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Fome no Iêmen está prestes a ser a mais grave do mundo em 100 anos

Ao menos 22 milhões de pessoas dependem atualmente de ajuda humanitária para sobreviver no Iêmen, em guerra civil desde 2015

Iêmen, país que vive três anos de uma violenta guerra civil, está prestes a se tornar a maior crise de fome no planeta em cem anos, se os bombardeios da coalizão liderada pela Arábia Saudita, e que tem o apoio dos Estados Unidos, Reino Unido e França. O alerta veio da Organização das Nações Unidas no início desta semana. De acordo com estimativas recentes da entidade, 18 milhões de pessoas vivem em “insegurança alimentar”.

Lise Grande, diretora de ajuda humanitária da ONU no país,  prevê que a fome possa se alastrar pelo Iêmen nos próximos três meses. Atualmente, cerca de 13 milhões de pessoas estão ameaçadas de carência alimentar. “Muitos acreditavam ser inimaginável que em pleno século 21 veríamos uma crise de fome como na Etiópia e em partes da União Soviética”, disse ela em entrevista à rede de notícias BBC e repercutida pelo jornal britânico The Guardian.

Guerra no Iêmen

Um dos países mais pobres do mundo, o Iêmen está em conflito desde idos de 2015, quando rebeldes huthis se levantaram contra o presidente iemenita Abedrabbo Mansour Hadi. A guerra civil se agravou na medida em que os diferentes lados passaram a ser apoiados por diferentes potências militares em 2015. Do lado dos huthis, que conseguiram se consolidar e controlar grandes territórios no país (a capital Sana, inclusive), está o Irã e do lado do governo, que ganhou reconhecimento internacional, a coalizão saudita.

Os efeitos desse conflito na população civil têm sido devastadores. O país sofre uma série de sanções que vêm dificultando o acesso à ajuda humanitária nas áreas emergenciais, vive uma onda de recrutamento de crianças para servirem como soldados. Desde 2015, ao menos 10 mil pessoas foram mortas no conflito, 2.200 delas crianças, e 22 milhões dependem de assistência de organizações não governamentais para sobreviver.

A coalizão saudita é frequentemente acusada pelos rebeldes de engajar em bombardeios e ataques que causam fatalidades civis. Como resultado, o Conselho de Direitos Humanos da ONU começou a investigar possíveis crimes de guerra no Iêmen. Embora reconheça que as ações da coalizão são as que mais afetaram civis, o órgão nota que os rebeldes também são potencialmente culpados por esses crimes.

Com imagem e informações Exame

Nigéria: grupo muçulmano bloqueia esforços da ONU para ajudar dois milhões de pessoas à beira da fome

Jihad vem em primeiro lugar. Deus quer a área islamizada. As pessoas famintas não devem ser impedidas de se opor a isso.

“Boko Haram prende pessoas famintas na Nigéria, alerta a ONU” , AFP , 18 de maio de 2017 (graças à The Religion of Peace ):

Dois milhões de pessoas estão à beira da fome no nordeste da Nigéria, mas os esforços para alcançar alguns estão sendo frustrados pelos jihadistas de Boko Haram, disse a agência de alimentos da ONU nesta quinta-feira.

Mais de 20 milhões de pessoas na Nigéria, Sudão do Sul, Somália e Iêmen estão em áreas atingidas pela seca e estão passando fome ou estão em alto risco de fome na “maior crise que vimos nos últimos 50 anos”, disse Denise Brown , Coordenador de emergências do Programa Alimentar Mundial da ONU.

“Enquanto eles estão todos em dificuldade, o nordeste da Nigéria é um que tem sob a nossa pele no PMA”, acrescentou.

Cerca de 1,8 milhão de pessoas na área são classificadas como “à beira da fome”, disse ela, e o PAM está conseguindo fornecer apoio de algum tipo para 1,2 milhão deles – embora precise desesperadamente de mais fundos.

“Mas há várias centenas de milhares de pessoas que estão em três áreas na Nigéria, nas fronteiras com o Níger e o Chade, que não conseguimos chegar devido ao conflito ativo”, disse ela, colocando a cifra em cerca de 600 mil pessoas.

Boko Haram lançou uma revolta no nordeste da Nigéria em 2009 e começou a adentrar em áreas fronteiriças no vizinho Chade, Níger e Camarões. O conflito na área do lago Chad deixou 20.000 povos mortos desde então ….

https://www.jihadwatch.org/2017/05/nigeria-muslim-group-blocks-un-efforts-to-aid-two-million-people-on-brink-of-famine

Síria: 100.000 civis ainda bloqueados pelos combates em Alepo

De acordo com o ministério russo da Defesa, cerca de 10.500 civis sírios fugiram, nas últimas 24 horas, das partes do leste de Alepo ainda controladas pelos rebeldes. A informação carece, no entanto, de verificação independente.

A ONU estima que cerca de 100.000 pessoas estão ainda bloqueadas numa área cada vez mais reduzida da cidade, quase sem acesso a alimentos, água e cuidados médicos.

Um homem que escapou de Alepo diz que “as pessoas que se juntaram aos grupos armados fizeram-no pelo salário, comida e bebida e para se protegerem de abusos. Os grupos maltratam os que não o fazem e têm o monopólio sobre a comida, que vendem [aos civis]”.

Outro afirma que “tentaram de tudo” para o obrigar a voluntariar-se, mas ele recusou e foi agredido.

Segundo a ONU, grupos rebeldes e “jihadistas” tentam impedir os habitantes de abandonar a área dos combates, chegando a disparar sobre os que fogem, e há também relatos de “centenas de homens desaparecidos” depois de passarem para áreas controladas pelo regime sírio.

http://pt.euronews.com/2016/12/10/siria-100000-civis-ainda-bloqueados-pelos-combates-em-alepo

“Vivemos com 200 gramas de arroz por dia”

Sitiada há um ano pelo regime, a cidade de Madaya virou símbolo do sofrimento da população civil na guerra síria. Em entrevista à DW, jovem morador fala sobre as dificuldades de sobrevivência.

A cidade de Madaya se tornou um símbolo do sofrimento da população civil na Síria: ela está cercada há mais de um ano pelas forças do regime do presidente Bashar al-Assad, e seus 40 mil habitantes lutam pela sobrevivência e contra a falta de alimentos.

Em janeiro, as Nações Unidas alertaram para o drama na cidade, onde havia relatos de crianças desnutridas e pessoas morrendo de fome. O sírio Rajaii Bourhan, de 26 anos, vive em Madaya. Em entrevistas à DW, ele contou como é sobreviver com 200 gramas de arroz por dia e sem eletricidade e gás.

DW: Madaya está sitiada há mais de um ano. Pela primeira vez em seis meses, a ajuda humanitária chegou à cidade, no fim de semana. Como foi a reação dos moradores e qual era o item mais necessitado?

Rajaii Bourhan: Há uma palavra em árabe para isso: eid, dia de celebração. A ONU nos trouxe açúcar e farinha de trigo, esses eram os itens mais importantes. Agora podemos fazer pão novamente. Esperávamos há muito tempo por isso. Não tínhamos mais nada além de arroz e triguilho.

Porção de 200 gramas de arroz é alimentação diária em MadayaPorção de 200 gramas de arroz é alimentação diária em Madaya

Os ingredientes trazidos no fim de semana devem durar um mês ou um mês e meio. Racionamos nossos estoques para termos comida pelo maior tempo possível. Além disso, recebemos grão de bico, remédios e carregadores de bateria solares para nossos celulares.

No início do ano, a imprensa noticiou bastante a sobre a crise de fome e relatos de pessoas morrendo por falta de comida. Como está a situação agora que chegou a ajuda?

A vida em Madaya é parecida com na antiga União Soviética: comemos sempre as mesmas coisas. Cada pessoa recebe entre 200 e 300 gramas de arroz ou triguilho por dia, cozinhados sem sal ou azeite. Às vezes, não quero comer nada e vou para a cama com fome, porque não aguento mais arroz. Eu costumava malhar, era até encorpado, pesava 93 quilos. Agora, estou bem magro, emagreci muito.

Rajaai Bourhan vive há dois anos em MadayaRajaai Bourhan vive há dois anos em Madaya

Há médicos ou um hospital na cidade?

Não há hospital, há apenas uma clínica de saúde. Temos um dentista que ainda não é formado e um veterinário, mas não há médicos. Os dois fazem o melhor que podem e cuidam das pessoas.

Como você descreveria o cotidiano numa cidade sitiada? As pessoas trabalham? O que os moradores fazem durante o dia?

Não temos eletricidade e também não há trabalho, mas todos têm hobbies. Eu adoro história, por isso, leio muitos livros. Isso é tudo o que posso fazer. Meus amigos deixaram Madaya há tempos, assim, fico sozinho na maior parte do tempo.

Do que você sente mais falta da sua vida antiga?

Da universidade, adoraria voltar a estudar. Estudava economia em Damasco, mas tive que abandonar os estudos em 2011, porque participei dos protestos contra o regime e fui preso. Depois de dois meses, fui solto, no entanto, não tive coragem para voltar e viver na minha cidade, Al-Zabadani. Então, fugimos. Estou morando em Madaya, com parte da minha família, há dois anos.

Mapa mostra Madaya na Síria

Qual é sua maior preocupação no momento?

Precisamos urgentemente de combustível, o inverno está chegando e não temos como cozinhar ou nos aquecer. Queimamos plástico para cozinhar. Aqui é muito frio no inverno. Temos cobertores, mas precisamos de eletricidade e diesel. A ONU prometeu voltar em breve e trazer um pouco de combustível, esperamos que eles venham antes do inverno.

Há alguma maneira de sair da cidade?

Estamos cercados pelo Exército e pelo Hisbolá. Da minha casa, vejo muitos postos de controle. Muitas pessoas tentaram sair de Madaya e foram mortas ou perderam uma perna por causa das muitas minas terrestres. Talvez sejamos evacuados em algum momento, como as pessoas em Daraya, e levados para o norte.

Embora eu não estude mais, viva em uma casa que não me pertence, coma as mesmas coisas o tempo todo e não faça progresso na vida, continuo querendo permanecer no meu país. Sair seria como se eles tivessem triunfado sobre nós.

http://www.dw.com/pt-br/vivemos-com-200-gramas-de-arroz-por-dia/a-35918602

Síria: ajuda humanitária continua bloqueada

Na Síria a ajuda humanitária continua bloqueada, sem acesso às populações encurraladas nas zonas de conflito, apesar do cessar-fogo.

A chamada rota do Castello é a via mais rápida de acesso aos bairros rebeldes de Alepo, onde 250 mil pessoas estão desde julho sitiadas, mas os camiões com ajuda humanitária continuam a aguardar que o exército sírio e os seus aliados libertem o caminho que lhes permita avançar. O acordo de trégua previa que as forças em conflito se retirassem de uma faixa de 3,5 km, mas isto não foi ainda cumprido.

Em pano de fundo, são esgrimidas as acusações mútuas, com o governo sírio a culpas as forças rebeldes, que afirma não respeitarem a trégua.

O enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, apelou esta quinta-feira a Damasco para que autorize com urgência a entrada em Alepo dos camiões com ajuda humanitária.

De Mistura lembrou que a rota de Castello tem um estatuto especial no acordo Russo-Americano e sublinhou que estão dois grupos de 20 camiões imobilizados, à espera dos salvo-condutos que o governo de Bashar al-Assad não emitiu ainda, e sem os quais os comboios com ajuda humanitária não podem avançar rumo a Alepo.

Outros 40 camiões com alimentos continuam entretanto parados depois de terem passado a fronteira turca, à espera dos salvo-condutos que Damasco não enviou ainda.

Nos bairros rebeldes de Alepo cerca de 250 mil pessoas estão desde julho isoladas sem ajuda humanitária.

http://pt.euronews.com/2016/09/15/siria-ajuda-humanitaria-continua-bloqueada

Resistente a avanços do governo sírio, Daraya é o pesadelo de Assad

Cercada desde 2012, cidade a 15 minutos de Damasco não recebe ajuda humanitária

AUJA, CISJORDÂNIA — Bombas e a fome, promessas de pão e anistia, iscas e porrete: o regime sírio tem tentado de tudo para controlar a cidade de Daraya, próxima da capital, Damasco, mas tudo tem sido em vão. A cidade esteve na linha de frente das manifestações de 2011 contra o presidente Bashar al-Assad e foi uma das primeiras onde se estabeleceu um cerco militar, no fim de 2012

Apesar dos apelos dos habitantes e de advertências da ONU e das organizações de direitos humanos, o governo sempre impediu a entrada de ajuda no território rebelde, a sudoeste da capital. Entretanto, o regime autorizou a assistência a várias outras regiões desde a instauração de um cessar-fogo parcial, no dia 27 de fevereiro.

Dayara fica a 15 minutos de carro do centro de Damasco, e também é muito próxima da base aérea de Mazeh, sede dos serviços de Inteligência da Força Aérea, e sua prisão. Para uma fonte próxima ao governo, essa cidade é uma pedra no sapato do poder.

— Dayara tem um lugar especial no pensamento do governo. O Estado não quer uma trégua, quer conquistá-la, pois a cidade ocupa uma posição muito estratégica — explica, sem rodeios.

Segundo os militantes antigovernamentais dos Comitês Locais de Coordenação, atualmente há combates nos subúrbios da cidade. E de acordo com o site pró-regime al-Masdar, o Exército “prepara uma vasta operação” para capturar Daraya nos próximos dias.

Em novembro de 2012, as forças governamentais “estabeleceram cordões na entrada da localidade e, em dezembro, já não havia caminhos seguros para entrar ou sair”, explica um militante local, Shadi Matar. A cidade perdeu 90% dos seus 80 mil habitantes.

Médico em Daraya, Hosam Jshini indica que os habitantes carecem de tudo e se limitam a comer ervas silvestres.

— Eletricidade? Já nem sabemos o que isso significa. Água? Vem de poços e não é potável. Comida ou leite para as crianças? Não há — lamenta.

Em 12 de maio, Jshini e outros moradores da cidade esperavam ansiosamente a chegada de cinco caminhões, carregados principalmente de leite para bebês e material escolar. Os veículos foram bloqueados na entrada de Daraya.

— A maioria dos combatentes em Dayara pertence aos grupos mais radicais e mais religiosos. É por isso que o Estado crê que a ajuda humanitária nunca chegará aos civis — disse uma fonte próxima ao regime.

Os militantes não aceitam esses argumentos.

— Daraya é conhecida como a escola da revolta, e não da violência — assegura Bisan Fakih. — A nossa resistência é o grão de areia que impede Bashar de silenciar a revolta.

http://oglobo.globo.com/mundo/resistente-avancos-do-governo-sirio-daraya-o-pesadelo-de-assad-19365212

Centenas de refugiados chegam à Croácia em nova rota após Hungria ameaçar mais bloqueios

ZAGREB — A Croácia foi eleita pelos refugiados como a nova rota para conseguir chegar à países da Europa Ocidental, como a Alemanha ou as nações escandinavas, depois que a Hungria fechou suas fronteiras aos imigrantes. O governo croata confirmou nesta quarta-feira a entrada de 277 pessoas a partir da Sérvia, ressaltando que eles serão autorizados a atravessar o território e continuar a jornada, disse o primeiro-ministro Zoran Milanovic. A Hungria, por sua vez, afirmou que erguerá mais muros de fronteira, agora para o lado croata.

— A Croácia está inteiramente pronta para receber ou direcionar estas pessoas para onde elas quiserem ir, que obviamente é a Alemanha ou países escandinavos — disse Milanovic ao Parlamento, descartando a a possibilidade de construir uma cerca na fronteira, como fez a Hungria. — Elas irão conseguir passar pela Croácia e nós vamos ajudar, estamos nos preparando para esta possibilidade.

O país afirma estar preparado para receber três mil imigrantes em vários centros de acolhida. Para ajudar nas operações, o governo croata enviou seis mil policiais para as fronteiras, número que pode aumentar se o governo considerar necessário. Além disso, foram encaminhados para a região fronteiriça com a Sérvia equipes para desativar minas terrestres que sobraram da guerra entre 1991 e 1995.

A Eslovênia, por sua vez, afirmou que não criará um “corredor de segurança”, segundo o ministro do Interior, Vesna Gyorkos Znidar.

Nos últimos meses, a Hungria se tornou o principal país de trânsito para os refugiados que desejam chegar às nações mais ricas do continente. Com essa rota fechada, milhares de imigrantes estão buscando outros caminhos, como a Croácia, que já recebeu centenas de pessoas só nesta quarta-feira a partir da Sérvia.

— Elas irão conseguir passar pela Croácia e nós vamos ajudar, estamos nos preparando para esta possibilidade — disse Milanovic.

Por sua vez, o premier húngaro, Viktor Orban, voltou a ameaçar barrar qualquer passagem por seu país. Após afirmar que estenderá até a Romênia o muro anti-imigrantes que constrói na fronteira, ele garantiu que também barrará porções fronteiriças com a Croácia.

Grupo de imigrantes caminham na Sérvia em direção à fronteira com a Croácia, perto da cidade de Sid – ANTONIO BRONIC / REUTERS

NOVA ROTA

Os imigrantes que entram na Croácia chegam pela cidade de Sid, na fronteira com a Sérvia, depois de atravessarem um extenso campo de milho. Segundo a imprensa sérvia, diversos ônibus que pegam refugiados na fronteira com a Macedônia tiveram suas rotas modificadas para evitar a Hungria, que na terça-feira fechou suas fronteiras e deteve centenas de imigrantes.

As prisões ocorreram após uma nova legislação que impõe penas de prisão àqueles que tentam atravessar a fronteira ilegalmente entrar em vigor. Budapeste também anunciou que deve estender em direção à Romênia o muro de arame farpado que marcou sua rejeição aos refugiados em direção ao país.

A rota através da Hungria era até então a principal utilizada pelos imigrantes que chegam ao continente europeu pela Grécia. Com o caminho fechado, milhares permanecem nos Balcãs buscando outros caminhos, possivelmente através da Croácia ou Romênia. Os dois países são membros da União Europeia, mas não fazem parte do sistema de Schengen, que estabelece a livre circulação de pessoas.

Após chegar à Croácia, a polícia conduziu os imigrantes à cidade de Tovarnik, no Nordeste do país, onde serão registrados e passarão por exames médicos, em caso de necessidade. Segundo as autoridades, entre os refugiados estão mulheres e crianças.

http://oglobo.globo.com/mundo/centenas-de-refugiados-chegam-croacia-em-nova-rota-apos-hungria-ameacar-mais-bloqueios-17503235

Iêmen e rebeldes houthis aceitam iniciar negociações de paz mediadas pela ONU

Bloqueio naval saudita deixa 80% da população do Iêmen sem água e comida.

SANAA — Cerca de 20 milhões de iemenitas — 80% da população — necessitam urgentemente de alimentos, água e assistência médica, num desastre humanitário que alcançou dimensões ainda mais dramáticas com um bloqueio naval imposto pela coalizão árabe que luta contra os rebeldes xiitas houthis no Iêmen. Os dois lados aceitaram começar conversas de paz mediadas pela ONU.

O Iêmen é cenário de confrontos violentos desde que os houthis, apoiados pelo Irã, entraram em setembro na capital, Sanaa, e avançaram até Áden, no Sul, em sua luta contra as forças leais ao presidente Abd Rabbo Mansour Hadi, que se viu obrigado a fugir em março para a Arábia Saudita. Riad lidera há mais de dois meses uma coalizão árabe que bombardeia quase diariamente os houthis e seus aliados no Iêmen.

Nesta sexta-feira, o governo iemenita no exílio e a rebelião xiita dos houthis aceitaram participar em negociações de paz em Genebra sob a mediação da ONU, anunciaram dirigentes dos dois lados.

— Aceitamos o convite das Nações Unidas de negociar sem pré-condições em Genebra — declarou Daifallah al-Shami, do alto escalão político dos houthis.

Os problemas no Iêmen levantam questões sobre o apoio de Washington e de Londres à intervenção da coalizão árabe na guerra civil do Iêmen. O conflito provocou quase duas mil mortes e obrigou mais de 545 mil pessoas a abandonarem suas casas, segundo a ONU.

Os Estados Unidos e o Reino Unido, que apoiam a coalizão liderada pela Arábia Saudita, vêm tentando suavemente pressionar os sauditas a afrouxarem o embargo naval, o que tem surtido pouco efeito. Apenas um pequeno número de navios de ajuda teve permissão para entrar no Iêmen, enquanto o restante da navegação comercial, na qual dependem a maioria da população, está bloqueada.

Apesar de apelos ocidentais e da ONU, os sauditas não desembolsaram os US$ 274 milhões prometidos em ajuda humanitária para o Iêmen. De acordo com estimativas das Nações Unidas, que devem ser divulgadas na próxima semana, 78% da população precisa de ajuda de emergência, um aumento de 4 milhões nos últimos três meses, informou o jornal britânico “The Guardian”.

http://oglobo.globo.com/mundo/iemen-rebeldes-houthis-aceitam-iniciar-negociacoes-de-paz-mediadas-pela-onu-16358444