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Ataques a hospitais violam santuários da vida na Síria e no Paquistão

Autoridades apelam contra violência que matou dezenas desde sábado.

 IDLIB, Síria, E QUETTA, Paquistão — Os ataques a dois hospitais — um suicida em Quetta, no Paquistão, ontem, e outro aéreo em Idlib, na Síria, no sábado — evidenciam a situação de vulnerabilidade dos centros médicos em locais de conflito. Se, no passado, ataques a hospitais eram um tabu, o aumento de casos recentes mostra que os locais dedicados ao salvamento de feridos e doentes tornaram-se alvos como quaisquer outros. No Paquistão, o atentado a um hospital de Quetta matou pelo menos 70 pessoas e deixou cem feridos após a explosão de um homem-bomba diante de uma multidão. Na Síria, um hospital apoiado pela ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) — o 16º da organização atacado apenas este ano no país — foi destruído por um bombardeio aéreo na cidade de Millis, na província de Idlib. Quatro profissionais do hospital e outras nove pessoas foram mortas.

Najum Abbasi, porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) de Islamabad, classificou o atentado de Quetta de “alarmante” e ressaltou que “hospitais são para salvar vidas”, pedindo proteção aos centros médicos:

— Estamos em choque — afirmou Abbasi ao GLOBO, lembrando de recentes atentados na Síria e no Afeganistão. — Apelamos por respeito e proteção a instalações médicas e a profissionais da saúde, não só no Paquistão, mas globalmente.

A explosão provocou um banho de sangue em frente ao setor de emergência do hospital de Quetta, onde 200 pessoas se reuniam para expressar pesar pelo assassinato, poucas horas antes, de um famoso advogado da região: presidente da Associação de Advogados do Baluquistão, Bilal Anwar Kasi foi morto por dois homens armados quando saía de casa. Após o bombardeio, a Casa Branca disse, por meio de um comunicado, que o atentado contra um grupo de advogados de luto o torna “ainda mais hediondo”.

Mais cedo, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também condenara o atentado:

— O fato de escolher como alvo pessoas em luto em um hospital civil faz com que o ataque seja particularmente abominável — disse o porta-voz de Ban, Farhan Haq.

Paquistaneses choram explosão de uma bomba na porta de hospital em Quetta – BANARAS KHAN/AFP

SÍRIA: DESDE 2012, 373 INSTALAÇÕES ATINGIDAS

Na Síria, o ataque ao hospital do MSF em Idlib, no sábado, matou quatro funcionários e nove civis, dentre eles cinco crianças. O bombardeio destruiu a maior parte do local, incluindo o centro cirúrgico, a unidade de terapia intensiva, a pediatria e cerca de 80% dos equipamentos médicos e ambulâncias. Apenas no ano passado, 63 hospitais apoiados pela ONG foram atingidos no país.

— O bombardeio de outro hospital na Síria é ultrajante — disse Silvia Dallatomasina, gestora médica das operações do MSF no Noroeste do país. — Cada vez que um hospital é destruído, seja ele um alvo direto ou atingido durante um ataque indiscriminado a áreas civis, uma parcela da população síria é privada de receber cuidados de saúde vitais.

Segundo a ONG Médicos pelos Direitos Humanos (PHR, na sigla em inglês), desde 2012, 373 centros de saúde foram atingidos na Síria. Julho foi o pior mês em cinco anos de conflito, de acordo com a Sociedade Médica Sírio-Americana, que contabilizou 43 ataques do tipo no país — mais do que um por dia. Em março, forças do governo lançaram bombardeios aéreos mortais em seis hospitais perto de Aleppo em apenas uma semana.

— Desde junho, assistimos ao aumento de ataques contra civis e em instalações médicas na região. Cada um destes bombardeios constitui um crime de guerra. Destruir hospitais equivale a assinar sentenças de morte para milhares de pessoas que não conseguem deixar o país — disse Widney Brown, diretor da PHR.

Conhecido por ser um centro de referência especializado em pediatria, o hospital do MSF atingido no sábado oferecia cuidados essenciais para cerca de 70 mil pessoas que vivem na cidade de Millis e em seu entorno, onde um número considerável de deslocados está abrigado após fugir de frentes de batalha no Norte da Síria. Cerca de 250 pacientes eram atendidos a cada dia.

— Como médicos humanitários, continuaremos fazendo o possível para ampliar a oferta de assistência médica na Síria, mas precisamos ver o fim imediato de ataques a hospitais — pediu Silvia.

No Paquistão, os atentados contra hospitais também têm precedentes: em 2010, 13 pessoas morreram na explosão de uma bomba na unidade de emergências de um hospital de Karachi, onde as vítimas de um atentado cometido pouco antes recebiam atendimento médico.

— Ataques como esse não aconteciam há muito tempo no país. Eram mais comuns no auge da militância, entre 2009 e 2011 — lembrou o porta-voz do CICV.

Em Quetta, o ataque deixou um rastro de destruição. Corpos de vítimas eram vistos em poças de sangue horas depois, e vários veículos estacionados nas proximidades foram danificados. Uma testemunha, Hajji Abdul Haq, que sobreviveu com ferimentos leves, contou que estava do lado de fora da entrada do hospital com outros advogados, esperando receber o corpo do colega de profissão. Pelo menos 18 magistrados foram mortos, além de alguns jornalistas que acompanhavam o grupo.

— Eu estava na segunda fileira, os advogados seniores na primeira — disse Haq ao “New York Times”. — De repente, houve uma explosão ensurdecedora. Perdi minha audição por quase uma hora após a explosão.

O grupo Jamaat-ul-Ahrar, dissidência do Talibã, foi o primeiro a assumir a responsabilidade pelo ataque — é a mesma organização que realizou um atentado durante a Páscoa, em março, matando 72 pessoas em Lahore. Horas depois, o Estado Islâmico também reivindicou a responsabilidade. (Colaborou Carolina Jardim)

http://oglobo.globo.com/mundo/ataques-hospitais-violam-santuarios-da-vida-na-siria-no-paquistao-19882288

Ataque aéreo destrói hospital apoiado pela Médicos Sem Fronteiras na Síria

Ao menos 27 pessoas morreram, incluindo médicos e crianças; um sírio morre a cada 25 minutos, diz ONU

ALEPPO — Um hospital sírio apoiado pela Médicos Sem Fronteiras (MSF) e pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) foi destruído em um ataque aéreo em Aleppo, matando pacientes e médicos, incluindo um dos últimos pediatras remanescentes na parte controlada pelos rebeldes da cidade. Após o bombardeio, a ONU alertou para a “deterioração catastrófica” em Aleppo e para o drama no país: segundo as Nações Unidas, uma pessoa morre a cada 25 minutos na Síria.

Abdul Halim al-Attar com a filha, depois de ficar conhecido devido a um flagra no Twitter

O número de mortos no hospital diverge, com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) apontando ao menos 27 e a MSF, 14. Dentre as vítimas fatais, estariam três crianças e três médicos.

Dezenas de pessoas que estavam em um prédio ao lado do hospital al-Quds também foram atingidas pelo bombardeio. O número de óbitos pode chegar a 40, segundo Bebars Mishal, da Defesa Civil.

Jan Egeland, chefe da ajuda humanitária das Nações Unidas para a Síria, disse ter sido informado sobre “a deterioração catastrófica em Aleppo ao longo das últimas 24 e 48 horas”.

— Ninguém duvida da gravidade da situação — afirmou Egeland, alertando que grande parte da ajuda humanitária ao país está em risco. — Muitos trabalhadores humanitários estão sendo bombardeados, mortos e mutilados no momento em que a ajuda para milhões de pessoas também já está em jogo.

O último ataque é parte de um padrão mais amplo de ataques sistemáticos a hospitais pelas forças do ditador Bashar al-Assad, enquanto a situação humanitária na dividida capital comercial síria se agrava sob intenso combate.

“O recente ataque ao hospital al-Quds, apoiado pelo CICV, é inaceitável e, infelizmente, esta não é a primeira vez que os serviços médicos que salvam vidas foram atingidos”, disse Marianne Gasser, chefe da missão do CICV na Síria. “Exortamos todas as partes a poupar os civis. Não ataque hospitais, não use armas que causam danos generalizados. Caso contrário, Aleppo será empurrado ainda mais para a beira de um desastre humanitário”.

A MSF, por sua vez, condenou o bombardeio em uma série de tuítes, advertindo que o número de mortos poderia aumentar. De acordo com a ONG, o hospital al-Quds era o centro de referência para pediatria e tinha 8 médicos e 28 enfermeiros.

Nem o CICV nem a MSF apontaram culpados pelo ataque, mas as forças aéreas sírias e russas realizaram quase todos os ataques aéreos no Leste da cidade, controlado pela oposição. Uma fonte militar síria negou que aviões de guerra do governo tinham sido utilizados nas áreas onde foram relatados os bombardeios.

O governo sírio considera quaisquer instalações médicas em território controlado pelos rebeldes como alvos militares legítimos, alegando que são ilegais. Hospitais nesses locais estão se recusando a compartilhar as coordenadas com as autoridades russas e sírias devido a repetidos ataques, temendo os hospitais se tornem alvos.

Em 2013, a comissão independente de inquérito da ONU investigando supostos crimes de guerra na Síria disse que os bombardeios contra instalações médicas estavam sendo usados sistematicamente como uma arma de guerra pelo regime de Assad. Ataques de ambos os lados em instalações médicas não diminuíram nos últimos meses.

Em fevereiro, a MSF informou que um total de 94 ataques atingiram instalações apoiadas pela organização em 2015.

Outros ataques foram relatados na cidade nesta quinta-feira. A agência de notícias estatal síria Sana informou que 9 pessoas foram mortas em bombardeios rebeldes em áreas residenciais de Aleppo.

BOMBARDEIOS ATINGEM CIVIS NA SÍRIA

O OSDH, um grupo de monitoramento com sede em Londres, informou que 91 civis foram mortos em ataques aéreos perpetrados pelas forças leais a Bashar al-Assad nos últimos seis dias em Aleppo, e 49 civis foram mortos em bombardeios rebeldes em áreas controladas pelo governo.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/ataque-aereo-destroi-hospital-apoiado-pela-medicos-sem-fronteiras-na-siria-19184035#ixzz47EwE4rgX
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Míssil atinge clínica da ONG Médicos sem Fronteiras

Quatro pessoas morreram em disparo no Iêmen.

SANÁ — Quatro pessoas morreram e dez foram feridas no disparo de um míssil este domingo contra uma clínica da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) no Iêmen, um país devastado pela guerra, segundo um porta-voz da organização.

O míssil alcançou o centro de Razeh Rajeh, na província de Saada, no Norte do país, uma área sob controle de rebeldes xiitas huthis e aliadas ao ex-presidente Ali Abdallah Saleh. Eles estão em guerra contra as forças governamentais apoiadas por uma coalizão árabe capitaneada pela Arábia Saudita. Ainda não há informações se o míssil foi lançado por um avião e se as vítimas são médicos ou pacientes.

Em dezembro, a MSF acusou a coalizão árabe de ter bombardeado uma de suas clínicas em Taez, no Sudoeste do país. O ataque deixou nove feridos, entre eles dois funcionários da ONG. A coalizão árabe se comprometeu a investiga ro acidente.

Estima-se que a guerra tenha afetado 80% da população do país e provocou quase 6 mil mortes nos últimos dez meses. O grupo Estado Islâmico tem forte atuação no Sul do Iêmen.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/missil-atinge-clinica-da-ong-medicos-sem-fronteiras-18444436#ixzz3wty0OPhT

EUA reconhecem erro em ataque a hospital da MSF em Kunduz

Segundo comandante-chefe, bombardeio precisava passar por procedimento rigoroso; secretário de Defesa se diz ‘profundamente arrependido’

WASHINGTON – O comandante-chefe dos Estados Unidos no Afeganistão, John Campbell, disse nesta terça-feira que o bombardeio a um hospital da organização Médicos sem Fronteiras (MSF) em Kunduz no sábado, que matou 22 pessoas, foi um erro. Em depoimento à Comissão das Forças Armadas no Senado, Campbell confirmou que o governo afegão havia pedido ajuda das forças americanas, mas admitiu que o lançamento de bombas deveria ter passado por um procedimento rigoroso, o que não ocorreu.

— Mesmo que os afegãos tenham requisitado apoio, ainda é preciso um rigoroso procedimento americano (antes do início dos ataques) — disse Campbell à comissão. — O hospital foi atingido por engano. Nós nunca teríamos como alvo uma instalação médica protegida.

O general disse que a decisão de realizar o ataque foi tomada dentro de uma cadeia americana de comando. Respondendo a perguntas dos senadores, ele também afirmou que as forças afegãs já reconheceram ter errado outras vezes, mas demonstrou confiança de que o governo vai conseguir recuperar a cidade estratégica de Kunduz das mãos do Talibã.

Campbell disse ainda que o país precisa elaborar um novo plano para o Afeganistão, levando em conta a redução do número de soldados americanos e o aumento da insurgência e da presença da al-Qaeda.

O secretário de Defesa do país, Ash Carter, disse estar “profundamente arrependido” pelas mortes causadas no bombardeio. Segundo o chefe do Pentágono, haverá uma investigação completa.

— Ficamos profundamente arrependidos pela perda de tantas vidas inocentes. As Forças Armadas tomam o maior cuidado para prevenir mortes de civis, e temos que assumir quando cometemos erros. É isso que estamos fazendo.

Um garoto afegão ferido no ataque em Kunduz se recupera – WAKIL KOHSAR / AFP
Funcionários da MSF exigiram uma investigação independente sobre o incidente e chamaram a ação de “crime de guerra”. A presidente da organização, Joanne Liu, disse que o governo afegão informou que o Talibã estavam usando o hospital para atirar contra forças da Otan.

“Esses relatos implicam que forças afegãs e americanas, trabalhando juntas, decidiram derrubar um hospital totalmente funcional, e isso pode ser julgado como um crime de guerra”, disse Joanne em nota.

http://oglobo.globo.com/mundo/eua-reconhecem-erro-em-ataque-hospital-da-msf-em-kunduz-17698824

Afeganistão: profissionais de MSF são mortos e hospital da organização é parcialmente destruído

É com profunda tristeza que a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) confirma, até o momento, a morte de nove de seus profissionais e sete pacientes da unidade de terapia intensiva durante o bombardeio, iniciado às 2h10 deste sábado, 3 de outubro, ao hospital de MSF em Kunduz, no Afeganistão. Segundo as últimas informações, 37 pessoas foram gravemente feridas durante o bombardeio; dessas, 19 são profissionais de MSF. Alguns dos pacientes mais gravemente feridos estão sendo transferidos para estabilização em um hospital em Puli Khumri, que fica a duas horas de carro de Kunduz. Há muitos pacientes e profissionais que permanecem desaparecidos. Os números continuam aumentando na medida em que apuramos as consequências desse bombardeio terrível.

MSF condena fortemente o ato contra seu hospital em Kunduz que estava lotado de profissionais e de pacientes. MSF esclarece que todas as partes em conflito, incluindo em Cabul e em Washington, foram claramente informadas sobre a localização precisa (coordenadas geográficas) das instalações da organização – hospital, dormitório dos profissionais, escritório e uma unidade de estabilização ambulatorial em Chardara (no noroeste de Kunduz). Como MSF faz em todos os contextos de conflitos armados, essas localizações precisas foram comunicadas a todas as partes beligerantes em diversas ocasiões ao longo dos últimos meses, mais recentemente em 29 de setembro.

O bombardeio durou mais de 30 minutos após oficiais militares americanos e afegãos em Cabul e em Washington serem primeiramente informados sobre o ataque. MSF busca urgentemente esclarecer exatamente o que houve e como esse evento terrível pode ter acontecido.

“Estamos profundamente chocados com o ataque, a morte de nossos profissionais e pacientes e as duras consequências que ele infligiu sobre os cuidados de saúde em Kunduz”, diz Bart Janssens, diretor de operações de MSF. “Ainda não temos os dados finais acerca das mortes, mas nossa equipe médica está prestando primeiros-socorros e tratando os pacientes e os profissionais de MSF feridos, além de buscar os desaparecidos. Nós fazemos um apelo a todas as partes em conflito que respeitem a segurança dos profissionais e das instalações de saúde.”
Desde que confrontos eclodiram na segunda-feira, 28 de setembro, MSF tratou 394 feridos. Quando o ataque aéreo aconteceu, tínhamos 105 pacientes e seus acompanhantes no hospital, e mais de 80 profissionais nacionais e internacionais de MSF presentes.

O hospital de MSF em Kunduz é a única instalação do tipo em toda a região nordeste do Afeganistão, oferecendo cuidados de trauma vitais. Os médicos de MSF tratam todas as pessoas de acordo com suas necessidades médicas e não fazem distinção com base em etnia, religião ou filiação política.

MSF começou a atuar no Afeganistão em 1980. Em Kunduz, assim como no restante do país, o pessoal internacional trabalha junto ao nacional para garantir a melhor qualidade de tratamento. MSF apoia o Ministério da Saúde no hospital de Ahmad Sha Baba, no leste de Cabul, na maternidade de Dasht-e-Barchi, no oeste de Cabul, e no hospital de Boost, em Lashkar Gah, na província de Helmand. Em Khost, no leste do país, MSF opera um hospital-maternidade. A organização conta apenas com financiamento privado para a realização de seu trabalho no Afeganistão e não aceita recursos de nenhum governo.

Informações atualizadas em 03/10/2015, às 11h20

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