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Arábia Saudita condena à decapitação um deficiente por ter participado de protesto pacífico

By Paul Antonopoulos –

Munir al-Adam, de 23 anos, foi condenado à morte por supostos “ataques à polícia” durante os protestos na província oriental predominantemente xiita da Arábia Saudita no final de 2011.

Al-Adam é parcialmente cego e já era parcialmente surdo no momento em que as forças sauditas o prenderam, no entanto, ele está agora completamente surdo em um ouvido por causa da brutalidade policial enquanto estava sob custódia.

A família de Al-Adão diz que sua confissão de qualquer crime foi extraída sob tortura.

“O caso terrível de Munir Adam ilustra como as autoridades sauditas estão muito felizes em submeter as pessoas mais vulneráveis à espada do espadachim – incluindo jovens e pessoas com deficiência”, disse o diretor da equipe de Penalty, Maya Foa, de Reprieve.

“Como tantos outros, Munir foi preso por supostamente participar de protestos e foi torturado em uma ‘confissão’ – ele foi tão espancado que perdeu a audição. É um escândalo que Munir agora enfrente decapitação com base em uma declaração falsa já retratada”, acrescentou.

A Arábia Saudita foi recentemente reeleita para o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.

https://www.almasdarnews.com/article/saudi-arabia-behead-disabled-man-peacefully-protested/

Após Arábia Saudita, Bahrein anuncia ruptura de laços diplomáticos com Irã

Decisão vem após disputas envolvendo a execução de um clérigo xiita e ataque à embaixada saudita em Teerã

DUBAI — Num movimento semelhante ao da Arábia Saudita, o Bahrein anunciou nesta segunda-feira que está cortando os laços diplomáticos com o Irã, elevando ainda mais as tensões na região. A decisão vem após disputas envolvendo a execução de um clérigo xiita na Arábia Saudita — ação fortemente condenada pelo Irã — e um ataque posterior de iranianos à embaixada saudita em Teerã.

Manifestantes iranianos invadiram a embaixada saudita em Teerã nas primeiras horas do domingo depois de a Arábia Saudita executar o clérigo xiita Nimr al-Nimr, defensor de protestos antigoverno. Riad retirou seus representantes da missão diplomática no Irã e ordenou que diplomatas iranianos saíssem do reino em 48 horas.

A Arábia Saudita e o Irã são as principais potências sunitas e xiitas na região e estão em lados opostos nos conflitos na Síria e no Iêmen. Governado por um rei muçulmano sunita e população de maioria xiita, o Bahrein acusou o Irã de “aumentar a flagrante e perigosa interferência” nos assuntos internos do Golfo e dos países árabes. E disse que o ataque à embaixada saudita foi parte de um “padrão muito perigoso de políticas sectárias que devem ser confrontadas… a fim de preservar a segurança e a estabilidade em toda a região”.

Os Emirados Árabes Unidos também reagiram ao impasse anunciando a redução de sua representação diplomática em Teerã e o corte no número de diplomatas iranianos no país.

Há temores de que conflitos sectários possam se espalhar na região. Nesta segunda-feira, duas mesquitas sunitas no Iraque foram bombardeadas e um imã foi morto.

Saudita

Os sunitas são o principal ramo do islã, com mais de 80% do total de muçulmanos no mundo. São maioria em praticamente todos os países islâmicos. Já os xiitas são majoritários no Irã, no Iraque, no Líbano e no Bahrein, e constituem uma minoria representativa no Paquistão, na Turquia, no Iêmen, no Afeganistão, na Arábia Saudita e na Síria

IRÃ: PRETEXTO PARA ACIRRAR TENSÕES

O Ministério das Relações Exteriores iraniano acusou Riad de usar o ataque à sua embaixada como um pretexto para acirrar as tensões.

— O Irã tem agido em conformidade com as suas obrigações (diplomáticas) para controlar a ampla onda de emoção popular que surgiu — disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores Hossein Jaberi Ansari em declarações televisionadas. — A Arábia Saudita tira vantagem em prolongar as tensões… usou esse incidente como pretexto para acirrar as tensões.

Ansari acrescentou que diplomatas iranianos ainda não haviam deixado a Arábia Saudita. No domingo, os manifestantes iranianos incendiaram e quebraram móveis na embaixada saudita antes de serem retirados pela polícia, que deteve 40 pessoas.

A Guarda Revolucionária do Irã prometeu “vingança dura” contra a dinastia real sunita da Arábia Saudita pela execução do Nimr no sábado, considerado um terrorista por Riad, mas saudado no Irã como um campeão dos direitos da minoria xiita marginalizados no país. Nimr, o maior crítico da dinastia entre a minoria xiita, passou a ser visto como um líder de jovens ativistas do grupo, que tinham se cansado da incapacidade dos líderes mais velhos.

Além do Irã — país muçulmano majoritariamente xiita e rival da sunita Arábia Saudita — xiitas também protestaram em Bahrein, Iraque, Paquistão e Reino Unido.

Fora do Oriente Médio, países europeus e os Estados Unidos mostraram-se preocupados. A França, aliada de Riad, convocou os responsáveis a fazer todo o possível para evitar o aumento de conflitos sectários e religiosos. Em Berlim, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores afirmou que “a execução reforça a inquietude atual em relação a uma crescente tensão”.

Em nota, o Departamento de Estado dos EUA pediu que a Arábia Saudita respeite e proteja os direitos humanos, e disse temer “a exacerbação de tensões sectárias em um momento em que elas precisam urgentemente ser reduzidas”, sentimento ecoado pela chefe da política externa da União Europeia, Federica Mogherini. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu “calma e moderação”.

As relações entre Arábia Saudita, um país sunita, e Irã, xiita, passam por constantes altos e baixos desde a revolução iraniana de 1979, que acabou com a monarquia do xá e instaurou a República Islâmica.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/apos-arabia-saudita-bahrein-anuncia-ruptura-de-lacos-diplomaticos-com-ira-18403199#ixzz3wHWoYQap

Como execução de clérigo xiita pode aumentar antigas tensões no Oriente Médio

A execução de um proeminete clérigo xiita pela Arábia Saudita realimentou a antiga rivalidade entre sauditas e iranianos, e pode dar fôlego a tensões entre sunitas e xiitas no Oriente Médio.

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, alertou que a Arábia Saudita enfrentará uma “revanche divina” pela execução de Nimr al-Nimr, e descreveu-o como um “mártir” que agia pacificamente.

Al-Nimr era conhecido por verbalizar o sentimento da minoria xiita na Arábia Saudita, que se sente marginalizada e discriminalizada, e foi crítico persistente da família real saudita.

“Este estudioso reprimido nunca convocou ninguém para movimentos armados ou esteve envolvido em tramas secretas”, disse o aiatolá em mensagem no Twitter. “O único ato do xeique Nimr era a crítica aberta”.

O clérigo e outras 46 pessoas foram executadas no sábado, após serem condenadas por crimes de terrorismo na Arábia Saudita.

Mas o aiatolá Khamenei disse que a morte do xeique foi devido à oposição que ele fazia aos governantes sunitas sauditas.

A execução de Al-Nimr gerou fortes reações oficiais, lideradas pelo Irã, e manifestações foram registradas na Arábia Saudita, no Iraque, no Barein – onde a maioria xiita reclama de marginalização promovida pelos governantes sunitas – e em outros países.

A chancelaria iraniana disse que o reino saudita pagará um alto preço pela ação, e convocou o encarregado de negócios saudita em Teerã como protesto.

Já a Arábia Saudita reclamou ao enviado iraniano no país sobre o que chamou de “interferência flagrante” em seus assuntos internos.

Sunitas x xiitas
A execução expõe as delicadas relações entre sunitas e xiitas. A sunita Arábia Saudita é rival tradicional do Irã por influência na região. Já o Irã é o poder xiita no Oriente Médio, e observa com grande interesse a questão de minorias xiitas em outros países.

A divisão tem origem numa disputa logo após a morte do profeta Maomé sobre quem deveria liderar a comunidade muçulmana.

Sauditas xiitas participam de protesto na cidade de Qatif, no leste do país, contra execução de Al-Nimr  (Foto: STR/AFP )Sauditas xiitas participam de protesto na cidade de Qatif, no leste do país, contra execução de Al-Nimr (Foto: STR/AFP )

A grande maioria dos muçulmanos é sunita – estima-se que entre 85% e 90%. Eles se consideram como a versão ortodoxa e tradicionalista do Islã.

A palavra sunita é derivada de “Ahl al-Sunna”, as pessoas da tradição. A tradição, neste caso, se refere a práticas baseadas em precedentes ou relatos de ações do profeta Maomé e de pessoas próximas a ele.

Sunitas veneram todos os profetas do Corão mas, particularmente, Maomé, como o profeta final. Todos os líderes muçulmanos que vieram depois são vistos como líderes temporais.

Já xiitas, na história islâmica, eram uma facção política – literalmente “Shiat Ali”, ou o partido de Ali. Xiitas acreditam no direito de Ali, genro de Maomé, e seus descendentes de liderar a comunidade islâmica.

Ali foi morto como resultado de intrigas, violência e guerras civis que marcaram seu califado. Seus filhos, Hassan e Hussein, tiveram negados o que acreditavam ser o direito legítimo de acessão ao califado.

Ambos teriam sido mortos, o que deu aos xiitas o conceito de mártir e os rituais de autoflagelação.

Estima-se que haja entre 120 e 170 milhões de xiitas. Eles são maioria no Irã, Iraque, Barein, Azerbaijão e, segundo algumas estimativas, no Iêmen.

Há grandes comunidades xiitas no Afeganistão, Índia, Kuweit, Líbano, Paquistão, Catar, Síria, Turquia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

Tensões sectárias
Conflitos recentes como no Líbano, na Síria, no Iraque e no Paquistão, enfatizaram a divisão sectária, dividindo comunidades.

Em países governados por sunitas, xiitas tendem a integrar os setores mais pobres da sociedade. Eles reclamam de serem vítimas de discriminalização e opressão, e algumas doutrinas extremistas sunitas defendem o ódio contra xiitas.

A revolução iraniana de 1979 lançou uma agenda xiita radical que foi vista como um desafio por regimes conservadores sunitas, especialmente no Golfo Pérsico.

A política de Teerã de apoiar milícias xiitas e grupos além de suas fronteiras foi replicada pelos países do Golfo, que fortaleceram suas relações com governos e movimentos sunitas no exterior.

Durante a guerra civil no Líbano, xiitas ganharam uma forte voz política devido às atividades militares do grupo Hezbollah.

No Paquistão e no Afeganistão, grupos militantes extremistas sunitas, como o Talebã, têm atacado com frequência locais sagrados xiitas.

Os atuais conflitos no Iraque e na Síria também ganharam traços sectários. Homens jovens sunitas em ambos os países têm se juntado a grupos rebeldes, muitos dos quais replicam a ideologia extremista da Al-Qaeda.

Enquanto isso, jovens xiitas têm lutado para ou ao lado de forças do governo.

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/01/como-execucao-de-clerigo-xiita-pode-aumentar-antigas-tensoes-no-oriente-medio.html

Arábia Saudita executa líder xiita acusado de terrorismo

47 envolvidos em ataques da Al Qaeda foram mortos.
Dentre mortos está líder xiita Nimr al-Nimrits; Irã fez alerta contra execução.

A Arábia Saudita executou neste sábado (2) 47 pessoas condenadas por “terrorismo”, incluindo jihadistas sunitas da Al-Qaeda e o clérigo xiita Nimr Baqir al-Nimr, uma importante figura do movimento de contestação contra o regime, anunciou o ministério do Interior.

O Irã, potência xiita cujas relações com a Arábia Saudita são tensas, imediatamente reagiu às execuções, prometendo que Riad pagará “um preço alto” pela morte do xeque Nimr al-Nimr, segundo a France Presse.

“O governo saudita apoia movimentos terroristas e extremistas, e ao mesmo tempo utiliza a linguagem da repressão e a pena de morte contra seus opositores internos (…) pagará um preço alto por essas políticas”, declarou o porta-voz do ministério iraniano das Relações Exteriores, Jaber Ansari.

O país também convocou um diplomata saudita para protestar contra a morte do clérigo, de acordo com a Reuters.

O grupo xiita libanês Hezbollah condenou a execução em declarações citadas pela TV oficial do Hezbollah al-Manar e pela Al Mayadeen TV. A “verdadeira razão” para a execução foi “que o xeique Nimr exigiu os direitos dissipados de um povo oprimido”, disse o grupo em um comunicado, aparentemente se referindo à minoria xiita da Arábia Saudita, de acordo com a Reuters.

O sobrinho do xeque, Ali al-Nimr, menor de idade no momento da sua detenção, não está entre os executados, que geralmente são decapitados com sabre.

Os condenados – 45 sauditas, um egípcio, um chadiano – foram executados em doze cidades do reino, indicou o ministério do Interior em um comunicado oficial.

Eles haviam sido condenados, segundo as autoridades, por diferentes casos, incluindo por ter aderido a ideologia radical “takfiri” (termo geralmente utilizado para se referir a grupos radicais sunitas), por juntar-se a “organizações terroristas” ou ter participado de “conspiração criminosa”.

O xeque Nimr al-Nimr, de 56 anos, crítico ferrenho da dinastia sunita Al-Saud, foi um dos líderes de um movimento de contestação que eclodiu em 2011 no leste da Arábia Saudita, cuja população é majoritariamente xiita.

Esta comunidade, que está concentrada na Província Oriental, queixa-se de ser marginalizada neste país predominantemente sunita.

A execução do xeque poderia provocar fortes reações nesta região, segundo especialistas.

Para o irmão do líder religioso, Mohammed al-Nimr, “esta ação provocará a cólera dos jovens” xiitas na Arábia Saudita. “Espero que aja um movimento de contestação pacífico”, acrescentou.

Por sua vez, o ramo estudantil da milícia Bassidji, ligada aos Guardiães da Revolução, a unidade de elite das forças armadas iranianas, convocou uma manifestação no domingo em frente à embaixada saudita em Teerã.

O xeque Nimr tinha sido condenado à morte em outubro de 2014 por “motim”, “desobediência ao soberano” e “porte de armas” por um tribunal de Riad especializado em casos de terrorismo.

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/01/arabia-saudita-executa-47-pessoas-acusadas-de-terrorismo.html

Apelo às armas multiplica-se no Iêmen

“O presidente Hadi acusa o Irã de apoiar os rebeldes huthis.”

No Iémen, multiplicam-se os apelos às armas no dia a seguir aos atentados contra duas mesquitas, que mataram mais de 140 pessoas na capital, Sanaa, controlada pelos huthis, uma milícia xiita.

Os guerrilheiros apelaram, este sábado, a uma “mobilização geral” contra o que classificam de “guerra suja” da parte do presidente. Poucos minutos antes tinha sido o chefe de Estado, a dizer que irá “hastear a bandeira do Iêmen no Monte Marran, em Saadeh”, o reduto dos huthis, no Norte do país. Foi a primeira aparição televisiva de Abd Rabbo Mansur Hadi desde que se refugiou em Aden, no Sul do Iêmen, depois dos huthis terem tomado o controlo da capital.

O presidente Hadi acusa o Irã de apoiar os rebeldes huthis.

O caos tem sido aproveitado pela Al-Qaeda da Península Arábica para lançar mais ataques.

A instabilidade é tanta que os Estados Unidos retiraram os últimos 100 militares das Forças Especiais -estacionados numa base no Sul do país – que têm ajudado as autoridades do Iêmen a combater a Al-Qaeda.