Ao menos 27 pessoas morreram, incluindo médicos e crianças; um sírio morre a cada 25 minutos, diz ONU
ALEPPO — Um hospital sírio apoiado pela Médicos Sem Fronteiras (MSF) e pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) foi destruído em um ataque aéreo em Aleppo, matando pacientes e médicos, incluindo um dos últimos pediatras remanescentes na parte controlada pelos rebeldes da cidade. Após o bombardeio, a ONU alertou para a “deterioração catastrófica” em Aleppo e para o drama no país: segundo as Nações Unidas, uma pessoa morre a cada 25 minutos na Síria.
Abdul Halim al-Attar com a filha, depois de ficar conhecido devido a um flagra no Twitter
O número de mortos no hospital diverge, com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) apontando ao menos 27 e a MSF, 14. Dentre as vítimas fatais, estariam três crianças e três médicos.
Dezenas de pessoas que estavam em um prédio ao lado do hospital al-Quds também foram atingidas pelo bombardeio. O número de óbitos pode chegar a 40, segundo Bebars Mishal, da Defesa Civil.
Jan Egeland, chefe da ajuda humanitária das Nações Unidas para a Síria, disse ter sido informado sobre “a deterioração catastrófica em Aleppo ao longo das últimas 24 e 48 horas”.
— Ninguém duvida da gravidade da situação — afirmou Egeland, alertando que grande parte da ajuda humanitária ao país está em risco. — Muitos trabalhadores humanitários estão sendo bombardeados, mortos e mutilados no momento em que a ajuda para milhões de pessoas também já está em jogo.
O último ataque é parte de um padrão mais amplo de ataques sistemáticos a hospitais pelas forças do ditador Bashar al-Assad, enquanto a situação humanitária na dividida capital comercial síria se agrava sob intenso combate.
“O recente ataque ao hospital al-Quds, apoiado pelo CICV, é inaceitável e, infelizmente, esta não é a primeira vez que os serviços médicos que salvam vidas foram atingidos”, disse Marianne Gasser, chefe da missão do CICV na Síria. “Exortamos todas as partes a poupar os civis. Não ataque hospitais, não use armas que causam danos generalizados. Caso contrário, Aleppo será empurrado ainda mais para a beira de um desastre humanitário”.
A MSF, por sua vez, condenou o bombardeio em uma série de tuítes, advertindo que o número de mortos poderia aumentar. De acordo com a ONG, o hospital al-Quds era o centro de referência para pediatria e tinha 8 médicos e 28 enfermeiros.
Nem o CICV nem a MSF apontaram culpados pelo ataque, mas as forças aéreas sírias e russas realizaram quase todos os ataques aéreos no Leste da cidade, controlado pela oposição. Uma fonte militar síria negou que aviões de guerra do governo tinham sido utilizados nas áreas onde foram relatados os bombardeios.
O governo sírio considera quaisquer instalações médicas em território controlado pelos rebeldes como alvos militares legítimos, alegando que são ilegais. Hospitais nesses locais estão se recusando a compartilhar as coordenadas com as autoridades russas e sírias devido a repetidos ataques, temendo os hospitais se tornem alvos.
Em 2013, a comissão independente de inquérito da ONU investigando supostos crimes de guerra na Síria disse que os bombardeios contra instalações médicas estavam sendo usados sistematicamente como uma arma de guerra pelo regime de Assad. Ataques de ambos os lados em instalações médicas não diminuíram nos últimos meses.
Em fevereiro, a MSF informou que um total de 94 ataques atingiram instalações apoiadas pela organização em 2015.
Outros ataques foram relatados na cidade nesta quinta-feira. A agência de notícias estatal síria Sana informou que 9 pessoas foram mortas em bombardeios rebeldes em áreas residenciais de Aleppo.
BOMBARDEIOS ATINGEM CIVIS NA SÍRIA
O OSDH, um grupo de monitoramento com sede em Londres, informou que 91 civis foram mortos em ataques aéreos perpetrados pelas forças leais a Bashar al-Assad nos últimos seis dias em Aleppo, e 49 civis foram mortos em bombardeios rebeldes em áreas controladas pelo governo.
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