Eles estão implorando para ser autorizados a deixar o Paquistão
Com Asia Bibi e sua família temendo por suas vidas, seu marido pediu à comunidade internacional que os ajudasse a deixar o país.
Falando à instituição de caridade católica Ajuda à Igreja que Sofre, Ashiq Masih descreveu como a família ainda vive escondida após pedir que sua esposa não seja morta depois que ela foi absolvida de blasfêmia na última quarta-feira (31 de outubro).
Ele disse: “Ajude-nos a sair do Paquistão. Estamos extremamente preocupados porque nossas vidas estão em perigo. Não temos mais nada para comer, porque não podemos sair de casa para comprar comida. ”
Protestos violentos organizados pelo movimento político islâmico Tehreek-e-Labbaik, após a absolvição de Asia Bibi, forçaram a família a permanecer escondida.
A fim de acabar com os protestos, o governo do Paquistão concordou com um acordo que permitiu que Tehreek-e-Labbaik iniciasse um processo para que Asia Bibi fosse inserida na “lista de controle de saída” para impedi-la de sair do país.
O governo também se comprometeu a não se opor a qualquer revisão de seu veredicto de apelação.
Asia Bibi ainda está na prisão, apesar dos juízes da Suprema Corte terem ordenado sua libertação quando sua sentença foi revogada.
O Sr. Masih pediu que a mídia e a comunidade internacional continuem a se concentrar no caso de sua esposa: “Como é necessária essa atenção que mantém a Ásia viva até hoje”.
Referindo-se aos eventos da ACN em que a família falou sobre sua situação, incluindo a iluminação do Coliseu em fevereiro, o Sr. Masih disse: “Agradeço à Aid to the Church in Need, em particular por nos dar a oportunidade de falar ao mundo”.
Saif ul-Malook, advogado de defesa da Ásia Bibi, deixou o Paquistão devido a preocupações de segurança e agora está na Holanda. Ele pretende organizar uma coletiva de imprensa no final desta semana.
Após um apelo aos governos do Reino Unido, dos EUA e do Canadá no último final de semana pedindo que ofereçam asilo para a família, o Sr. Masih também apelou ao governo italiano para oferecer-lhes refúgio.
Ele disse: “Eu apelo ao governo italiano para ajudar minha família e eu a sair do Paquistão”.
A família também pediu asilo na Espanha e na França. Eles esperam que todos os filhos de Asia Bibi recebam asilo.
Ao menos 22 milhões de pessoas dependem atualmente de ajuda humanitária para sobreviver no Iêmen, em guerra civil desde 2015
O Iêmen, país que vive três anos de uma violenta guerracivil, está prestes a se tornar a maior crise de fome no planeta em cem anos, se os bombardeios da coalizão liderada pela Arábia Saudita, e que tem o apoio dos Estados Unidos, Reino Unido e França. O alerta veio da Organização das Nações Unidas no início desta semana. De acordo com estimativas recentes da entidade, 18 milhões de pessoas vivem em “insegurança alimentar”.
Lise Grande, diretora de ajuda humanitária da ONU no país, prevê que a fome possa se alastrar pelo Iêmen nos próximos três meses. Atualmente, cerca de 13 milhões de pessoas estão ameaçadas de carência alimentar. “Muitos acreditavam ser inimaginável que em pleno século 21 veríamos uma crise de fome como na Etiópia e em partes da União Soviética”, disse ela em entrevista à rede de notícias BBC e repercutida pelo jornal britânico The Guardian.
Guerra no Iêmen
Um dos países mais pobres do mundo, o Iêmen está em conflito desde idos de 2015, quando rebeldes huthis se levantaram contra o presidente iemenita Abedrabbo Mansour Hadi. A guerra civil se agravou na medida em que os diferentes lados passaram a ser apoiados por diferentes potências militares em 2015. Do lado dos huthis, que conseguiram se consolidar e controlar grandes territórios no país (a capital Sana, inclusive), está o Irã e do lado do governo, que ganhou reconhecimento internacional, a coalizão saudita.
Os efeitos desse conflito na população civil têm sido devastadores. O país sofre uma série de sanções que vêm dificultando o acesso à ajuda humanitária nas áreas emergenciais, vive uma onda de recrutamento de crianças para servirem como soldados. Desde 2015, ao menos 10 mil pessoas foram mortas no conflito, 2.200 delas crianças, e 22 milhões dependem de assistência de organizações não governamentais para sobreviver.
A coalizão saudita é frequentemente acusada pelos rebeldes de engajar em bombardeios e ataques que causam fatalidades civis. Como resultado, o Conselho de Direitos Humanos da ONU começou a investigar possíveis crimes de guerra no Iêmen. Embora reconheça que as ações da coalizão são as que mais afetaram civis, o órgão nota que os rebeldes também são potencialmente culpados por esses crimes.
As empresas que fornecem refeições a pacientes em hospitais da Faixa de Gaza deixaram de atender a centros médicos porque não foram pagos por meses, infomou ontem um porta-voz do Ministério da Saúde.
Segundo o porta-voz do Ministério da Saúde, Ashraf Al-Qidra, o governo da Autoridade Palestina em Ramallah não realizou os pagamentos das empresas que prestavam o serviço de refeições.
Em entrevista à imprensa de Quds, Al-Qidra disse: “Centenas de pacientes estão agora sem alimentos”, e ainda acrescentou que o Ministério das Finanças não respondeu às solicitações feitas há semanas para pagar as dívidas com as empresas.
Al-Qidra informou ainda que pacientes nos hospitais de Gaza necessitam de 86 mil refeições por ano, o que gera um custo de 6 milhões de shekels (US $ 1,7 milhão). Em 2016, Gaza obteve financiamento de instituições de caridade para custear os valores das refeições em hospitais, uma vez que tal qual Autoridade Palestina, a prioridade da organização terrorista é utilizar recursos recebidos em doações financeiras para promover armamento de suas milícias terroristas e promover ataques terroristas contra Israel.
Jihad vem em primeiro lugar. Deus quer a área islamizada. As pessoas famintas não devem ser impedidas de se opor a isso.
“Boko Haram prende pessoas famintas na Nigéria, alerta a ONU” , AFP , 18 de maio de 2017 (graças à The Religion of Peace ):
Dois milhões de pessoas estão à beira da fome no nordeste da Nigéria, mas os esforços para alcançar alguns estão sendo frustrados pelos jihadistas de Boko Haram, disse a agência de alimentos da ONU nesta quinta-feira.
Mais de 20 milhões de pessoas na Nigéria, Sudão do Sul, Somália e Iêmen estão em áreas atingidas pela seca e estão passando fome ou estão em alto risco de fome na “maior crise que vimos nos últimos 50 anos”, disse Denise Brown , Coordenador de emergências do Programa Alimentar Mundial da ONU.
“Enquanto eles estão todos em dificuldade, o nordeste da Nigéria é um que tem sob a nossa pele no PMA”, acrescentou.
Cerca de 1,8 milhão de pessoas na área são classificadas como “à beira da fome”, disse ela, e o PAM está conseguindo fornecer apoio de algum tipo para 1,2 milhão deles – embora precise desesperadamente de mais fundos.
“Mas há várias centenas de milhares de pessoas que estão em três áreas na Nigéria, nas fronteiras com o Níger e o Chade, que não conseguimos chegar devido ao conflito ativo”, disse ela, colocando a cifra em cerca de 600 mil pessoas.
Boko Haram lançou uma revolta no nordeste da Nigéria em 2009 e começou a adentrar em áreas fronteiriças no vizinho Chade, Níger e Camarões. O conflito na área do lago Chad deixou 20.000 povos mortos desde então ….
O país de que saíram mais refugiados em 2016, em meio a uma violenta guerra civil, é também o país jovem do mundo. Trata-se do Sudão do Sul.
Sua independência do Sudão, em 2011, depois de um outro grande conflito, que durou mais de 20 anos, deu esperanças de dias mais felizes para a nação africana, uma das mais pobres do mundo.
Porém, o quinto aniversário do novo Estado teve poucos motivos para celebrações.
“Nossas visitas ao Sudão do Sul sugerem que está sendo levado a cabo no país um processo de limpeza étnica em várias regiões por meio do uso da fome, dos estupros coletivos e de incêndios”, disse recentemente a presidente da Comissão de Direitos Humanos da ONU para o país, Yasmin Sooka.
O governo do Sudão do Sul, presidido por Salva Kiir, nega as acusações.
Ruanda outra vez?
Sooka também alertou para o que pode se tornar uma repetição do genocídio que, em 1994, deixou mais de 800 mil pessoas massacradas em apenas três meses em outro país africano, Ruanda.
Mas apesar dessa magnitude, a situação no Sudão do Sul raramente teve repercussão na mídia em 2016.
Image captionDiariamente, 2.500 sudaneses buscam abrigo em países vizinhos
Desde o início da guerra da civil, em dezembro de 2013, mais de 1,17 milhão de pessoas buscaram refúgio em países vizinhos, especialmente em Uganda, Etiópia, Sudão e Quênia.
O número total de pessoas deslocadas alcança 1,8 milhão.
“Desde julho de 2016, estamos falando de mais de 400 mil pessoas que fugiram do país”, disse à BBC Mundo (o serviço em espanhol da BBC), Eujin Byun, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR).
No mesmo período, o número de refugiados sírios foi de 200 mil, segundo o órgão – ainda que o total seja de 4,8 milhões.
Em 2016, o Sudão do Sul se uniu à Síria, Afeganistão e Somália no grupo de países com mais de um milhão de refugiados.
Razões da crise
Mas como uma nação rica em recursos chegou a uma situação tão crítica?
Image copyrightAPImage captionSalva Kiir (à direita), acusou o vice-presidente, Machar, de organizar um golpe (izq) de orgnaizar un golpe.
A guerra civil teve início quando Salva Kiir destituiu seu vice, Riek Machar, a quem acusou de tramar um golpe de Estado. Os dois políticos pertenciam ao mesmo partido – o Exército de Libertação do Povo Sudanês.
“Algumas horas mais tarde, os militares se dividiram e começamos a escutar tiros em Juba (a capital)”, contou à BBC Mundo o brasileiro Raimundo Rocha dos Santos, um padre brasileiro que trabalha como missionário no Sudão do Sul.
“A origem do conflito é muito política. Uma profunda divisão no partido do governo”.
Mas à rivalidade política se somaram tensões entre as duas etnias majoritárias do país: os dinka, grupo ao qual pertence Salva Kiir e que representa cerca de 15% dos da população do país (que é de 12,3 milhões de pessoas), e os nuer, a que pertence Machar e corresponde a cerca de 10% da população.
Em 2015, as duas facções fizeram um acordo de paz que previa a volta de Machar ao governo como vice de Kiir. No entanto, apenas três meses depois, Machar foi novamente expulso do governo e o conflito foi novamente deflagrado em julho de 2016.
Image copyrightAFPImage captionGuerra civil começou em 2013, apenas dois anos depois da independência
Petróleo
As causas da guerra não são exclusivamente políticas e étnicas.
“O Sudão do Sul é um país complicado e há muitos fatores que influem no conflito, inclusive econômicos”, destaca Eujin Byun.
“Há uma inflação de 800%. Há um ano, um dólar valia três libras sudanesas. Hoje, estamos falando de 120 para cada dólar. A criminalidade também aumentou. Outro motivo de briga é o petróleo. As duas partes querem controlar os campos petrolíferos”, completa.
Com território de dimensões semelhantes às da França, o Sudão do Sul é o país do mundo mais dependente do petróleo, segundo o Banco Mundial. O produto responde por praticamente todas suas exportações e por 60% do PIB. Porém, a maior parte do país vive em uma economia de subsistência e a situação piorou nos últimos anos – o PIB, por exemplo caiu de US$ 17 bilhões em 2011 para apenas US$ 9 bilhões em 2015.
Civis viram alvos
O impacto da guerra é brutal tanto do ponto de vista econômico como humanitário. Estima-se que mais de 50 mil pessoas tenham morrido nos três anos de guerra, segundo Rocha.
“Isso gerou uma crise humanitária enorme”, conta o brasileiro.
Image captionRefugiados sudaneses no campo de Bidi Bidi, em Uganda
Dos quase dois milhões de deslocados internamente, mais de 200 mil estão em Centros de Proteção a Civis, gerenciados pela ONU.
“Em termos de segurança. estão relativamente bem, pois estão protegidos pelas forças de paz da ONU, mas há também pessoas escondidas na floresta, sem segurança, comida ou necessidades básicas. É algo desesperador”, relata o missionário.
“Povoados ou cidades são atacados em conflitos e os civis viram alvos”.
Byun se queixa da falta de recursos e de atenção.
“Muita gente da comunidade internacional não sabe o que está se passando no Sudão do Sul”.
Mais de metade da população está agora em estado de insegurança alimentar com 7 milhões sofrendo fome permanente.
Genebra: catástrofe humanitária no Iêmen deve piorar à medida que a guerra tem arruinado a economia e está impedindo o abastecimento de alimentos conduzindo o país à beira da fome, disse o representante oficial da ONU no país, à Reuters.
“Ao longo de todo este país crianças estão morrendo”, disse Jamie McGoldrick. Coordenador Humanitário da ONU no Iêmen.
Quase dois anos de guerra entre uma coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita e o Irã, apoiando o movimento Al Houthi, deixou mais da metade dos 28 milhões de iemenitas em estado de “insegurança alimentar”, com 7 milhões deles suportando a fome, de acordo com as Nações Unidas.
Al houthis têm sido amplamente responsabilizado por protelar os esforços para alcançar uma solução política e prolongar a crise.
No último revés, os maiores comerciantes do Iêmen deixaram de realizar novas importações de trigo devido a uma crise no banco central, segundo documentos vistos pela Reuters.
Já, oito em cada 10 crianças são raquíticas por desnutrição e a cada 10 minutos uma criança morre devido a doenças evitáveis, conforme relata a agência da ONU . Para sobreviver várias famílias muitas vezes dependem de um salário-benefício e o casamento infantil está aumentando, com as meninas casando aos 15 anos de idade, em média, e muitas vezes mais jovens.
A ONU estima que 18,8 milhões de pessoas precisam de alguma forma de ajuda humanitária, mas se esforça para entregar suprimentos, em parte por causa da guerra e em parte devido à falta de financiamento. A interrupção dos embarques de trigo vai agravar o problema.
“Sabemos que no início do próximo ano, vamos enfrentar problemas significativos”, disse McGoldrick, que descreveu a economia como “periclitante”.
Quase metade das 22 províncias do Iêmen já estão oficialmente classificadas como estando em uma situação de emergência alimentar, disse ele. Isso é quatro em uma escala de cinco pontos, onde cinco é a fome.
“Eu sei que existem alguns desenvolvimentos preocupantes e temos visto que a deterioração na economia e os serviços de saúde e a capacidade de fornecer alimento somente nos daria uma estimativa de que as coisas vão ficar muito pior”, disse McGoldrick.
A ONU tem vindo a realizar uma nova avaliação de alimentos em preparação para um novo apelo humanitário em 2017, quando irá pedir doadores para ajuda a socorrer 8 milhões de pessoas. Mas a fome pode ainda não ser declarada oficialmente.
Fome “significa mais de duas pessoas que morrem por dia para cada 10.000 na população, ou cerca de 5.500 mortes por dia em todo um país do tamanho do Iêmen, de acordo com um cálculo da Reuters . A corrente de “emergência” em grande parte do Iêmen ainda significa 1-2 mortes por 10.000.
No mês passado, Kawu Ashe teve de tomar uma decisão de vida ou morte e abandonar o povoado onde vivia na Nigéria após receber uma mensagem aterrorizante do grupo extremista Boko Haram: “Voltaremos novamente para buscar seu filho”.
Há dois anos, os militantes já haviam matado seu marido. Agora, diziam que o filho do casal, de dois anos e meio, lhes pertencia.
Ashe agiu rapidamente para proteger o pequeno Abdullahi, ainda que o castigo para quem tenta escapar do grupo seja a execução.
Amparados pela noite, ela e os dois filhos, além da irmã, caminharam por matagais por nove horas até chegar a um local seguro.
Mas, ainda que tenha conseguido resguardar Abdullahi dos extremistas, ela o deixou exposto a outra ameaça: a inanição que aflige mais de 120 mil pessoas no nordeste nigeriano, uma região devastada pela insurgência do Boko Haram.
Image captionAbdullahi corre o risco de morrer de fome, diz sua mãe
A ONU descreveu a desnutrição aguda e generalizada nesta área do país africano como a “pior crise do continente” e convocou a comunidade internacional a contribuir com mais de US$ 1 bilhão (R$ 3,4 bilhões) para salvar seus 7 milhões de habitantes.
Em julho, o organismo internacional calculou que há 250 mil crianças com menos de 5 anos nesta situação no Estado de Borno. Uma em cada cinco corre risco de morrer por isso.
Image copyrightAFPImage caption‘Se conseguíamos comida, os insurgentes tomavam da gente’, dizem os refugiados de um campo de Maiduguri
Abdullahi está esquelético. Pesa 7 kg, a metade do normal para uma criança da sua idade. “Não havia comida nem água potável em nosso vilarejo”, diz Ashe à BBC em uma clínica de nutrição da Unicef, agência da ONU para a infância, na capital de Borno, Maiduguri.
“Se conseguíamos algo para comer, os militantes tomavam da gente. As coisas estão um pouco melhores aqui, mas ainda preciso lutar para alimentar meus filhos.”
No mês passado, a organização Médico Sem Fronteiras denunciou que milhares de crianças já morreram de inanição em decorrência da crise.
Image copyrightAFPImage captionSegundo a ONG Médicos sem Fronteiras, milhares de crianças já morreram de inanição na Nigéria nesta crise recente
‘Começa com as crianças’
Fundado em 2002, o Boko Haram se concentrou inicialmente em combater a educação de estilo ocidental.
Passou a realizar operações militares em 2009 e, mais recentemente, uniu-se ao grupo extremista autodenominado Estado Islâmico e instaurou um califado em uma região que se estende por parte do nordeste da Nigéria.
Nos sete anos que está na região, o grupo arrasou com tudo. Muitos habitantes tornaram-se suas vítimas, e milhões fugiram para escapar do mesmo destino tanto no norte da Nigéria quanto nos países vizinhos Chade, Camarões e Niger.
O exército nigeriano vem recuperando grande parte do território ocupado pelos extremistas nos últimos 22 meses. À medida que avança e obriga militantes a deixarem o território antes controlados por eles, a real dimensão da tragédia vai sendo revelada.
Os ataques frequentes do Boko Haram impediram que, pelo terceiro ano consecutivo, agricultores cultivassem suas terras. E os comboios de ajuda alimentar são com frequência alvo de emboscadas ao percorrer rotas inseguras.
Também há acusações de roubos de grande escala da ajuda humanitária que chega até a região, que estão sendo investigados pelo Senado nigeriano.
Os militares ainda fecharam os mercados por questão de segurança, e muitas pessoas não têm onde ir para comprar o básico.
Image copyrightREUTERSImage captionA ONU diz que não há recursos suficientes para a ajuda humanitária necessária
A ONU diz que milhões dependem de ajuda humanitária atualmente, mas que não há recursos suficientes para atender a todos.
“Sem mais assistência internacional, muito mais gente ainda vai morrer. E o problema começa com as crianças, porque seus pais não têm meios de cuidar delas”, afirma John Ging, diretor de operações do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários.
“Estamos em 2016 e deveríamos ser capazes de responder melhor a uma situação assim, porque vivemos em um mundo rico. Precisamos de uma pequena fração desta riqueza para ações humanitárias. No momento, não estamos recebendo nem isso.”
Image copyrightAFPImage captionA ONU diz que crianças são as primeiras a sofrer porque seus pais simplesmente não têm meios de cuidar delas
‘Inchados’ pela fome
Maiduguri transformou-se no principal centro de esforços humanitários. Sua população aumentou em centenas de milhares, com civis chegando em fuga da violência e se instalando em campos de refugiados precários.
Os casos mais graves de inanição são levados para as instalações da Médicos Sem Fronteiras na cidade. Na unidade de tratamento intensivo, há uma dezena de crianças sobre as camas.
Elas precisam receber oxigênio e algumas têm sondas na cabeça, único lugar do corpo onde enfermeiras conseguiram achar uma veia.
Image copyrightAFPImage captionEm Gwangwe, no nordeste do país, o conflito já custou a vida de 20 mil pessoas desde 2009
Uma delas é Ali, um menino albino de 2 anos. Sua mãe, Zara Mustafa, conta que o marido não conseguiu trabalho depois de a família fugir de casa – e que assim não têm dinheiro para comprar comida. “Às vezes, não comemos por três dias”, revela.
Em outra cama, esta Mohammedu, de apenas 1 mês. Seu corpo está inchado por conta da desnutrição. Sua mãe, Aisha Umar, tem outros seis filhos. “É muito difícil conseguir comida aqui. Mandei meus filhos mendigarem”, diz.
Image captionA família de Ali não tem dinheiro para alimentá-lo
Ali, embora corram grave perigo, ao menos elas recebem algum tipo de assistência.
Nas áreas sob o controle do Boko Haram, a ajuda nem sequer consegue chegar. Supõe-se que as condições ali sejam ainda piores que em Maiduguri.
E, segundo observadores internacionais, com a temporada da seca prestes a começar, há ainda mais fome – e mortes – no horizonte do país.
“Quando alguém chega com ajuda, os cristãos são separados, não é dado alimento a eles pelo simples fato de acreditarem em Cristo”.
Na Nigéria, mais de 70 mil crianças correm risco de vida por causa da fome que assola o nordeste do país. A ONU também afirma que cerca de 14 milhões de pessoas necessitam de ajuda humanitária na mesma região. Essas são as consequências da passagem do grupo extremista islâmico Boko Haram nessa nação. Desde junho de 2014, os Estados de Borno, Adamawa e Yobe foram tomados pelo grupo que estabeleceu um califado nesses lugares, sendo a cidade de Gwoza, em Borno, a capital.
Os cristãos, em particular, pagaram um alto preço por isso. Estima-se que entre os anos de 2006 e 2015, pelo menos 15.500 cristãos tenham morrido por causa da perseguição religiosa. Mais de 13 mil igrejas foram destruídas, abandonadas ou fechadas no mesmo período. Mais de 1,3 milhões de cristãos fugiram para regiões mais seguras do país e, atualmente, vivem deslocados enfrentando a miséria.
Do ano passado para cá, a situação piorou à medida em que a violência se espalhou também para os países vizinhos, Chade e Camarões. “Os cristãos em Borno estão traumatizados e muitos estão perdendo a esperança. Na cidade de Gwoza existe apenas uma igreja sobrevivente, onde os cristãos costumavam ser maioria”, disse um dos colaboradores da Portas Abertas. “Há discriminação por toda parte e isso é explícito. Quando alguém chega com ajuda, os cristãos são separados, não é dado alimento a eles pelo simples fato de acreditarem em Cristo. Eles ainda ouvem a frase ‘não há alívio para os infiéis’”, conclui o colaborador.
Enquanto enfrentam a violência, eles oram com fé e também contam com as nossas orações para que sejam fortes e perseverantes apesar de tudo enfrentam a violência, eles oram com fé e também contam com as nossas orações para que sejam fortes e perseverantes apesar de tudo.
Nossos irmãos perseguidos em diversos países africanos têm histórias que contam sobre suas lutas e também sobre suas vitórias. Entre a pobreza e a fome, eles estão abastecidos espiritualmente da Palavra. Enquanto enfrentam a violência, eles oram com fé e também contam com as nossas orações para que sejam fortes e perseverantes apesar de tudo. Na Nigéria, por exemplo, há vários casos em que a perseguição assolou a vida de famílias inteiras, e que hoje, contam com a nossa ajuda.
O caso das meninas do Chibok, que foram sequestradas há dois anos de uma escola secundária, por guerrilheiros do Boko Haram, deixou pais e mães inconsoláveis. Nesse mês, 21 delas foram libertadas, além de outras duas que foram resgatas anteriormente. Mas o número total de meninas sequestradas é de 228. Ainda há pelo menos duas centenas de famílias que choram a perda de suas filhas. E há notícias de que algumas já perderam suas vidas em bombardeios.
Os pais dessas meninas ainda vivem sob intensa pressão, pelo menos 18 deles já morreram de doenças relacionadas ao estresse dessa situação. Muitos buscam refúgio em Deus e se declaram firmes na fé, mas todos eles continuam precisando de ajuda. Esses pais ainda expressam a esperança de reencontrar suas filhas, que foram arrancadas deles por conta da violência de grupos extremistas islâmicos e da perseguição religiosa no país. Em suas orações, interceda por eles.
Sitiada há um ano pelo regime, a cidade de Madaya virou símbolo do sofrimento da população civil na guerra síria. Em entrevista à DW, jovem morador fala sobre as dificuldades de sobrevivência.
A cidade de Madaya se tornou um símbolo do sofrimento da população civil na Síria: ela está cercada há mais de um ano pelas forças do regime do presidente Bashar al-Assad, e seus 40 mil habitantes lutam pela sobrevivência e contra a falta de alimentos.
Em janeiro, as Nações Unidas alertaram para o drama na cidade, onde havia relatos de crianças desnutridas e pessoas morrendo de fome. O sírio Rajaii Bourhan, de 26 anos, vive em Madaya. Em entrevistas à DW, ele contou como é sobreviver com 200 gramas de arroz por dia e sem eletricidade e gás.
DW: Madaya está sitiada há mais de um ano. Pela primeira vez em seis meses, a ajuda humanitária chegou à cidade, no fim de semana. Como foi a reação dos moradores e qual era o item mais necessitado?
Rajaii Bourhan: Há uma palavra em árabe para isso: eid, dia de celebração. A ONU nos trouxe açúcar e farinha de trigo, esses eram os itens mais importantes. Agora podemos fazer pão novamente. Esperávamos há muito tempo por isso. Não tínhamos mais nada além de arroz e triguilho.
Porção de 200 gramas de arroz é alimentação diária em Madaya
Os ingredientes trazidos no fim de semana devem durar um mês ou um mês e meio. Racionamos nossos estoques para termos comida pelo maior tempo possível. Além disso, recebemos grão de bico, remédios e carregadores de bateria solares para nossos celulares.
No início do ano, a imprensa noticiou bastante a sobre a crise de fome e relatos de pessoas morrendo por falta de comida. Como está a situação agora que chegou a ajuda?
A vida em Madaya é parecida com na antiga União Soviética: comemos sempre as mesmas coisas. Cada pessoa recebe entre 200 e 300 gramas de arroz ou triguilho por dia, cozinhados sem sal ou azeite. Às vezes, não quero comer nada e vou para a cama com fome, porque não aguento mais arroz. Eu costumava malhar, era até encorpado, pesava 93 quilos. Agora, estou bem magro, emagreci muito.
Rajaai Bourhan vive há dois anos em Madaya
Há médicos ou um hospital na cidade?
Não há hospital, há apenas uma clínica de saúde. Temos um dentista que ainda não é formado e um veterinário, mas não há médicos. Os dois fazem o melhor que podem e cuidam das pessoas.
Como você descreveria o cotidiano numa cidade sitiada? As pessoas trabalham? O que os moradores fazem durante o dia?
Não temos eletricidade e também não há trabalho, mas todos têm hobbies. Eu adoro história, por isso, leio muitos livros. Isso é tudo o que posso fazer. Meus amigos deixaram Madaya há tempos, assim, fico sozinho na maior parte do tempo.
Do que você sente mais falta da sua vida antiga?
Da universidade, adoraria voltar a estudar. Estudava economia em Damasco, mas tive que abandonar os estudos em 2011, porque participei dos protestos contra o regime e fui preso. Depois de dois meses, fui solto, no entanto, não tive coragem para voltar e viver na minha cidade, Al-Zabadani. Então, fugimos. Estou morando em Madaya, com parte da minha família, há dois anos.
Qual é sua maior preocupação no momento?
Precisamos urgentemente de combustível, o inverno está chegando e não temos como cozinhar ou nos aquecer. Queimamos plástico para cozinhar. Aqui é muito frio no inverno. Temos cobertores, mas precisamos de eletricidade e diesel. A ONU prometeu voltar em breve e trazer um pouco de combustível, esperamos que eles venham antes do inverno.
Há alguma maneira de sair da cidade?
Estamos cercados pelo Exército e pelo Hisbolá. Da minha casa, vejo muitos postos de controle. Muitas pessoas tentaram sair de Madaya e foram mortas ou perderam uma perna por causa das muitas minas terrestres. Talvez sejamos evacuados em algum momento, como as pessoas em Daraya, e levados para o norte.
Embora eu não estude mais, viva em uma casa que não me pertence, coma as mesmas coisas o tempo todo e não faça progresso na vida, continuo querendo permanecer no meu país. Sair seria como se eles tivessem triunfado sobre nós.