Após rejeição do Parlamento, novo governo deverá equilibrar forças com menos ministérios.
BENGHAZI — As facções rivais líbias tentarão mais uma vez compor um governo de unidade que responda ao vácuo político instaurado no país desde a revolta popular de 2011. A ideia agora é enxugar a proposta de formação do Executivo, já que o Parlamento recusou, na segunda-feira, o primeiro plano de governo por considerar excessivo o número de 32 ministérios.
O primeiro-ministro, Fayez al-Sarraj, se comprometeu a colocar um novo projeto na mesa nos próximos três dias. Para ser aprovada, a proposta precisa do voto afirmativo de pelo menos dois terços do parlamento do Extremo Oriente, reconhecido pela comunidade internacional.
No entanto, a possibilidade de um governo mais enxuto preocupa algumas das autoridades locais sobre a viabilidade de administrar diferentes regiões em um território que abriga, desde 2014, acentuadas divisões internas. Na Líbia, há dois governos, com seus respectivos parlamentos, e um grupo local afiliado ao Estado Islâmico que tenta avançar sobre o território rico em petróleo.
COMBATE MILITAR
Os parlamentares ainda pediram a revisão de uma cláusula que estabelece o controle da hierarquia militar no acordo político firmado, em dezembro, entre políticos e representantes da sociedade civil, sob intermédio da ONU. Antes de votar o acordo, os deputados querem garantir a soberania de controle das forças líbias reconhecidas pela comunidade internacional ao general Khalifa Hafter, pressionado a renunciar pelo governo rival, o Congresso Geral Nacional.
— A atual comissão encarregada de representar o Parlamento no diálogo auspiciado pela ONU será dissolvida e uma nova equipe será nomeada, na próxima segunda-feira, para negociar a supressão deste artigo — indicou o deputado Salatana al-Mismari à AFP.
O debate em relação à cláusula dificulta a união nacional, porque o governo de Trípoli reivindica, como condição, o afastamento de Hafter. O general tem comandado incursões militares em Benghazi, no Leste líbio, onde atuam milícias islamitas armadas.
A comunidade internacional pressiona pela composição de um governo central na Líbia antes de se comprometer a ajudar no combate militar ao Estado Islâmico. A união nacional seria o primeiro passo para a contenção dos extremistas no território líbio, onde dois ataques em janeiro deixaram mais de 50 mortos.
O chefe da missão da ONU na Líbia reiterou que a prioridade é encontrar uma solução em consenso, ouvindo todas as partes, mas pediu que as autoridades líbias tenham pressa em acertar as decisões necessárias à estabilização da política no país, caótica desde a derrubada e a morte do ditador Muammar Gaddafi, em 2011.
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