoas poderosas que acreditam que possam um dia se beneficiar com o crescimento do Estado Islâmico, mas nenhuma delas representa um governo.

O fato do combate ao Estado Islâmico ter colocado lado a lado inimigos como os Estados Unidos e o Irã pode trazer melhorias a essas relações?

Acho que negociar com o Irã neste caso foi um enorme erro. Não há nenhum estratégia de longo prazo e trazer os iranianos para o combate é uma medida muito perigosa. Esse é o tipo de política externa que nos levou à situação que vivemos hoje. O que você acha que acontecerá quando as forças iranianas se instalarem no Iraque? Elas irão galvanizar toda a resistência sunita, e fortalecer o Estado Islâmico fazendo com que a situação no Norte do Iraque se degenere em uma nova guerra.

O Estado Islâmico não precisa que Assad perca a guerra. Ele já provou que pode se estabelecer sozinho, e isso é um exemplo do fracasso de liderança global do Ocidente. Todos seguem os Estados Unidos, e os países europeus não parecem ter noção do que estão fazendo.

http://oglobo.globo.com/mundo/ha-uma-alianca-jihadista-em-formacao-15661352