A presença dos militantes torna a vida cristã ainda mais difícil e as atividades religiosas são cada vez mais arriscadas
A violência de grupos extremistas islâmicos está se espalhando rapidamente pelo Níger. Milhares de civis estão deslocados, campos de refugiados também foram atacados e há crise humanitária em várias regiões. A presença dos militantes torna a vida cristã ainda mais difícil e as atividades religiosas são cada vez mais arriscadas.
Recentemente, o Campo de Refugiados Tabareybarey, das Nações Unidas, que fica ao Sudoeste do país, foi atacado por homens armados não identificados, matando pelo menos duas pessoas. O campo abriga cerca de 10 mil refugiados, a maioria vinda do Mali, que também fugiu da estrema violência do Boko Haram em seu país. Em contrapartida, o exército nigerino matou 38 combatentes do Boko Haram e capturou uma quantidade significativa de armas, numa recente operação em conjunto com o exército do Chade.
Um dos colaboradores da Portas Abertas, comentou: “Ao passo que o Boko Haram se torna menos ativo na Nigéria, ele se torna mais visível no Níger”, disse ele. Os resultados são inúmeras igrejas destruídas e ataques cada vez mais violentos. Os cristãos foram esquecidos pelo governo e suas grandes perdas têm causado muitos traumas. Em suas orações, interceda pelos cristãos perseguidos no Níger.
O grupo extremista está dominando diversas áreas no norte da Nigéria e tem travado uma verdadeira guerra contra os cristãos, que já dura mais de sete anos
Dias atrás, um membro do Congresso dos Estados Unidos disse que vai ajudar a Nigéria, pedindo ao presidente para dar uma resposta americana às insurgências islâmicas que mataram milhares de cristãos na região do lago Chade. “Nós vamos montar um projeto de lei e providenciar um enviado especial para iniciar esse processo”, disse ele. O pedido inicial, no entanto, foi feito pelo ex-deputado dos EUA, Frank Wolf, cuja carreira foi em grande parte dedicada à liberdade religiosa até sua aposentadoria, em 2014.
“A presença de um enviado especial americano poderá ajudar muito na coordenação da assistência necessária em toda a região. Essa mobilização é bem-vinda e desperta a comunidade internacional para a realidade nigeriana, onde a ‘ideologia religiosa fundamentalista’ está se espalhando e fazendo milhares de vítimas, principalmente no nordeste da Nigéria. O Boko Haram está dominando diversas áreas e tem travado uma verdadeira guerra que já dura mais de sete anos”, comenta um dos analistas de perseguição.
De acordo com os relatórios da Portas Abertas, a liderança dos EUA ainda reluta em reconhecer os ataques do Boko Haram como parte de uma “jihad global” e o argumento de pobreza continua a ser a justificativa que mais se destaca quando eles analisam a situação do norte da Nigéria. “Existe um contexto anticristão muito violento e fácil de ser identificado em todos os incidentes em que o Boko Haram está envolvido. Entre as vítimas, cristãos são separados de muçulmanos para serem executados, sejam eles adultos, idosos, jovens ou crianças, o critério é totalmente religioso. Eles têm cometido os piores crimes já vistos e por onde passam causam destruição”, testemunha Emmanuel Ogebe, que é um advogado internacional de direitos humanos, especializado em casos africanos. Ore pelos cristãos nigerianos.
“O dom que temos na África é sermos capazes de sorrir apesar do sofrimento. Se não fosse desta maneira, estaríamos depressivos e sem esperança. Temos muitos problemas, mas quando não somos capazes de resolvê-los, a única solução é confiar em Deus”, expressou o Presidente da Conferência Episcopal da Nigéria, Dom Ignatius Kaigama.
Em sua viagem ao Chile, Dom Kaigama, também Arcebispo de Jos, compartilhou seu testemunho no auditório da Faculdade de História, Geografia e Ciência Política da Universidade Católica no campus San Joaquín.
Philip Hammond teme que presença de grupo jihadista na Líbia fortaleça ações de extremistas nigerianos
ABUJA — Jihadistas do Boko Haram podem reforçar a cooperação com o Estado Islâmico (EI) caso o grupo consiga fortalecer sua presença na Líbia, afirmou um funcionário do governo britânico neste sábado à agência Reuters. No ano passado, o Boko Haram, que há sete anos trava um conflito no Norte da Nigéria, jurou lealdade ao Estado Islâmico.
— Se o EI estabelecer uma presença mais forte na Líbia, criará uma rota uma rota de comunicação direta, que acabará intensificando a cooperação prática entre os dois grupos — disse o ministro do Exterior britânico, Philip Hammond em uma conferência de segurança na Nigéria.
Na sexta-feira, um funcionário do alto escalão do governo americano afirmou que ainda não havia sinais de que combatentes nigerianos estivessem seguindo para a Líbia.
As cerca de 200 meninas e 93 mulheres resgatadas na última terça-feira de bases do Boko Haram por forças de segurança da Nigéria são apenas uma parcela do número total de jovens em poder do grupo. Segundo a Anistia Internacional mais de 2 mil garotas e mulheres foram sequestradas pelos extremistas desde o início do ano passado.
A notícia do resgate das jovens, em uma operação de grandes proporções nas florestas de Sambisa, criou esperanças de que entre elas estariam as 200 estudantes levadas de uma escola em Chibok em abril de 2014.
Quando a carioca Karina Teixeira contou que iria para uma missão humanitária no Chade, muitos de seus amigos e parentes lhe perguntaram se ela estava louca.
Localizado no centro da África, o país, que já sofria com a pobreza extrema, agora tem de lidar com outro problema: os ataques do grupo extremista muçulmano Boko Haram no país vizinho, a Nigéria.
Com o conflito, o Chade vive uma das maiores crises humanitárias da atualidade. Além da pressão causada pela entrada de nigerianos e moradores de outros países vizinhos obrigados a fugir de casa por conta da violência do Boko Haram, há a ameaça constante de ataques suicidas cometidos por meninas sequestradas pelo grupo.
Somente na região do lago Chade (que banha Niger, Camarões, Nigéria e Chade), há mais de 2,7 milhões de deslocados e refugiados.
Ela estava na carroceria de uma camionete, lotada de colegas, enquanto homens armados tentavam levá-las. Seu pai, Daniel, disse a ela que saltasse do veículo – mas a ligação caiu.
Daniel saiu de casa para tentar captar algum sinal de telefone. Quando ligou de volta, um homem respondeu: “Pare de ligar, sua filha foi levada”.
O pai percebeu que o destino da filha estava “nas mãos de Deus”. Tentou ligar de novo no dia seguinte, mas a linha estava inativa.
Embora algumas famílias das garotas desaparecidas tenham autorizado o uso de nomes e fotos, a reportagem trocou os nomes de Jumai e do pai para preservar a identidade deles.
Até o sequestro das meninas, a área de Chibok era relativamente tranquila. O grupo radical islâmico Boko Haram havia atacado vilas ao norte e a leste, mas essa movimentada cidade-mercado havia escapado.
Daniel, que vive em Mbalala, cidade próxima, enviou sua filha à escola em 14 de abril de 2014 para o primeiro de seus exames finais.
Mas naquela noite, em um dos ataques mais organizados do grupo, o Boko Haram atacou o complexo escolar e sequestrou Jumai e 275 de suas colegas.
Escola Pública Secundária para Meninas, Chibok, Nigéria
Sua filha nunca conseguiu saltar da camionete, como algumas meninas que fugiram. Mas Daniel não perdeu a esperança de reencontrá-la. Eles são muito próximos.
“Eu a entendo como ninguém”, diz o pai. “Ela trabalha mais duro do que qualquer um de seus três irmãos e dirige uma moto como um homem.”
Diálogo frio
Há alguns meses, Daniel decidiu tentar ligar para o número da filha mais uma vez. Uma voz de homem respondeu:
“Esse telefone é da minha mulher, o que você quer?”
Dias depois, o pai fez uma nova chamada. O homem respondeu novamente.
“Por que você está ligando para esse número?”, ele perguntou.
Daniel mentiu: “Estou ligando porque conheço você de Maiduguri” – a maior cidade no Estado de Borno.
“Se você me conhecesse não teria ligado para esse número”, respondeu o homem.
Ele disse ser Amir Abdullahi, e se apresentou como um líder militante. Daniel não ligou mais depois disso.
Jumai é natural de Mbalala, cidade a 11 km de Chibok e uma das mais afetadas pelos sequestros. Ao todo, 25 garotas da cidade estão desaparecidas.
Uma cidade movimentada de mercados no passado, onde comerciantes vinham de longe para comprar feijão e gado, hoje tem bancas vazias. As estruturas de madeira das bancas ainda ocupam a praça principal.
Hoje em dia o Exército restringe todas as atividades dos moradores – eles não podem comprar alimentos a granel nem gás de cozinha e geradores não podem funcionar à noite, então as pessoas vão para casa na escuridão.
Sem escolas e sem trabalho, jovens não ficam na cidade caso tenham oportunidade de sair. Meninos buscam trabalho em outros lugares, e meninas tentam se casar o mais cedo possível.
Image copyrightAFPImage captionChibok restringiu as atividades públicas diante da ameaça de atentados suicidas
Tentando se virar com o que podem, mulheres vendem lanches caseiros na beira da estrada.
Quando não estava na escola, Maryam Abubaker costumava ajudar a mãe a vender esses lanches, bolos de feijão e macarrão. No dia em que Maryam foi sequestrada, ela tinha ajudado a mãe antes de ir à escola.
“Ela é uma boa mulher de negócios. É bem preguiçosa na roça, mas ótima com clientes”, disse a mãe.
Aquele seria o último momento recente de Binti com a filha.
A melhor amiga de Maryam é sua meia-irmã Hansatu. Elas faziam tudo juntas, tinham os mesmos amigos e até costuravam roupas para que pudessem combinar os trajes.
Hansatu adorava moda e queria ser uma designer. Logo antes de ser sequestrada, ela havia implorado à mãe por uma máquina de costura.
Depois de seu desaparecimento, seus irmãos e irmãs mais novos viam suas roupas e perguntavam quando ela iria voltar. A mãe acabou guardando as roupas para parar com os questionamentos.
Ela mostra a roupa que Hansatu usaria no casamento de uma amiga, que acabou não acontecendo.
“Vou guardar até elas voltarem”, diz a mãe.
Esses pertences são a única coisa que restou a esses pais. Desde que suas filhas foram levadas, eles não receberam informações do governo sobre o possível paradeiro das meninas.
O último presidente se negou a atender os pais, e a nova administração fez pouco para rastreá-las. A verdade é que ninguém tem ideia de onde elas possam estar.
Para a família de Grace Paul, tudo o que sobrou foi uma foto. Grace tem 19 anos hoje. É uma ótima cantora, segundo seu pai. Adora matemática e quer ser médica.
As meninas na escola de Chibok representavam os jovens mais ambiciosos da vila.
Em um país onde menos da metade dos jovens termina o ensino secundário, elas integram uma minoria que aposta na educação. E algumas tiveram que lutar por isso.
Aisha Greman tinha 17 anos quando foi sequestrada. O pai diz que ela se recusou a casar enquanto ainda estava na escola, embora tivesse recebido propostas.
Trabalhadora dedicada, ela quer cursar universidade para se tornar uma profissional de saúde.
Jinkai Yama é a mais velha entre quatro irmãs. Queria desesperadamente se alistar no Exército e integrava a brigada de cadetes mulheres.
Suas irmãs mais novas perguntam por ela todo o tempo. No mês passado, quando houve relatos sobre uma menina de Chibok encontrada viva em Camarões, estavam convencidas de que era ela. Mas a jovem era de Bama, uma cidade bem mais ao norte.
Quando chove e está escuro, o pai de Jinkai fecha os olhos e tenta imaginar onde a filha está. Como muitos dos pais na cidade, ele quase já perdeu as esperanças.
Ele e a mulher não acreditam que o governo irá fazer qualquer coisa para encontrar as meninas. Se fizer, diz a mãe de Jinkai, eles teriam enviado uma equipe a Camarões o quanto antes – o envio acabou levando três dias.
A falta de confiança é tão grande que abre margem para teorias da conspiração.
O pai de Jumai, Daniel, acredita que o número de telefone da filha seja chave para descobrir seu paradeiro, mas acha que o governo não pode oferecer nenhuma ajuda. Ele se recusa a passar o número ao governo.
Alerta de ataque
O Exército não costuma ir a Mbalala com frequência, mas todo domingo soldados passam para dispersar pequenos comerciantes do mercado. A região está em alerta após uma série de ataques suicidas. Qualquer ponto que possa servir de aglomeração é foco de tensão.
Quando a reportagem visitou o local, o Exército informou que qualquer um poderia ser um terrorista suicida. Ou seja, até meninas. Nos últimos dois anos, muitos dos terroristas suicidas usados pelo Boko Haram eram meninas.
Image captionApós atentados suicidas, Exército agora restringe a formação de aglomerações na região de Chibok
Houve ataques a campos de refugiados e mercados por toda a região. Em fevereiro, o Boko Haram alvejou o mercado de Chibok, matando 13 pessoas.
Para os pais, a suspeita de que as filhas possam ser autoras de ataques não é algo simples de aceitar.
“Eu dei à luz essa menina”, disse a mãe de uma das meninas. “Mesmo se ela se aproximar de mim com uma arma na mão, deixarei que me mate, mas ainda assim irei dar boas vindas a ela.”
Sinal de vida
Nesta semana, um vídeo divulgado pelo Boko Haram mostra o que parece ser algumas das meninas sequestradas em Chibok.
O vídeo, que teria sido gravado em dezembro do ano passado, foi enviado ao governo da Nigéria e mostra 15 garotas em trajes negros, que se identificam como estudantes levadas da escola.
Algumas das jovens foram reconhecidas pelos pais. Caso tenha a autenticidade confirmada, será o primeiro registro das meninas desde maio de 2014.
O sequestro coletivo motivou uma campanha mundial nas redes sociais, com a hashtag #BringBackOurGirls (traga nossas meninas de volta, em tradução livre) e que envolveu personalidades como a primeira-dama dos EUA, Michelle Obama.
CNN divulga imagens gravadas para comprovar que estudantes de Chibok estão vivas
MAIDUGURI, Nigéria — Após terem sido sequestradas pelo autoproclamado califado do Boko Haram há exatamente dois anos, centenas de meninas nunca mais foram vistas por suas famílias na Nigéria. No entanto, a rede CNN divulgou nesta quarta-feira um vídeo gravado para provar que 15 das chamadas estudantes de Chibok estão vivas. Pela primeira vez, parentes de algumas das 270 vítimas do sequestro tiveram a chance de ver imagens destas jovens.
A rede CNN, que obteve o material com exclusividade, mostrou o vídeo às famílias das meninas que aparecem nas imagens. Com seus cabelos cobertos e roupas longas, as jovens fazem uma fila em frente a uma parede amarela e suja. Elas não apresentam sinais de maus-tratos.
No último fim de semana, Rifkatu Ayuba foi uma das mães que finalmente teve notícias da sua filha, hoje com 17 anos:
— Eu queria tirá-la de dentro da tela — disse Rifkatu, que não faz ideia do local para onde sua filha foi levada, à CNN.
Acredita-se que o vídeo tenha sido gravado no último mês de dezembro como parte das negociações entre o Boko Haram e o governo. Segundo o canal americano, o material foi vazado por uma fonte anônima, que quis oferecer um pouco de esperança aos pais que perderam suas filhas e impulsionar o governo a lutar pela sua libertação.
Enquanto a câmera passa pelas jovens sequestradas, um homem pergunta qual é o nome de cada uma delas, qual era seu nome na escola e de onde elas foram retiradas. Calmamente, elas respondem que foram sequestradas da escola secundária de Chibok.
Ao fim do vídeo de dois minutos, uma das meninas faz uma declaração final:
— Estou falando, no dia 25 de dezembro de 2015, em nome de todas as meninas de Chibok e nós estamos bem.
A instabilidade eleitoral poderia criar um ambiente para que os grupos militantes islâmicos agissem com mais violência no país, o que seria muito prejudicial aos cristãos
De acordo com informações do Daily Mail, no mês passado, o presidente Mahamadou Issoufou disputou um segundo mandato no Níger e seus adversários prometeram se unir para derrota-lo. No entanto, ele beirou a maioria absoluta, com 48,4% dos votos, contra os 17,9% de Amadou, atualmente preso por tráfico de bebês, que segundo a oposição é um caso totalmente inventado. No total, havia 15 candidatos disputando a presidência do país.
“Com a contínua ameaça da militância islâmica do Boko Haram, entre outros grupos extremistas da região, as expectativas para estas eleições foram muito elevadas. Mahamadou tem preferência, principalmente porque a imagem do seu principal concorrente está manchada e também porque ele dificulta a imposição de restrições injustas a alguns de seus principais adversários. Mesmo assim, o povo deposita esperanças em seu governo para mobilizar toda a nação na luta contra o Boko Haram”, comenta um dos analistas de perseguição.
Segundo o analista, a instabilidade eleitoral poderia criar um ambiente para que os grupos militantes islâmicos agissem com mais violência no país, o que seria muito prejudicial aos cristãos. O Níger é o 49º da Classificação da Perseguição Religiosa de 2016, onde a violência anticristã se intensificou após a publicação do jornal satírico francês, Charlie Hebdo, que colocou em exposição a imagem do profeta Maomé chorando, em janeiro do ano passado, o que mundo islâmico considerou ser uma provocação. Os protestos começaram em Zinder, a segunda maior cidade do Níger, e rapidamente se espalharam para outras regiões, incluindo Niamey, capital do país. Ore por essa nação.
Forças Armadas têm apertado cerco contra terroristas no Nordeste do país.
ABUJA – O Exército nigeriano anunciou nesta quinta-feira ter libertado 195 reféns do Boko Haram durante operações militares contra o grupo radical islâmico em várias aldeias no Nordeste do país. Vários terroristas também foram mortos, anunciou o coronel Sani Usman, porta-voz das Forças Armadas.
Segundo o Exército, a contraofensiva em várias aldeias no estado de Borno ocupadas pelo Boko Haram resultou no encontro de, além dos 195 reféns, gado, dois caminhões, 180 motocicletas e 750 motocicletas — usadas nos ataques a bomba e em incursões armadas.
Após operações militares na floresta de Sambisa, um dos redutos históricos do grupo em Borno, muitos campos foram desmantelados e centenas de reféns já foram resgatados. O Exército camaronês afirmou ter realizado nesta semana uma operação semelhante, com sucesso.
Na Nigéria, o país mais populoso da África — com 170 milhões de habitantes —, a insurgência do Boko Haram, que se afiliou ao Estado Islâmico, custou mais de 17 mil vidas em seis anos.