Líderes europeus comemoram anúncio enquanto políticos americanos demonstram apreensão
RIO — O anúncio do acordo preliminar sobre o programa nuclear iraniano dividiu opiniões ao redor do mundo. Além da festa nas ruas de Teerã e do clima de apreensão por parte do governo israelense, figuras políticas dos países envolvidos nas negociações também expressaram sentimentos conflitantes após o histórico acordo.
“Neste acordo repousa o princípio formulado pelo presidente russo, Vladimir Putin, ou seja, o direito incondicional do Irã de desenvolver um programa nuclear pacífico”, afirmou o Ministério russo das Relações Exteriores, que classificou o acordo como “uma prova clara que, graças aos esforços diplomáticos e políticos, é possível resolver os problemas mais difíceis e as situações de crise”. “Não há dúvida de que o acordo nuclear iraniano terá um impacto positivo sobre a situação geral de segurança no Oriente Médio, incluindo o fato de que o Irã será capaz de participar mais ativamente na resolução de um número de problemas e conflitos na região”, afirma o documento da chancelaria russa.
Outro que comemorou o anúncio do acordo foi o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que acredita que a negociação abrirá caminho para a paz e reforçará a estabilidade no Oriente Médio.
“Uma solução integral, negociada, à questão nuclear iraniana contribuirá para a paz e a estabilidade na região e permitirá que todos os países cooperem para tratar com urgência os sérios desafios de segurança que muitos enfrentam”, disse Ban em um comunicado.
No Reino Unido, o secretário de Relações Exteriores, Philip Hammond, se mostrou otimista quanto aos rumos das negociações sobre o programa nuclear.
— Isso está muito além daquilo que julgávamos ser possível há 18 anos, e é uma grande base para o que pode vir a ser um ótimo acordo. Mas ainda há muito a ser feito — afirmou Hammond. — Continuaremos a ter diferenças com o Irã em diversas questões, mas um acordo amplo será capaz de melhorar a confiança e o diálogo em ambos os lados, e mais importante, evitar uma corrida nuclear na região.
Nos Estados Unidos, congressistas republicanos evitaram celebrações e se mostraram preocupados com o progresso das negociações com Teerã.
“Se um acordo final for alcançado, o povo americano, por meio de seus representantes eleitos, deve ter a oportunidade de garantir que o acordo possa realmente eliminar a ameaça do programa nuclear iraniano e cobrar responsabilidade do regime de Teerã”, afirmou Bob Corker, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, que analisará o projeto de revisão acordo nuclear iraniano no dia 14 de abril.
Já o presidente da Câmara, John Boehner, classificou o acordo preliminar anunciado nesta quinta-feira como “um desvio alarmante” das metas inicias do presidente Obama, e afirmou que o Congresso deverá analisar integralmente o acordo antes que as sanções contra o Irã sejam suspensas.
— Nas próximas semanas, republicanos e democratas no Congresso continuarão a pressionar o governo sobre detalhes e questões complicadas que permanecem sem resposta — afirmou Boehner, que não detalhou as diferenças entre os termos do acordo e os objetivos no início da negociação.
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