Numa declaração oficial às 21h em Washington, Trump afirmou que deu ordem às Forças Armadas norte-americanas para atingir “alvos específicos associados à capacidade de produzir armas químicas do ditador sírio, Bashar al-Assad”.
“Há um ano, Assad lançou um ataque químico contra o seu próprio povo, contra inocentes. Os EUA responderam com 58 ataques de mísseis que destruíram 20% da Força Aérea Síria”, acrescentou Trump. O recurso a armas químicas ter-se-á então repetido no último sábado, na cidade de Douma, atribuído a Assad por Trump e pelos seus aliados.
“A nossa informação foi corroborada por múltiplas fontes. O ataque matou e feriu milhares de civis inocentes. Vídeos e imagens mostram resquícios de pelo menos duas bombas de gás cloro no ataque, coincidentes com bombas de ataques anteriores“.
Para a Casa Branca, o mais recente ataque do Presidente sírio constituiu uma “acentuada escalada no recurso a armas químicas” e, depois de uma semana de tensões e ameaças, os bombardeios dos aliados acabaram por se concretizar. Foi um “ato único“, como o qualificou Jim Mattis, secretário de Defesa norte-americano, para enviar “uma mensagem muito forte a Assad“.
Horas mais tarde, o Pentágono viria a detalhar que o ataque teve três alvos: um centro de investigação científica, perto de Damasco; um depósito de armas químicas situado a Oeste de Homs; e um outro armazém de armas químicas e um “importante centro de comandos“, ambos situados perto do depósito de armas químicas a Oeste de Homs.
Reações da Rússia e Irã
O embaixador da Rússia nos Estados Unidos, Anatoly Antonov, disse em resposta aos ataques aéreos de precisão dos EUA, França e Grã-Bretanha na Síria no sábado que “Toda a responsabilidade por essas conseqüências cairá sobre Washington, Londres e Paris“.
“Os EUA, um país com o maior arsenal de armas químicas, não têm o direito moral de culpar outros países“, disse ele, acrescentando que os ataques são uma ameaça para Moscou.
Também respondendo aos ataques, o Irã alertou para as “conseqüências regionais“, informou a AFP.
A embaixada russa nos EUA divulgou um comunicado dizendo que “nós alertamos que tais ações não serão deixadas sem consequências“, acrescentando que Washington, Paris e Londres serão responsabilizados por eles.
“Insultar o presidente da Rússia é inaceitável e inadmissível“, disse o comunicado. “Os EUA – o possuidor do maior arsenal de armas químicas – não têm o direito moral de culpar outros países”.
Em um discurso televisionado da Casa Branca, Trump disse: “Para o Irã e para a Rússia, eu pergunto: Que tipo de nação quer ser associada ao assassinato em massa de homens, mulheres e crianças inocentes?“
Com o ataque, o presidente dos EUA, Donald Trump, desafia os dois principais aliados da Síria por causa de sua associação com o ataque a gás que teria sido conduzido pelo governo do presidente Bashar al-Assad.
Entre os oito alvos reportados foram atacados bases militares, institutos de pesquisa e instalações de armazenamento de armas químicas na Síria.
Os meios de comunicação estatais na Síria informaram que os ataques são “uma violação flagrante do direito internacional e demonstram o desprezo destes países por esta lei“. A televisão síria transmitiu fotos do centro de Damasco, Aleppo e outras cidades que mostraram rotina apesar dos ataques.
Agitando bandeiras sírias e imagens de Bashar al-Assad, alguns sírios foram para a Praça Al-Amawin em Damasco e elogiaram seu líder na denúncia do ataque.
A oposição síria disse à agência de notícias DFA que os ataques liderados pelos Estados Unidos eram uma mensagem para a administração russa e para os iranianos, “que provaram que as potências ocidentais poderiam agir como iguais ao Conselho de Segurança da ONU“.