Presidente pede união dos americanos e adverte contra ideologias extremistas violentas.
WASHINGTON — O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu neste sábado que os investigadores federais vão descobrir o que motivou um casal na Califórnia a matar 14 pessoas a tiros, e pediu aos americanos para ficarem unidos após os ataques. O massacre, que deixou outras 17 pessoas feridas no Inland Regional Center, em San Bernardino, está sendo investigado como um ato de terrorismo.
— Nós somos fortes. E nós somos resistentes. Não ficaremos aterrorizados — disse Obama em seu discurso semanal. — É inteiramente possível que os dois agressores foram radicalizados para cometer esse ato de terror. E se assim for, iria sublinhar uma ameaça que temos focado por anos: o perigo de as pessoas se sucumbirem a ideologias extremistas violentas.
Antes de serem mortos pela polícia, Tashfeen Malik, de 29 anos, e Syed Rizwan Farook, de 28 anos, abriram fogo durante uma confraternização de fim de ano no centro de apoio a deficientes na última quarta-feira.
Os advogados que representam a família dos dois agressores disseram que os parentes estão “completo em choque” e advertiram contra as alegações do FBI sobre terrorismo. Segundo os advogados David Chesley e Mohammad Abuershaid, não há nenhuma evidência de que o casal tenha visões extremistas.
— Eu nunca poderia imaginar meu irmão ou minha cunhada fazendo algo parecido com isso, especialmente porque eles eram muito bem casados, tinham uma filha linda de seis meses — disse Saira Khan, irmã de Farook, à CBS News.
Foto divulgada pelo FBI mostra casal suspeito do ataque: Tashfeen Malik (à esq.) e Syed Farook – AP
Tashfeen Malik teria jurado lealdade ao Estado Islâmico (EI) em um post no Facebook, segundo fontes próximas à investigação. Uma agência e uma rádio online afiliadas ao grupo extremista reforçaram a hipótese de terrorismo dizendo que o casal é simpatizante do EI.
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— Dois seguidores do Estado Islâmico atacaram há alguns dias um centro em San Bernadino na Califórnia — informou neste sábado a emissão diária do grupo Al-Bayan.
Entretanto, segundo fontes do governo dos EUA, não há evidências de que o ataque tenha sido coordenado pelo grupo militante, nem que a organização saberia que eram os autores.
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Enquanto o ataque ocorria no Inland Regional Center, Malik teria postado uma mensagem em uma conta no Facebook com o nome diferente, prometendo lealdade ao líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi. Um executivo do Facebook confirmou que uma postagem em nome da atiradora apareceu no horário do ataque com o conteúdo suspeito.
Em entrevista coletiva, David Bowdich, diretor-assistente do FBI em Los Angeles, confirmou que as evidências dão conta de que o caso foi premeditado. Os investigadores encontraram12 bombas caseiras, 5 mil balas de munição de calibre 22 e materiais para confecção de artefatos explosivos na casa do casal, indicando “algum nível de preparação para o ataque”. As armas, segundo as autoridades, foram compradas legalmente.
No centro social atacado, foram achados ainda pelo menos três explosivos caseiros ligados a um controle remoto que falhou. E celulares foram encontrados destruídos durante uma busca pelos pertences dos atiradores.
HISTÓRICO
Segundo as autoridades, Tashfeen Malik teria um passaporte paquistanês, mas tem visto americano do tipo K-1, que permite a entrada no país como cônjuge. Não está claro há quanto tempo ela e Farook estão juntos. A suspeita se mudou do Paquistão há 25 anos para a Arábia Saudita com a família e retornou ao país de origem para estudar há cinco ou seis anos e se formou como farmacêutica, informaram autoridades paquistanesas à Reuters.
Segundo a agência, agentes da Inteligência paquistaneses entraram em contato com a família de Malik no Paquistão como parte da investigação.
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— Só fiquei sabendo dessa tragédia hoje quando autoridades de Inteligência entraram em contato comigo para perguntar sobre meus laços com Tashfeen — afirmou o tio dela, Javed Rabbani, em uma entrevista. — Eu tinha escutado sobre a tragédia no noticiário, mas nunca poderia imaginar que seria alguém da minha família. Estamos em choque.
Farook, marido dela, nasceu em Illinois, nos Estados Unidos, e sua família é do Paquistão. Ele trabalhava há cinco anos como fiscal sanitário do Departamento de Saúde Pública do condado de San Bernardino. E havia viajado recentemente para a Arábia Saudita.
O temor de ataques terroristas aumentou no país depois que militantes islâmicos mataram 130 pessoas em Paris, em 13 de novembro. Os Estados Unidos lideram uma coalizão internacional contra o EI na Síria e no Iraque.
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