Jovem que lidera lista de extremistas judeus mais procurados foi preso acusado de participar de grupo radical
TEL AVIV — O governo israelense permitirá interrogatórios mais duros a judeus suspeitos de propagarem violência contra palestinos e, possivelmente, deixará a polícia agir com força contra os detidos, informou o ministro do Interior nesta segunda-feira. Horas depois do anúncio, a polícia prendeu o radical de direita Meir Ettinger, que lidera a lista dos mais procurados extremistas judeus acusados de terrorismo pelo serviço de segurança Shin Bet. No entanto, não ficou claro se ele tem qualquer ligação com um incêndio criminoso que matou um bebê na Cisjordânia em um suposto ataque de ultranacionalistas.
Segundo a Inteligência israelense, o jovem de 24 anos é neto do extremista de direita que planejou uma série de ataques contra palestinos em 2014. Ettinger foi preso com a ajuda da força policial especial na Judeia e do distrito de Samaria e levado para interrogatório pela suposta participação em um grupo judeu radical. Ele já havia sido réu de um processo no ano passado, quando foi proibido de circular em Jerusalém e na Cisjordânia, se mudando para Safed.
Além disso, a organização da qual ele participa estaria envolvida no incêndio de 18 de junho a uma igreja na Galileia, informou uma fonte de segurança que não esclareceu se ele estava envolvido no incêndio de sexta-feira na aldeia de Duma, na Cisjordânia. Após o ataque criminoso, o governo israelense colocou vários radicais de direita sob detenção administrativa, incluindo Ettinger.
As ações ocorrem um dia depois de o gabinete de segurança aprovar a prisão de cidadãos israelenses suspeitos sem direito a julgamento, prática antes era reservada a palestinos. Segundo um comunicado do governo, a medida pretende “dar os passos necessários para levar os responsáveis à Justiça e prevenir novos ataques no futuro”.
— Qualquer ação realizada contra terroristas palestinos deve ser feita com terroristas judeus — disse o ministro da Segurança Interior, Gilad Erdan.
Após o incêndio criminoso que matou um bebê de 18 meses na sexta-feira, Netanyahu ficou sob crescente pressão para reprimir grupos judeus de extrema-direita. Os pais do bebê e o irmão, de 4 anos, ficaram gravemente feridos no ataque na localidade de Duma, na Cisjordânia.
Crianças palestinas acendem velas para bebê de 18 meses morto em incêndio na Cisjordânia – IBRAHEEM ABU MUSTAFA / REUTERS
Ninguém assumiu responsabilidade pelo atentado, mas uma mensagem com a palavra “vingança” em hebraico na parede liga o crime a episódios passados de vandalismo e outros crimes de ódio promovidos por jovens fanáticos judeus que perseguem árabes, cristãos, ativistas pela paz ou propriedades do Exército israelense. O gabinete classificou o incêndio de “ataque terrorista sob todos os aspectos”.
PRESIDENTE AMEAÇADO
Nesta segunda-feira, a polícia israelense abriu uma investigação sobre as ameaças publicadas em redes sociais contra o presidente do país, Reuven Rivlin, que condenou o “terrorismo judeu” depois do incêndio. Na ocasião, Rivlin postou em seu Facebook um texto, em árabe e hebraico, intitulado “Mais que vergonha, sinto dor”.
“A dor do assassinato de um pequeno bebê, a dor de ver meu povo escolher o caminho do terrorismo e perder sua humanidade”, escreveu ele sobre o ataque.
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A iniciativa não foi bem vista por várias pessoas, que criticaram o presidente. Entre os mais de 2.000 comentários no texto, muitos o tacharam de “taidor”.
“Traidor sujo. Teu final será pior que o de Ariel Sharon (o ex-premier israelense morto depois de passar 8 anos em coma)”, ameaçou um usuário.
Um ativista de extrema-direita matou em 1995 Isaac Rabin, o premiê na ocasião, durante uma concentração a favor da paz em Tel Aviv. A ação ocorreu depois de uma violenta campanha da direita contra os acordos de Oslo, assinados dois anos antes com os palestinos.
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