Mais aliados sauditas aderem a ações contra Teerã.
DUBAI — O rastilho aceso pela execução de um clérigo xiita pela Arábia Saudita, e pelo ataque a representações diplomáticas do país no Irã como retaliação, continua a espalhar a crise diplomática entre as duas nações pelo Oriente Médio e adjacências. Ontem, o Djibuti se juntou a Sudão e Bahrein na lista de países que suspenderam relações com Teerã após os ataques à embaixada saudita na capital iraniana e ao consulado na cidade de Mashhad. Já o Qatar chamou de volta o embaixador no Irã, repetindo uma ação adotada previamente pelos Emirados Árabes e pelo Kuwait, enquanto Omã classificou as invasões e incêndios das representações como “inaceitável”. Já a Jordânia convocou o embaixador iraniano para apresentar seu protesto.
A agência estatal Petra afirmou que a decisão jordaniana é decorrente da “interferência iraniana em assuntos de Estados árabes”, enquanto no Omã, a Chancelaria afirmou que o sultanato “lamenta profundamente” os ataques à embaixada e ao consulado sauditas, e destacou “a importância de estabelecer novas regras para proibir qualquer interferência em assuntos internos de outros Estados para garantir paz e estabilidade na região”.
No Irã, o presidente Hassan Rouhani exortou a Justiça a indiciar os responsáveis pelo ataque à embaixada, motivado pela execução do clérigo xiita Nimr al-Nimr pelas autoridades sauditas.
“Ao punir os responsáveis pelo ataque, devemos pôr fim de uma vez por todas aos danos e insultos à dignidade e segurança nacional do Irã”, afirmou o presidente em carta divulgada pela agência estatal de notícias Irna.
A polícia iraniana anunciou a prisão de 50 pessoas envolvidas nos ataques à embaixada. Porém, em situações semelhantes no passado, a maior parte dos detidos foi liberada pouco tempo depois sem maiores consequências. Além dos sauditas, que já haviam sofrido um ataque em 1988, Kuwait, Dinamarca, Reino Unido e EUA tiveram suas embaixadas em Teerã invadidas desde a Revolução Islâmica em 1979.
Iraque busca reparar relações
O Bahrein, reino de maioria xiita governado pelo soberano sunita Hamad bin Isa Al Khalifa, afirmou que desmantelou uma célula terrorista ligada ao Irã que pretendia realizar atentados no país após a suspensão das relações diplomáticas. Segundo a BNA, agência estatal do reino, o grupo terrorista tinha apoio da Guarda Revolucionária iraniana e da milícia xiita libanesa Hezbollah. Em 2011, durante protestos da Primavera Árabe, o Bahrein declarou estado de emergência por três meses, e contou com o apoio de forças sauditas para conter a revolta popular.
O Iraque, outro país de maioria xiita na região, se ofereceu para mediar a disputa entre Teerã e Riad, numa tentativa de evitar que o aumento das tensões sectárias comprometa a cooperação dos países no combate ao grupo extremista Estado Islâmico.
— Temos que dar fim ao agravamento das tensões e não permitir que inimigos da região e do Islã levem o Oriente Médio a uma guerra na qual todos perderiam — afirmou o chanceler iraquiano, Ibrahim al-Jaafari.
Em manifestação em Bagdá, xiitas protestam contra execução do clérigo Nimr al-Nimr na Arábia Saudita – KHALID AL MOUSILY / REUTERS
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